quarta-feira, 15 de junho de 2011

X-Men: Primeira Classe



Os cartezes da produção remetem sempre a essa ligação entre passado e o futuro

Imagem: http://100grana.files.wordpress.com/2011/03/x-men-first-class-poster-03.jpg?w=550&h=812


Há alguns anos, um tal de Bryan Singer dirigiu um filme chamado X-Men. O longa contava a história de um grupo de mutantes (pessoas que nasceram com habilidades sobre humanas), que juraram proteger uma sociedade que os teme e odeia. Eles eram liderados pelo Professor Xavier, defensor de uma convivência pacífica entre humanos e mutantes. O grande rival dos heróis era Magneto, um terrorista que acredita em um guerra iminente entre humanos e mutantes.

O grande trunfo desse filme era dar uma seriedade nunca antes vista para uma adaptação para as histórias em quadrinhos. Ali não havia espaço para uniformes espalhafatosos ou cenas de ação gratuitas. Era um filme sobre a intolerância que estava sujeito a múltiplas interpretações. E personagens carismáticos com os quais qualquer um poderia se identificar. O que abriu caminho para uma série de adaptações que viriam depois.

Não demorou para X-Men 2 estrelar nos cinemas. A sequência era melhor que original. Mais ação, mais mutantes e um roteiro mais interessante com direito reviravoltas sensacionais e um final surpreendente.

Porém, Singer saiu da cadeira de diretor e um X-Men 3 bem sem graça nos foi apresentado. Ação demais com história de menos. Personagens demais para um filme muito curto. Pronto. Sem mais filmes de X-Men.

A alternativa da Fox foi produzir filmes solo dos personagens mais populares. Eis que surge X-Men Origens: Wolverine. Um filme de ação da pior espécie. Sem roteiro, o filme segue de uma luta a outra sem descanso. Desnecessário dizer que incluiram mutantes demais apenas para a venda de bonecos. O filme ainda tinha aquele vício terrível das histórias em quadrinhos: fazer dois personagens que estão do mesmo lado brigarem por um mal entendido para se unirem mais tarde.

A seguir, teríamos um filme de Magneto, mas eis que Singer volta para o projeto cinematográfico dos mutantes com uma nova abordagem. Voltar no tempo para narrar o início de tudo. Essa é justamente a proposta de X-Men: Primeira Classe.



Charles e Erik: uma amizade turbulenta

Imagem: http://www.omelete.com.br/images/galerias/x-men-first-class/24Mai2011_03.jpg


Sem dúvida, o grande trunfo desse novo filme é utilizar eventos históricos reais para dar uma credibilidade a fantasia. Assim, em um mundo que não sabe da existência dos mutantes, temos a história de dois jovens, Erik (Michael Fassbender) e Charles (James McAvoy). O primeiro é um judeu capaz de controlar metais cuja família foi vítima dos campos de concentração. O segundo é um boa vida muito inteligente e perpicaz devido a sua habilidade mutante: a telepatia.

O caminho dos dois jovens se cruzam por causa de Sebastian Shaw (Kevin Bacon), um mutante poderosíssimo (seu poder é uma das surpresas do longa), responsável pela morte da mãe de Erik e que arquiteta um plano mirabolante que pode colocar o mundo inteiro em perigo.

Nesse contexto, os jovens mutantes se tornam amigos e formam um grupo de mutantes (a primeira classe dos X-Men) para combater O Clube do Inferno de Shaw, uma espécie de sociedade secreta super poderosa e com ligações com o alto escalão do poder.

Esse contexto garante um filme bem maduro com ótimas atuações (mérito mais que especial para o trio de protagonistas) e se aprofunda em questões dramáticas. Seja o já conhecido debate de idéias de Charles e Erik ou até mesmo a questão de Mística (Jennifer Lawrence) em esconder sua real aparência por meio de seu poder (se transformar em outras pessoas) por não conseguir se auto aceitar.

Diferente dos filmes anteriores, esse também tem o mérito de fazer dialogar as questões dramáticas dos personagens com as boas cenas de ação e os uniformes espalhafatosos (em especial do de Banshee) que não ficam ridiculos na tela grande devido ao contexto em que aparecem.

Os pontos fracos são justamente os erros antigos cometidos em filmes anteriores. Inserir mutantes demais é um deles. Não sou um expert em X-Men. Sai do filme sem saber o nome do mutante que controla o vento e não me recordo de ouvir a voz de Azazel, o mutante teleportador, durante todo o filme. Também me parece estranho escolher personagens menos conhecidos do grande público. O que aquela mutante com asas de mariposa estava fazendo no filme?

E, claro, alguns desenvolvimentos de personagens deixam a desejar. O que justifica o ódio de Magneto contra a humanidade se o responsável pela morte de sua mãe era um mutante? O que fez um jovem rico e bem de vida como Charles resolver promover o bem? Mas o maior de todos os pontos: como Erik e Charles se tornaram tão amigos em tão pouco tempo? Nos filmes anteriores, a impressão que nos é passada é de que eles foram amigos por anos antes de romperem a amizade. Não por poucos dias.

Enfim, erros passáveis diante de um bom programa. E o melhor: sem Wolverine (que nos filmes anteriores sempre ganhava tanto espaço que suprimia personagens melhores). Afinal, X-Men não é só Wolverine. Entretanto, da metade para o final o filme me pareceu muito semelhante aos anteriores apesar do clímax empolgante. Ficamos no aguardo para ver o que de novidade X-Men pode nos oferecer em seu futuro cinematográfico.

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