segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Smallville: 2ª Temporada



O elenco principal do seriado durante o segundo ano

Imagem: http://www.supermanhomepage.com/images/smallville/season2-fullcast.jpg


Prosseguindo com as aventuras do jovem Superman antes de ser super, a segunda temporada de Smallville é bem superior a temporada original quando os “esquisitos” – personagens que adquiriam algum tipo de poder devido a exposição da kriptonita – tornam-se cada vez mais raros e a série se aprofunda ainda mais na mitologia do personagem contanto a origem alienígena de Clark Kent (Tom Welling), o que soluciona questões levantadas na temporada anterior e levanta outras que renderão “pano para manga” em temporadas futuras.

Neste novo ano, Clark desenvolve seu “poder Bombril”, ou seja, a visão de calor que possui 1001 utilidades. Chloe Sullivan (Alisson Mack) e Lionel Luthor (John Glover), os melhores personagens da série, ganham mais espaço e ambos acabarão selando uma estranha aliança que pode gerar terríveis problemas para Clark no futuro. Os pais do jovem homem de aço, Jonathan (John Schneider) e Marta Kent (Anette O’ Toole), são extremamente carinhosos e atenciosos com seu filho adotivo nos fazendo entender porque esse alienígena é muito mais humano que muito ser humano por aí.

Para contar a origem de Kal-el, a nave que o trouxe a Terra torna-se um personagem da série. A confusão toda já começa no início da temporada quando o furacão que surpreende Smallville ao fim do primeiro ano joga a nave de Clark no meio de um milharal que será descoberta por Pete Ross (Sam Jones III), o melhor amigo de Clark, que forçará nosso camarada de outro planeta a revelar seu segredo ao amigo para evitar encrenca a seus pais e a ele mesmo.

Diferente da temporada anterior que mostrava um Clark todo certinho, esta temporada põe tudo em xeque quando inclui na história outro elemento da mitologia do super, a kriptonita vermelha que, como uma droga, o afeta psicologicamente e torna um rapaz rebelde. O problema é que este adolescente rebelde pode se mover na velocidade do som, levantar um trator com as mãos e enxergar através das paredes.

A descoberta das origens de Clark caminham a passos lentos. Os momentos mais importantes são quando ele descobre as cavernas Kawatche, cujas pinturas nas paredes não são semelhantes a nada conhecido....neste planeta. As cavernas deixam Lex (Michael Rosenbaum) obcecado com o conhecimento que pode adquirir se descobrir como ler os estranhos símbolos das paredes. O interesse do futuro arquiinimigo do Superman sobre as cavernas Kawatche o instigam a contratar os serviços de um simbologista, o Dr. “o dia está chegando” Walden, que não apenas descobrirá como ler os estranhos símbolos das cavernas como adquirirá o estranho poder de emanar energia pelas mãos e tentará matar Clark Kent antes de ele dominar o mundo(!?).



Clark e Chloe: apenas amizade?

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Clark, finalmente descobre que é um habitante do extinto planeta Krypton no mítico episódio "Respostas" que conta com a participação super especial de Christopher Reeve, o Superman do cinema. Em Smallville, Reeve faz o papel do Dr. Virgil Swann, um bilionário que passa a vida tentando encontrar vida alienígena e descobriu um código matemático que lhe permite ler os símbolos kriptonianos. O capítulo tem metaforicamente o ato de uma passagem da tocha entre gerações.

Enfim, Kal-el descobre seu verdadeiro nome, seu planeta de origem, mas também toma o conhecimento de que está sozinho no universo e que possa ter sido mandado para a Terra com o objetivo de conquistar e dominar o nosso planeta.

Clark finalmente se entende com seu grande amor Lana Lang (Kristin Kreuk) e o casal chega ao mais próximo do que poderiam chamar de namoro. Mas a vida de alguém destinado a algo tão grandioso é muito complicado. E quando seu passado, na forma da nave espacial que o trouxe a Terra, fala com a voz de seu pai biológico Jor-el dizendo que é chegada a hora de percorrer seu caminho, Clark luta contra isso destruindo a nave. Porém, este ato provoca a perda do bebê que sua mãe estava esperando e o sentimento de culpa o consome de tal forma que o jovem super, numa atitude totalmente inversa ao fim da temporada anterior, coloca um anel de kriptonita vermelha no dedo e foge de seus problemas.

Esta temporada também é marcada por uma evolução dos efeitos visuais tão importantes a série. O auge destes efeitos acontece em Acelerado, episódio que mostra uma cena em que vemos o mundo pelos olhos de Clark e nos movemos sob uma chuva em supervelocidade vendo os pingos caindo em câmera lenta quando o jovem homem de aço percorre uma menina que pode ser um fantasma.

Os extras dos DVDs desta temporada também são bem superiores aos do Box da temporada original. Além de cenas cortadas, há erros de gravação e dois documentários bem interessantes: Chistopher Reeve – O Homem de Aço e Mais rápido que uma bala – Os efeitos visuais de Smallville.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Liga da Justiça X Vingadores



Cena emblemática: Superman portando o martelo do Thor e o escudo do Capitão América

Imagem: http://www.bronxbanterblog.com/wordpress/wp-content/uploads/2010/09/jlaavengers4.jpg


A Editora Panini Comics lançou um crossover entre as maiores equipes de super-heróis das maiores editoras de quadrinhos norte-americanas. A Liga da Justiça, da DC, encontrou os Vingadores, da Marvel, numa reunião esperada há mais de 20 anos.

A idéia foi pensada no início da década de 80 quando vários encontros entre símbolos dos dois universos estavam acontecendo. Abrindo a fileira encontra-se o conhecido encontro entre Superman e Homem-Aranha. Mas, desentendimentos entre as editoras pôs em xeque este encontro que já estava sendo produzido. Diz a lenda que 20 páginas já haviam sido produzidas e foram descartadas.

O acontecimento foi tão sério que a Marvel encontrou uma saída ridícula. Criou o Esquadrão Supremo, uma Liga light, com integrantes que eram nada mais que versões do Super, Batman, Lanterna Verde e outros. Só que os encontros entre as duas equipes resumia-se sempre os Vingadores massacrando o pobre Esquadrão. Lógico. Aliás, este Esqudrão Supremo teve uma releitura muito interessante na série Poder Supremo, publicada pela Panini na revista Marvel Max.

Enfim, após anos de negociações e muitos outros encontros foi anunciada a tão esperada publicação. Uma mini-série em 4 edições traria os maiores heróis de dois mundos para uma aventura cósmica com direito a tudo que um fã gostaria de ver. Grandes confrontos: Thor contra Superman. Batman contra Capitão América. E uma união entre ambas as equipes mais do que esperada. O resultado de tudo isso foi uma vendagem recorde nos EUA de mais de 200 mil exemplares. Isso num mercado de quadrinhos combalido que vinha sofrendo quedas em suas vendas nos anos anteriores.



Capa da primeira edição

Imagem: http://www.rebelscum.com/comics/JLA-Avengers1.jpg


Para representar um desafio digno de fazer frente ao poder representado pelas duas equipes, o universo é colocado em perigo. Na verdade, dois universos. O da Liga e o dos Vingadores. Um ser cósmico quer saber a grande verdade por trás da criação do universo, mesmo que mundos venham a perecer para ele atingir seu objetivo. Para evitar a derrocada do Universo Marvel, o Grão-Mestre, um dos seres mais poderosos desta realidade, promove um jogo para retardar o avanço da criatura. Assim, a Liga e os Vingadores são lançados numa grande busca pelos 12 artefatos mais poderosos das duas realidades. O vencedor garantirá a sobrevivência de seu universo.

Com as falhas entre as realidades, heróis e vilões de um universo são lançados ao outro e somos brindados com momentos inesquecíveis. Uma incrível passagem foi quando o Flash chega ao Universo Marvel e tenta salvar um mutante que está prestes a ser linchado pela população. Porém, ele perde os poderes neste mundo, pois ali não há força de aceleração (a fonte de sua supervelocidade). E ele que é atacado.

E as diferenças ideológicas entre as equipes é muito bem trabalhada. O Capitão América acha que a Liga carrega seu mundo nas costas e por isso são adorados. Considera o Universo DC um estado totalitário e chega a chamar o Superman e cia de nazistas(!). Já o Superman acha que os Vingadores são heróis medíocres que não lutam o necessário e por isso existem mutantes sendo caçados. A raiva da população contra os heróis mascarados seria a prova de que eles não se esforçam o bastante. Ele ofende os Vingadores dizendo que estes não têm o direito de trazer a insanidade do mundo deles para o Universo DC.

O trabalho de pesquisa do escritor Kurt Busiek e do artista George Pérez é surpreendente e fica clara a todo o momento nas quatro edições da mini-série. Busiek busca referências lá de trás para fã ardoroso nenhum botar defeito. Há frases e situações que só leitores antigos captarão. A arte de Pérez é deslumbrante e não dá pra pensar em outro cara em seu lugar. Seus desenhos detalhistas não deixam escapar nada e suas capas duplas são feitas para se pendurar na parede.

Acho que o grande defeito de uma narrativa que representa tanto e traz uma pujante grandiosidade é sua falta de repercussão. Por tratar-se de uma história isolada, sabemos que ninguém irá morrer ou que os eventos cósmicos mostrados na saga não refletirão em nada na revista mensal do Aquaman ou do Homem de Ferro. Batman continuará caçando o Coringa por Gothan como faz há anos e o Capitão América continuará líder dos Vingadores como desde sempre foi.

Fora este “detalhe”, é um entretenimento pra saborear e reler mais de uma vez. Uma para prestar atenção ao roteiro e seus meandros, outra para curtir os incríveis desenhos e a diagramação amalucada de Pérez e não deixar escapar detalhe algum. É aquele tipo de revista que todo fã de HQ’s gostaria de ler.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Fernão Capelo Gaivota


Capa do DVD do fillme

Imagem: http://dvdsfilmes.files.wordpress.com/2009/09/fernao-capelo-gaivota.jpg


“A vida vista pelos olhos de uma gaivota”. Esta foi a primeira definição que escutei sobre o filme Fernão Capelo Gaivota, uma película que desconhecia totalmente e minha mãe estava em busca para assistir. Depois de conferir a produção posso dizer que é muito mais do que isso.

Fernão Capelo Gaivota é uma gaivota que possui como meta a perfeição. Sua determinação em atingir seu intento final o leva a procurar a superação constantemente. Assim, a pequena ave deseja sempre voar mais alto e mais rápido. Até durante a noite. Mesmo não tendo olhos de coruja ou asas de falcão. Esses seus “vôos irresponsáveis” provocam sua expulsão do bando do qual faz parte que não vê com bons olhos suas atitudes. Então, como um exilado, Fernão parte numa jornada em busca de conhecimento para aprender mais sobre si e o mundo a sua volta. Ele deseja também ensinar aos outros o que aprendeu, mas podemos ensinar algo a quem não quer aprender?

O filme possui sim um apelo religioso quando utiliza-se de simbologias. Enquanto Fernão está sempre voando mais alto, perto do sol, do paraíso e de Deus(?), seu bando está brigando por comida em meio ao lixo que, para nós, lembra um inferno. Também parece um título de auto-ajuda em determinados momentos. É daqueles filmes com frases sábias sobre a vida que nos fazem nos sentir melhor.

Mas, para mim, seu maior mérito, é falar do ser humano sem a presença de nenhum homem ou mulher durante os 99 minutos de projeção. A direção e produção é de Hall Bartlett que registra momentos incríveis de gaivotas em diversas situações. Então, temos os dubladores que “interpretam” as aves numa fábula instigante. Una este trabalho de paciência de captação de imagens com uma impecável fotografia, de Mac Gilvrany-Freeman, e uma bela trilha sonora, de Neil Diamond.



Esta imagem não é do filme, mas ilustra bem o espírito do “mundo das gaivotas”

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F. C. Gaivota aborda, por meio de uma metáfora bem construída, a mesquinhez humana como poucos filmes. Mostra como somos pobres quando buscamos objetivos desprovidos de verdadeiro valor e como possuímos medo de mudanças. Como achamos conveniente ficar na mesmice, no igual, por medo de perder o controle e, desta forma, nunca progredir, nunca voar mais alto.

O protagonista, mais do que uma gaivota ou a representação de um homem, é um estado de espírito ou um exemplo a se seguir. Isso fica claro já quando o filme se inicia com os dizeres “Ao verdadeiro F. C. Gaivota que vive em todos nós”.

As canções possuem letras muito bonitas e eu destaco a música tema do próprio Fernão que toca quando ele aparece dando seus rasantes pela primeira vez:

"Perdido num céu colorido/ onde as nuvens inspiram os olhos do poeta/ você poderá encontrá-lo/ se quiser encontrá-lo. Longe/ numa praia distante/ nas asas do sonho/ através de uma porta aberta/ você poderá encontrá-lo. Será como uma palavra/ que espera uma folha branca e fala de um tema eterno/ e em Deus encontrará a felicidade./ Cante/ a canção que procura uma voz interior/ e o sol lhe mostrará o caminho. "

Acho que isso ilustra um pouco o espírito da produção.

É difícil falar sobre um filme assim. A proposta é divulgar um título muito bacana para conferir e tirar suas próprias conclusões. O filme é de 1973 e baseado no livro de Richard Bach, também co-roteirista do filme. O que posso dizer é que fazia muito tempo que não assistia a um filme tão emocionante e me tocasse tão profundamente.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Alias



A última aventura de Jessica Jones joga luz sobre seu passado obscuro

Imagem: http://www.comix.com.br/images/Panini_MarvelMAX_Esp_01.jpg


Desde que surgiu nas páginas da revista Marvel Max, a série Alias, de Brian Michael Bendis, narrou as aventuras (e desventuras) de Jessica Jones a frente de sua pequena agência particular, a Codinome Investigações. Embora a protagonista desvendasse muitos casos, o leitor nunca descobria grandes informações sobre o passado da personagem. Até agora! Acontece que a editora Panini Comics reuniu o último arco de histórias da badalada série em uma edição especial de Marvel Max dedicada a Alias.

Desde a primeira trama, os leitores estavam cientes de que antes de tornar-se uma detetive particular, Jessica fora uma super-heroína conhecida como Safira. Com direito a colante e tudo. Mas, misteriosamente, ela largou essa vida e odeia esse papo de voar e combater o crime. Bendis, por meio das investigações de Jessica, nos revelou um mundo de super-heróis bem menos glamuroso com direito a mocinhos e mocinhas que pulavam a cerca, se drogavam, roubavam e alimentavam inusitadas fantasias sexuais.

No centro de tudo isso, tínhamos uma mulher com baixíssima auto-estima, destrutiva e deprimida, porém extremamente carismática que divertia com suas filosofias sobre si mesma, a vida alheia e as enrascadas em que se metia. Apesar da diversão, nunca ficou claro o que levou Jessica aquele ponto. Que fato teria forjado tal personalidade?

Em um novo caso, um grupo de pessoas contrata Jessica para encontrar um bandido de quinta categoria que está desaparecido há anos. Nada que a detetive não tenha feito antes. O problema é que o bandido teve um papel marcante no passado de Jessica e ao aceitar esse serviço, ela reviverá experiências que preferiria esquecer.



As capas da série sempre contam com um traço mais alternativo

Imagem: http://www.ambrosia.com.br/drops/files/2010/10/alias.jpg

A intenção não é estragar a surpresa de ninguém, por isso, sem mais narrativas. Basta dizer que o encerramento da série é coeso como todo o seu desenrolar. Brian Michael Bendis reafirma seu valor (como sempre o fez a cada edição da série) diversas vezes ao longo da trama, mas, em especial, no momento em que apresenta o grande antagonista de Jessica Jones. O roteirista simplesmente pega um personagem de quinta categoria e em poucos quadros lhe dá o status de primeiro escalão valendo-se de diálogos inspiradíssimos.

A arte de Michael Gaydos continua eficaz como sempre: mostra a vida como ela é. E serve de contraponto perfeito para a arte de Mark Bagley (responsável pelas cenas que mostram, em flashback, o passado heróico de Jessica) que possui uma arte mais “bonita”, limpa e transmite a idéia de um mundo mais perfeito e certinho.

Jessica Jones é aquele tipo de personagem que embora possua super-poderes, não precisa usá-los para nos conquistar. Ela fará falta.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Fúrias de Titãs



Pôster do filme

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnFAr6-MyFphn2csb0sQWJuYzBKxgjb7oLic6M9Fk3E8PbhHd-rd-oa-vXyGDoVW6HRtZDXlVZST28J18yvKLZ7W8jd5PEZ0JNxczmL5pbmlyeFI12Thiqgbr5Rg08Hr2DyEFkCr1B4-U/s1600/Clash+of+the+Titans+(1981).jpg

Perseu (Harry Hamlin), o filho mortal de Zeus (Laurence Olivier), precisa salvar sua amada princesa Andrômeda (Judi Bowker) do monstro marinho Kraken. Para tanto, o herói embarca em busca por uma arma tão letal quanto difícil de adquirir: a cabeça da Medusa. Diretamente da mitologia grega para os cinemas, Fúria de Titãs é um clássico da sétima arte não apenas por seus personagens arrebatadores ou sua fidelidade à magnitude da obra que a inspira, mas também pelas incríveis animações em stop motion do mestre Ray Harryhausen presentes na película.

A mitologia grega é muito rica por sua diversidade de tramas e personagens. Como todo mito, tinha a função de explicar de maneira fantasiosa uma realidade para a qual não se obteve uma justificativa racional, ou seja, um componente fundamental para o ser humano compreender a realidade.

Um dos maiores charmes da mitologia da Grécia é a presença corriqueira dos Deuses do Monte Olimpo em suas histórias. Basicamente, a única diferença entre um humano e deus grego é o fato deste último ser imortal. Tanto um humano quanto um deus grego é uma pessoa carregada de virtudes e defeitos. O problema é que os erros cometidos pelos deuses possuem conseqüências numa escala muito maior que a dos humanos.

Desta forma, existe um Zeus que é tudo menos fiel a sua esposa Hera. Tanto que vários heróis mitológicos são semi-deuses, ou seja, filhos mortais de Zeus com alguma mulher por quem ele caiu em tentação. Perseu era um destes filhos. E como, em parte, herdeiro de um sangue divino, está destinado a feitos grandiosos.

Perseu é o herói clássico. Possui grandes obstáculos a sua frente para vencer. Em alguns momentos, duvida que tenha habilidades para ultrapassá-los, mas segue sempre em frente sem desistir jamais. Essa personalidade está presente em várias passagens do filme, seja em momentos singelos e belíssimos como a cena em que ele doma o último dos cavalos alados, Pégaso, ou quando enfrenta seus maiores desafios representados pela Medusa e pelo Kraken.



Perseu contra o Kraken

Imagem: http://www.filmofilia.com/wp-content/uploads/2009/04/clash-of-the-titans.jpg

Em um filme repleto de seres fantásticos, a animação em stop motion caiu como uma luva para dar vida a cães de duas cabeças ou a escorpiões gigantes. A animação em stop motion ou quadro-a-quadro, como também é conhecida, consiste em fotografar um modelo articulado em seqüência, enquanto um animador modifica a posição do modelo entre uma foto e outra. Exibidas uma após a outra, as fotos criam a ilusão de movimento. Detalhe: no cinema, cada segundo é composto de 24 frames, ou seja, eram necessárias 24 fotos para compor um segundo de filme.

Essa técnica é considerada o primeiro efeito especial do cinema e foi utilizada pela primeira vez por Willis O´Brien em O Mundo Perdido, de 1925. Porém, é Ray Harryhausen, um fã de O´Brien, que é conhecido como o mestre do stop motion por elevar a técnica ao status de arte. Harryhausen também é responsável por ser o primeiro a empregar a técnica juntamente a atores reais em cena, efeito conhecido como Dynamation.

O trabalho de Harryhausen pode ser conferido também em As novas aventuras de Simbad, de 1973, e Simbad e o olho do tigre, de 1977. Fúria de Titãs, seu mais recente filme, foi lançado nos cinemas no distante ano de 1981. Entretanto, a pouco tempo, o animador anunciou que pretende produzir outro filme com o personagem Simbad. Não há datas de lançamentos, pois não existem nem um roteiro definido.

Em uma entrevista para os extras do DVD de Fúria de Titãs, o mestre Harryhausen dá um recado para aqueles que não gostam de filmes de fantasia: “A maioria das pessoas acha que é infantilidade ter imaginação. Eu discordo. Acho que devemos viver imaginando o melhor”.

A fantasia não funciona somente como escape da realidade, mas também como uma maneira de compreendê-la. Lembre-se: alguns acontecimentos do mundo real tendem a serem mais absurdos do que os seres da ficção.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Smallville: 1ª Temporada




Smallville narra as aventuras do Superman antes de ser super

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbhLSDwOEp4n5JKY7O6ranG262XRra0Aw5AGzMWY1LDTplL3oMtwfCl1pGNOyf7HEI-lijrJGyq_FfsHiUnVKex2UdZR2lbaQocTcBtDkTRuySyhqhnPXcXW-lKzZbRe3PLbHHJOauvL0I/s1600/smallville1.jpg


“Um homem perfeito que veio do céu e só fez o bem” é uma definição do escritor britânico Alan Moore para um dos maiores ícones da cultura pop: o Superman. Embora curta, a frase carrega diversos elementos da mitologia do personagem. O homem de aço é o último sobrevivente de uma raça alienígena muito mais avançada que a nossa e dono de incríveis habilidades devido à exposição ao nosso Sol amarelo. Ele caminha entre nós como o tímida e atrapalhado repórter Clark Kent, possui um romance com a jornalista Lois Lane e, em sua cruzada para proteger seu mundo adotivo de um fim trágico como o de seu planeta natal, enfrenta adversários como o ambicioso Lex Luthor.

Mas houve um tempo em que Clark nem fazia idéia da lenda que um dia se tornaria e passava os dias como um adolescente tentando levar uma vida normal e convivendo com mudanças bem mais complexas do que a puberdade como uma força e velocidade sobre humanas. Esse período é resgatado na série de TV Smallville.

A série começa quando Clark descobre que é um alienígena que chegou a Terra em uma nave espacial durante uma estranha chuva de meteoros que caiu sobre a pacata cidade de Smallville há 12 anos. Ele foi encontrado e criado pelos Kent, um casal que não pode ter filhos. Rígidos, porém amáveis, Jonathan e Marta criaram um filho bom, humilde e responsável no cuidado ao usar seus poderes.

Mas Clark não pensa em lutar pela verdade ou justiça. Ele esconde seu segredo para não ser visto como aberração, possui uma forte amizade com o rico Lex Luthor, que busca sair da sombra de seu distante pai Lionel, e nutre uma grande paixão por Lana Lang, uma garota que perdeu os pais durante a trágica chuva de meteoros.

O jovem Kent descobre, no entanto, que a chuva de meteoros que encobriu sua chegada ao nosso planeta trouxe conseqüência para Smallville, mesmo que elas não sejam facilmente perceptíveis. A pior delas sem dúvida são os “esquisitos”, pessoas que adquiriram algum tipo de poder devido a exposição às pedras verdes dos meteoros que, Clark descobriria mais tarde, são sua principal fraqueza.




Clark e Lex: uma amizade conturbada

Imagem: http://comicattack.net/wp-content/uploads/2010/10/Smallville-101-1.jpg


Esses “esquisitos” são a grande interrogação da série. Enquanto alguns rendem bons roteiros, outros produzem histórias ridículas. São os casos da garota que ao preparar um shake com plantas adubadas com pedras de meteoro consegue emagrecer, porém torna-se uma sugadora de gordura; ou dos vendedores medíocres que, após serem expostos a chuva de meteoros, adquirem o conveniente poder de persuadir qualquer pessoa a fazer o que quiserem com um inocente aperto de mãos.

A série poderia se reduzir a pergunta: “qual o monstro desta semana?” Obviamente, um excelente pretexto para gerar desafios a altura dos poderes de Clark, estes “esquisitos” não são o alicerce da série. Alguns dos melhores episódios são justamente aqueles em que não há personagens deste naipe. Um dos mais interessantes, sem dúvida, é o “Mau caráter”, quando um policial corrupto descobre as habilidades de Clark e resolve utilizá-las em proveito próprio, caso contrário contaria ao mundo seu segredo.

Essa primeira temporada apresenta o contraponto entre as diferentes relações entre pai e filho representadas pela amável de Jonathan e Clark e da fria entre Lionel e Lex; aborda o quarteto amoroso entre Whitney (namorado de Lana), Lana, Clark e Chlo Sullivan (editora do “A Tocha”, o jornal da escola) e pincela questões que provavelmente serão retomadas em temporadas futuras como o mistério em torno da adoção de Clark pelos Kent, a verdade sobre a herança alienígena do jovem Kent, os segredos da adolescência rebelde de Lex, entre outros assuntos.

Com exceção dos episódios que não fazem a história principal andar, esta primeira temporada é bem objetiva em seu propósito: oferecer ao público uma série de aventura e ficção com muito romance que promete diversão e grandes emoções. Como não poderia deixar de ser, o último episódio deixa diversas dúvidas no ar quando um jornalista contratado por Lex investiga os Kent e descobre os poderes de Clark; uma briga entre Lex e Lionel que pode acabar em morte e, na mais heróica cena de toda a temporada, quando um furacão surge repentinamente em Smallville, Clark corre em direção ao gigantesco tubo de vento para salvar a vida de sua amada Lana.

É difícil explicar o sucesso da série. Logicamente, o fato de a série se apoiar na mitologia do Super conta pontos, mas não trata-se apenas disso. Conhecemos o fim da história, portanto o que interessa aqui é o seu desenrolar. Talvez, o grande segredo de Smallville seja seu alicerce: seus personagens reais. A série conta a saga de dois jovens talentosos de nossos tempos. Dois amigos que se tornarão inimigos terríveis. O que levou ambos a trilharem caminhos tão diferentes para alcançarem destinos tão distintos? Para saber, só ficando ligado em Smallville. A diversão da série é revelar o homem por trás do mito.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O Clã das Adagas Voadoras



Um dos cartazes da produção

Imagem: http://www.programatrocandoemmiudos.com.br/arquivosimagem/000095.JPG


Eu adorei Herói. Por isso, quando escrevi sobre o filme para o RR, uma das dicas do “Direto ao ponto” dada aos leitores era se atentarem para o longa-metragem seguinte do diretor Zhang Yimou: O Clã das Adagas Voadoras. Eu ousei um pouco e até disse que a obra tinha qualidades para desbancar Herói. Em uma das participações mais interessantes que já aconteceram por aqui, um leitor manifestou-se indignado, afirmando que O Clã era bom e possuía um final interessante, porém Herói era uma obra-prima irretocável.

Após assistir a ambos os filmes tenho apenas uma coisa a declarar: jamais deveria ter feito tal comparação.

Não há termo de comparação entre um filme e outro, pois tratam-se de obras que buscam objetivos bem distintos. Enquanto uma é mais épica, a outra é mais intimista. A semelhança está na direção firme de Zhang Yimou que focaliza metas bem ambiciosas. Algumas destas metas são atingidas e outras até ultrapassadas.

O Clã das Adagas Voadoras leva o espectador até o ano de 859, quando a dinastia vigente na China, antes próspera, entra em decadência, sem poder para conter as diversas insurreições contra o governo. O Clã das Adagas Voadoras é o nome do grupo de rebeldes mais conhecido, ativo e temido do momento histórico em que a história se desenrola.



A fotografia é impressionante

Imagem: http://www.alexmaron.com.br/radarpop/fotos/heroi01.jpg


Dois policiais da guarda oficial formulam um plano para capturar o novo líder do clã: seduzir a cega rebelde Mei (Zhang Ziyi) para que ela os leve involuntariamente até o covil do famoso grupo. Só que eles não contavam que poderiam se apaixonar por ela.

A trama explora as conseqüências da mescla de sentimentos e ideologias fortes. Até onde uma pessoa pode ir quando ama? O que essa pessoa faz quando seu sentimento não é correspondido? Ela seria capaz de matar seu amante em prol da causa pela qual luta? Estas são algumas das situações em que os personagens são postos.

Assim como Herói, Yimou parece buscar um equilíbrio constante entre arte e ação. Não bastasse uma trama com personagens e atuações poderosíssimas, reviravoltas mirabolantes e um final a altura, a fotografia é deslumbrante e a música pontua e fortifica os momentos mais sensíveis do filme. Detalhe especial para os efeitos sonoros que ganham tensão durante as cenas de ação para nos transmitir a sensação do que a cega Mei vive durante uma luta.

As adagas demoram para aparecer durante o filme, mas quando alçam vôo, sai de baixo! As tomadas que seguem as adagas no ar e o uso que os artistas marciais fazem delas é um espetáculo à parte.

Particularmente, ainda prefiro Herói e sua narrativa entrecortada, porém não seria justo afirmar que uma obra é melhor que a outra. Se tivesse de optar por uma ou outra, não faria escolha alguma, ficaria com ambas.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Relação Leitor x Livro



A relação leitor x livro é mágica

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Outro dia, eu estava indo trabalhar e me deparei com uma cena interessante: em uma manhã chuvosa, uma moça lia totalmente compenetrada um livro debaixo de um ponto de ônibus enquanto aguardava sua condução. Além da chuva, fazia frio, mas a moça estava alheia a toda aquele tempo ruim por estar absorta em sua leitura.

Um bom livro possui justamente o grande poder de nos tirar da realidade. Quem não mora em São Paulo talvez não entenda o que direi, mas, pra mim, o melhor alivio de enfrentar a Estação da Sé do Metrô paulista às 18h é sacar um bom livro da mochila. Pode até soar uma postura um tanto passiva, conformista... algo como "ah, a realidade está ruim. Então, vou fugir para a ficção". Mas é muito mais do que isso.

E quem já mergulhou em uma boa leitura que o fez esquecer dos problemas cotidianos ou do ambiente em que estava, compreenderá precisamente o que tento descrever nestas poucas linhas.

O livro é um grande amigo. Ele está ali com você sempre que você quiser. Vai com você para todos os lugares. Não precisa de energia para funcionar. E se ele for bom.... ah, se ele for bom, ele não somente te tira da realidade, mas pode até te transformar para que quando você retorne para a realidade encare seus problemas com outros olhos. Enfrente os desafios de formas diferentes.

Outro grande barato da relação livro x leitor é que essa relação sempre será diferente. 100 pessoas podem ler o mesmo livro. Entretanto, cada uma das 100 pessoas terá tido uma relação diferente com ele. Uns gostarão, outros odiarão. Alguns desistirão de lê-lo. Podem achá-lo cansativo, etc. Afinal, ninguém é igual a ninguém.

O mesmo ocorre para uma única pessoa que leia 100 livros diferentes. Cada leitura será única, pois cada livro será lido em um momento diferente da vida desta pessoa. O leitor pode estar triste no dia em que ler um bom livro de comédia que o faça rir. O leitor pode ler um livro triste que o faça se emocionar até mesmo no dia mais feliz de sua vida.

E há até mesmo a relação distinta que ocorre quando lemos o mesmo livro em momentos diferentes da vida. Diversas leituras de um mesmo livro nunca serão iguais umas às outras. Faça o teste. Na segunda leitura, o livro pode lhe parecer melhor do que na primeira. Ou, até mesmo, não ter o mesmo sabor do que da primeira vez. Talvez você o interprete de forma distinta e ele te traga idéias que você não teve anteriormente.

Enfim, a relação leitor x livro é mágica porque depende de poucos ingredientes para acontecer. Sendo que o mais fundamental deles é a pura e simples imaginação do leitor.