quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Anjo Negro



A capa da obra é bem chamativa

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSBl-TQSR7Kr-uK_zuwJLlgKEWXEeY45eJSzBHoY0W28bTtYXOCgBZua-zG6tErd0gPWh6VMZVoNU2K52W4Qbpf1McP0qOl03SEh74mpJ5Gewt4XYj8JGVOA9e1xmukaS9Fiiy8QSUHPX0/s1600/Anjo+Negro.jpg

Londres. Século XVII. Uma anja se apaixona por um médico e do fruto desse amor proibido nasce Darian. Quando chega a adolescência, o rapaz descobre que possui a visão dos dois mundos. Ele pode ver tanto os seres humanos quanto os espíritos que vagam perdidos por aí. Darian também fica sabendo que sua mãe fora castigada a condição de ser humana por ter caído de amores por um ser humano. Porém, ela continuava enxergando almas que a atormentavam. Perturbada, ela cometeu suicídio. O que é um terrível crime espiritual. Por isso, ela foi condenada por toda a eternidade a viver no Vale dos Suicidas, um lugar onde nenhum espírito encontra a paz e continuamente revive o momento de sua morte.

Darian recebe então a seguinte proposta de um Arcanjo: recolher em uma caixa angelical 10 mil almas perdidas (que queiram ser salvas) para aliviar o sofrimento de sua mãe. Por outro lado, ele recebe uma contra-proposta de um demônio: utilizar as 10 mil almas em troca da liberdade da alma de sua mãe. Esse dilema é o ponto de partida de Anjo Negro, primeiro romance da mineira Mallerey Cálgara pelo Selo Novos Talentos da Literatura Brasileira da Editora Novo Século.

O texto é ágil e rápido porque a autora não emprega um vocabulário rebuscado e por ser curto (pouco mais de 200 páginas). Acreditava que o tamanho da obra fosse algo a ajudar no trabalho de revisão, mas pelo contrário, é possível detectar alguns erros ortográficos e gramaticais que passaram despercebidos. Nada que atrapalhe a leitura, mas que incomoda um pouco.

A autora também utiliza um recuso divertido que alterna o ponto de vista do narrador. Primeira pessoa x terceira pessoa. Isso é muito legal quando utilizado com cuidado e discretamente. Por exemplo, de um capítulo para outro. Só acho que isso possa confundir o leitor quando ocorre de um parágrafo para outro, pois a mudança do ponto de vista do narrador é muito brusca. Isso desvia a atenção do leitor para a forma como o texto está sendo escrita em detrimento da narrativa que é o mais importante.

Em relação a trama, a questão do amor entre mãe e filho me lembrou um pouco o primeiro volume da série Percy Jackson e os Olimpianos, O Ladrão de Raios, em que Percy precisa resgatar sua mãe de Hades, o deus do mundo dos mortos da rica Mitologia Grega. O que me agrada porque a diferencia de um tradicional amor platônico entre um casal.

Após o treinamento de Darian para enfrentar demônios e encontrar as almas que deve resgatar, a narrativa torna-se "episódica", ou seja, em cada capítulo apresenta um caso que ele investiga com o auxílio de sua anja da guarda, Hadji. Como em uma série de teve ou episódio de algum desenho animado. Essa parte do livro é interessante porque por meio das histórias das almas perdidas belas mensagens são transmitidas. É claro que a qualidade de cada história varia. Em algumas tramas ficamos surpresos com os enredoss. Já em outras a resolução de um problema a princípio complexo é deveras simplista. Resumindo-se a uma conversa entre Darian e a alma que está causando problemas.

Há uma importante ressalva a fazer: apesar de nos ser dito que a história de Darian se passa na Londres do século XVII anos após a Peste Negra, ela poderia se passar nos dias de hoje e em qualquer outro lugar do mundo. Por dois motivos: 1) O linguajar dos personagens não é o mesmo de pessoas que viveram naquela época. Todos os personagens falam iguais a pessoas que vivem nos dias de hoje. Inclusive falando gírias. 2) Não há descrições de Londres e nem todos os personagens possuem nomes em inglês (não que isso seja regra), mas isso permite que possamos imaginar a história se passando nos anos 2000 em uma grande cidade do Brasil, por exemplo.

Por outro lado, toda a descrição que autora não fez da Londres do século XVII, ela utiliza para dar vida ao Vale dos Suicidas e ao inferno imaginado por ela. Tal lugar mescla religião e mitologia grega muito bem. Os últimos capítulos do livro são extremamente bem descritos e o inferno torna-se muito palpável para nós. Em especial, a sensação desoladora que o lugar transmite ao protagonista.

Sem spoilers, basta dizer que o final do livro é surpreendente e deixa um tremendo gancho para uma continuação, pois diversas sub-tramas ficam sem finais e a última cena do livro pára na metade. O que pode frustar alguns, para outros (o meu caso) deixa a imaginação livre pra interpretar de diversas formas o que aconteceu no fim do livro.

Fica aí uma sugestão de literatura fantástica 100% nacional!

2 comentários:

Ana! disse...

Adorei a dica *o* Boa Tarde! UAU, fiquei encantada pelo seu livro... a capa, a história... haha Enfim, tenho um blog onde o principal assunto é LIVRO, faço resenhas, publico lançamentos e etc. E, como o assunto principal de vocês também são os livros, acho que poderíamos formar uma bela parceria que traria sucesso para ambos, o que acham? Obrigada desde já :)

Khêder Henrique disse...

Ana, manda um e-mail pra henrique@khederhenrique.com.br.