segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Smallville: 2ª Temporada



O elenco principal do seriado durante o segundo ano

Imagem: http://www.supermanhomepage.com/images/smallville/season2-fullcast.jpg


Prosseguindo com as aventuras do jovem Superman antes de ser super, a segunda temporada de Smallville é bem superior a temporada original quando os “esquisitos” – personagens que adquiriam algum tipo de poder devido a exposição da kriptonita – tornam-se cada vez mais raros e a série se aprofunda ainda mais na mitologia do personagem contanto a origem alienígena de Clark Kent (Tom Welling), o que soluciona questões levantadas na temporada anterior e levanta outras que renderão “pano para manga” em temporadas futuras.

Neste novo ano, Clark desenvolve seu “poder Bombril”, ou seja, a visão de calor que possui 1001 utilidades. Chloe Sullivan (Alisson Mack) e Lionel Luthor (John Glover), os melhores personagens da série, ganham mais espaço e ambos acabarão selando uma estranha aliança que pode gerar terríveis problemas para Clark no futuro. Os pais do jovem homem de aço, Jonathan (John Schneider) e Marta Kent (Anette O’ Toole), são extremamente carinhosos e atenciosos com seu filho adotivo nos fazendo entender porque esse alienígena é muito mais humano que muito ser humano por aí.

Para contar a origem de Kal-el, a nave que o trouxe a Terra torna-se um personagem da série. A confusão toda já começa no início da temporada quando o furacão que surpreende Smallville ao fim do primeiro ano joga a nave de Clark no meio de um milharal que será descoberta por Pete Ross (Sam Jones III), o melhor amigo de Clark, que forçará nosso camarada de outro planeta a revelar seu segredo ao amigo para evitar encrenca a seus pais e a ele mesmo.

Diferente da temporada anterior que mostrava um Clark todo certinho, esta temporada põe tudo em xeque quando inclui na história outro elemento da mitologia do super, a kriptonita vermelha que, como uma droga, o afeta psicologicamente e torna um rapaz rebelde. O problema é que este adolescente rebelde pode se mover na velocidade do som, levantar um trator com as mãos e enxergar através das paredes.

A descoberta das origens de Clark caminham a passos lentos. Os momentos mais importantes são quando ele descobre as cavernas Kawatche, cujas pinturas nas paredes não são semelhantes a nada conhecido....neste planeta. As cavernas deixam Lex (Michael Rosenbaum) obcecado com o conhecimento que pode adquirir se descobrir como ler os estranhos símbolos das paredes. O interesse do futuro arquiinimigo do Superman sobre as cavernas Kawatche o instigam a contratar os serviços de um simbologista, o Dr. “o dia está chegando” Walden, que não apenas descobrirá como ler os estranhos símbolos das cavernas como adquirirá o estranho poder de emanar energia pelas mãos e tentará matar Clark Kent antes de ele dominar o mundo(!?).



Clark e Chloe: apenas amizade?

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Clark, finalmente descobre que é um habitante do extinto planeta Krypton no mítico episódio "Respostas" que conta com a participação super especial de Christopher Reeve, o Superman do cinema. Em Smallville, Reeve faz o papel do Dr. Virgil Swann, um bilionário que passa a vida tentando encontrar vida alienígena e descobriu um código matemático que lhe permite ler os símbolos kriptonianos. O capítulo tem metaforicamente o ato de uma passagem da tocha entre gerações.

Enfim, Kal-el descobre seu verdadeiro nome, seu planeta de origem, mas também toma o conhecimento de que está sozinho no universo e que possa ter sido mandado para a Terra com o objetivo de conquistar e dominar o nosso planeta.

Clark finalmente se entende com seu grande amor Lana Lang (Kristin Kreuk) e o casal chega ao mais próximo do que poderiam chamar de namoro. Mas a vida de alguém destinado a algo tão grandioso é muito complicado. E quando seu passado, na forma da nave espacial que o trouxe a Terra, fala com a voz de seu pai biológico Jor-el dizendo que é chegada a hora de percorrer seu caminho, Clark luta contra isso destruindo a nave. Porém, este ato provoca a perda do bebê que sua mãe estava esperando e o sentimento de culpa o consome de tal forma que o jovem super, numa atitude totalmente inversa ao fim da temporada anterior, coloca um anel de kriptonita vermelha no dedo e foge de seus problemas.

Esta temporada também é marcada por uma evolução dos efeitos visuais tão importantes a série. O auge destes efeitos acontece em Acelerado, episódio que mostra uma cena em que vemos o mundo pelos olhos de Clark e nos movemos sob uma chuva em supervelocidade vendo os pingos caindo em câmera lenta quando o jovem homem de aço percorre uma menina que pode ser um fantasma.

Os extras dos DVDs desta temporada também são bem superiores aos do Box da temporada original. Além de cenas cortadas, há erros de gravação e dois documentários bem interessantes: Chistopher Reeve – O Homem de Aço e Mais rápido que uma bala – Os efeitos visuais de Smallville.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Liga da Justiça X Vingadores



Cena emblemática: Superman portando o martelo do Thor e o escudo do Capitão América

Imagem: http://www.bronxbanterblog.com/wordpress/wp-content/uploads/2010/09/jlaavengers4.jpg


A Editora Panini Comics lançou um crossover entre as maiores equipes de super-heróis das maiores editoras de quadrinhos norte-americanas. A Liga da Justiça, da DC, encontrou os Vingadores, da Marvel, numa reunião esperada há mais de 20 anos.

A idéia foi pensada no início da década de 80 quando vários encontros entre símbolos dos dois universos estavam acontecendo. Abrindo a fileira encontra-se o conhecido encontro entre Superman e Homem-Aranha. Mas, desentendimentos entre as editoras pôs em xeque este encontro que já estava sendo produzido. Diz a lenda que 20 páginas já haviam sido produzidas e foram descartadas.

O acontecimento foi tão sério que a Marvel encontrou uma saída ridícula. Criou o Esquadrão Supremo, uma Liga light, com integrantes que eram nada mais que versões do Super, Batman, Lanterna Verde e outros. Só que os encontros entre as duas equipes resumia-se sempre os Vingadores massacrando o pobre Esquadrão. Lógico. Aliás, este Esqudrão Supremo teve uma releitura muito interessante na série Poder Supremo, publicada pela Panini na revista Marvel Max.

Enfim, após anos de negociações e muitos outros encontros foi anunciada a tão esperada publicação. Uma mini-série em 4 edições traria os maiores heróis de dois mundos para uma aventura cósmica com direito a tudo que um fã gostaria de ver. Grandes confrontos: Thor contra Superman. Batman contra Capitão América. E uma união entre ambas as equipes mais do que esperada. O resultado de tudo isso foi uma vendagem recorde nos EUA de mais de 200 mil exemplares. Isso num mercado de quadrinhos combalido que vinha sofrendo quedas em suas vendas nos anos anteriores.



Capa da primeira edição

Imagem: http://www.rebelscum.com/comics/JLA-Avengers1.jpg


Para representar um desafio digno de fazer frente ao poder representado pelas duas equipes, o universo é colocado em perigo. Na verdade, dois universos. O da Liga e o dos Vingadores. Um ser cósmico quer saber a grande verdade por trás da criação do universo, mesmo que mundos venham a perecer para ele atingir seu objetivo. Para evitar a derrocada do Universo Marvel, o Grão-Mestre, um dos seres mais poderosos desta realidade, promove um jogo para retardar o avanço da criatura. Assim, a Liga e os Vingadores são lançados numa grande busca pelos 12 artefatos mais poderosos das duas realidades. O vencedor garantirá a sobrevivência de seu universo.

Com as falhas entre as realidades, heróis e vilões de um universo são lançados ao outro e somos brindados com momentos inesquecíveis. Uma incrível passagem foi quando o Flash chega ao Universo Marvel e tenta salvar um mutante que está prestes a ser linchado pela população. Porém, ele perde os poderes neste mundo, pois ali não há força de aceleração (a fonte de sua supervelocidade). E ele que é atacado.

E as diferenças ideológicas entre as equipes é muito bem trabalhada. O Capitão América acha que a Liga carrega seu mundo nas costas e por isso são adorados. Considera o Universo DC um estado totalitário e chega a chamar o Superman e cia de nazistas(!). Já o Superman acha que os Vingadores são heróis medíocres que não lutam o necessário e por isso existem mutantes sendo caçados. A raiva da população contra os heróis mascarados seria a prova de que eles não se esforçam o bastante. Ele ofende os Vingadores dizendo que estes não têm o direito de trazer a insanidade do mundo deles para o Universo DC.

O trabalho de pesquisa do escritor Kurt Busiek e do artista George Pérez é surpreendente e fica clara a todo o momento nas quatro edições da mini-série. Busiek busca referências lá de trás para fã ardoroso nenhum botar defeito. Há frases e situações que só leitores antigos captarão. A arte de Pérez é deslumbrante e não dá pra pensar em outro cara em seu lugar. Seus desenhos detalhistas não deixam escapar nada e suas capas duplas são feitas para se pendurar na parede.

Acho que o grande defeito de uma narrativa que representa tanto e traz uma pujante grandiosidade é sua falta de repercussão. Por tratar-se de uma história isolada, sabemos que ninguém irá morrer ou que os eventos cósmicos mostrados na saga não refletirão em nada na revista mensal do Aquaman ou do Homem de Ferro. Batman continuará caçando o Coringa por Gothan como faz há anos e o Capitão América continuará líder dos Vingadores como desde sempre foi.

Fora este “detalhe”, é um entretenimento pra saborear e reler mais de uma vez. Uma para prestar atenção ao roteiro e seus meandros, outra para curtir os incríveis desenhos e a diagramação amalucada de Pérez e não deixar escapar detalhe algum. É aquele tipo de revista que todo fã de HQ’s gostaria de ler.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Fernão Capelo Gaivota


Capa do DVD do fillme

Imagem: http://dvdsfilmes.files.wordpress.com/2009/09/fernao-capelo-gaivota.jpg


“A vida vista pelos olhos de uma gaivota”. Esta foi a primeira definição que escutei sobre o filme Fernão Capelo Gaivota, uma película que desconhecia totalmente e minha mãe estava em busca para assistir. Depois de conferir a produção posso dizer que é muito mais do que isso.

Fernão Capelo Gaivota é uma gaivota que possui como meta a perfeição. Sua determinação em atingir seu intento final o leva a procurar a superação constantemente. Assim, a pequena ave deseja sempre voar mais alto e mais rápido. Até durante a noite. Mesmo não tendo olhos de coruja ou asas de falcão. Esses seus “vôos irresponsáveis” provocam sua expulsão do bando do qual faz parte que não vê com bons olhos suas atitudes. Então, como um exilado, Fernão parte numa jornada em busca de conhecimento para aprender mais sobre si e o mundo a sua volta. Ele deseja também ensinar aos outros o que aprendeu, mas podemos ensinar algo a quem não quer aprender?

O filme possui sim um apelo religioso quando utiliza-se de simbologias. Enquanto Fernão está sempre voando mais alto, perto do sol, do paraíso e de Deus(?), seu bando está brigando por comida em meio ao lixo que, para nós, lembra um inferno. Também parece um título de auto-ajuda em determinados momentos. É daqueles filmes com frases sábias sobre a vida que nos fazem nos sentir melhor.

Mas, para mim, seu maior mérito, é falar do ser humano sem a presença de nenhum homem ou mulher durante os 99 minutos de projeção. A direção e produção é de Hall Bartlett que registra momentos incríveis de gaivotas em diversas situações. Então, temos os dubladores que “interpretam” as aves numa fábula instigante. Una este trabalho de paciência de captação de imagens com uma impecável fotografia, de Mac Gilvrany-Freeman, e uma bela trilha sonora, de Neil Diamond.



Esta imagem não é do filme, mas ilustra bem o espírito do “mundo das gaivotas”

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F. C. Gaivota aborda, por meio de uma metáfora bem construída, a mesquinhez humana como poucos filmes. Mostra como somos pobres quando buscamos objetivos desprovidos de verdadeiro valor e como possuímos medo de mudanças. Como achamos conveniente ficar na mesmice, no igual, por medo de perder o controle e, desta forma, nunca progredir, nunca voar mais alto.

O protagonista, mais do que uma gaivota ou a representação de um homem, é um estado de espírito ou um exemplo a se seguir. Isso fica claro já quando o filme se inicia com os dizeres “Ao verdadeiro F. C. Gaivota que vive em todos nós”.

As canções possuem letras muito bonitas e eu destaco a música tema do próprio Fernão que toca quando ele aparece dando seus rasantes pela primeira vez:

"Perdido num céu colorido/ onde as nuvens inspiram os olhos do poeta/ você poderá encontrá-lo/ se quiser encontrá-lo. Longe/ numa praia distante/ nas asas do sonho/ através de uma porta aberta/ você poderá encontrá-lo. Será como uma palavra/ que espera uma folha branca e fala de um tema eterno/ e em Deus encontrará a felicidade./ Cante/ a canção que procura uma voz interior/ e o sol lhe mostrará o caminho. "

Acho que isso ilustra um pouco o espírito da produção.

É difícil falar sobre um filme assim. A proposta é divulgar um título muito bacana para conferir e tirar suas próprias conclusões. O filme é de 1973 e baseado no livro de Richard Bach, também co-roteirista do filme. O que posso dizer é que fazia muito tempo que não assistia a um filme tão emocionante e me tocasse tão profundamente.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Alias



A última aventura de Jessica Jones joga luz sobre seu passado obscuro

Imagem: http://www.comix.com.br/images/Panini_MarvelMAX_Esp_01.jpg


Desde que surgiu nas páginas da revista Marvel Max, a série Alias, de Brian Michael Bendis, narrou as aventuras (e desventuras) de Jessica Jones a frente de sua pequena agência particular, a Codinome Investigações. Embora a protagonista desvendasse muitos casos, o leitor nunca descobria grandes informações sobre o passado da personagem. Até agora! Acontece que a editora Panini Comics reuniu o último arco de histórias da badalada série em uma edição especial de Marvel Max dedicada a Alias.

Desde a primeira trama, os leitores estavam cientes de que antes de tornar-se uma detetive particular, Jessica fora uma super-heroína conhecida como Safira. Com direito a colante e tudo. Mas, misteriosamente, ela largou essa vida e odeia esse papo de voar e combater o crime. Bendis, por meio das investigações de Jessica, nos revelou um mundo de super-heróis bem menos glamuroso com direito a mocinhos e mocinhas que pulavam a cerca, se drogavam, roubavam e alimentavam inusitadas fantasias sexuais.

No centro de tudo isso, tínhamos uma mulher com baixíssima auto-estima, destrutiva e deprimida, porém extremamente carismática que divertia com suas filosofias sobre si mesma, a vida alheia e as enrascadas em que se metia. Apesar da diversão, nunca ficou claro o que levou Jessica aquele ponto. Que fato teria forjado tal personalidade?

Em um novo caso, um grupo de pessoas contrata Jessica para encontrar um bandido de quinta categoria que está desaparecido há anos. Nada que a detetive não tenha feito antes. O problema é que o bandido teve um papel marcante no passado de Jessica e ao aceitar esse serviço, ela reviverá experiências que preferiria esquecer.



As capas da série sempre contam com um traço mais alternativo

Imagem: http://www.ambrosia.com.br/drops/files/2010/10/alias.jpg

A intenção não é estragar a surpresa de ninguém, por isso, sem mais narrativas. Basta dizer que o encerramento da série é coeso como todo o seu desenrolar. Brian Michael Bendis reafirma seu valor (como sempre o fez a cada edição da série) diversas vezes ao longo da trama, mas, em especial, no momento em que apresenta o grande antagonista de Jessica Jones. O roteirista simplesmente pega um personagem de quinta categoria e em poucos quadros lhe dá o status de primeiro escalão valendo-se de diálogos inspiradíssimos.

A arte de Michael Gaydos continua eficaz como sempre: mostra a vida como ela é. E serve de contraponto perfeito para a arte de Mark Bagley (responsável pelas cenas que mostram, em flashback, o passado heróico de Jessica) que possui uma arte mais “bonita”, limpa e transmite a idéia de um mundo mais perfeito e certinho.

Jessica Jones é aquele tipo de personagem que embora possua super-poderes, não precisa usá-los para nos conquistar. Ela fará falta.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Fúrias de Titãs



Pôster do filme

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnFAr6-MyFphn2csb0sQWJuYzBKxgjb7oLic6M9Fk3E8PbhHd-rd-oa-vXyGDoVW6HRtZDXlVZST28J18yvKLZ7W8jd5PEZ0JNxczmL5pbmlyeFI12Thiqgbr5Rg08Hr2DyEFkCr1B4-U/s1600/Clash+of+the+Titans+(1981).jpg

Perseu (Harry Hamlin), o filho mortal de Zeus (Laurence Olivier), precisa salvar sua amada princesa Andrômeda (Judi Bowker) do monstro marinho Kraken. Para tanto, o herói embarca em busca por uma arma tão letal quanto difícil de adquirir: a cabeça da Medusa. Diretamente da mitologia grega para os cinemas, Fúria de Titãs é um clássico da sétima arte não apenas por seus personagens arrebatadores ou sua fidelidade à magnitude da obra que a inspira, mas também pelas incríveis animações em stop motion do mestre Ray Harryhausen presentes na película.

A mitologia grega é muito rica por sua diversidade de tramas e personagens. Como todo mito, tinha a função de explicar de maneira fantasiosa uma realidade para a qual não se obteve uma justificativa racional, ou seja, um componente fundamental para o ser humano compreender a realidade.

Um dos maiores charmes da mitologia da Grécia é a presença corriqueira dos Deuses do Monte Olimpo em suas histórias. Basicamente, a única diferença entre um humano e deus grego é o fato deste último ser imortal. Tanto um humano quanto um deus grego é uma pessoa carregada de virtudes e defeitos. O problema é que os erros cometidos pelos deuses possuem conseqüências numa escala muito maior que a dos humanos.

Desta forma, existe um Zeus que é tudo menos fiel a sua esposa Hera. Tanto que vários heróis mitológicos são semi-deuses, ou seja, filhos mortais de Zeus com alguma mulher por quem ele caiu em tentação. Perseu era um destes filhos. E como, em parte, herdeiro de um sangue divino, está destinado a feitos grandiosos.

Perseu é o herói clássico. Possui grandes obstáculos a sua frente para vencer. Em alguns momentos, duvida que tenha habilidades para ultrapassá-los, mas segue sempre em frente sem desistir jamais. Essa personalidade está presente em várias passagens do filme, seja em momentos singelos e belíssimos como a cena em que ele doma o último dos cavalos alados, Pégaso, ou quando enfrenta seus maiores desafios representados pela Medusa e pelo Kraken.



Perseu contra o Kraken

Imagem: http://www.filmofilia.com/wp-content/uploads/2009/04/clash-of-the-titans.jpg

Em um filme repleto de seres fantásticos, a animação em stop motion caiu como uma luva para dar vida a cães de duas cabeças ou a escorpiões gigantes. A animação em stop motion ou quadro-a-quadro, como também é conhecida, consiste em fotografar um modelo articulado em seqüência, enquanto um animador modifica a posição do modelo entre uma foto e outra. Exibidas uma após a outra, as fotos criam a ilusão de movimento. Detalhe: no cinema, cada segundo é composto de 24 frames, ou seja, eram necessárias 24 fotos para compor um segundo de filme.

Essa técnica é considerada o primeiro efeito especial do cinema e foi utilizada pela primeira vez por Willis O´Brien em O Mundo Perdido, de 1925. Porém, é Ray Harryhausen, um fã de O´Brien, que é conhecido como o mestre do stop motion por elevar a técnica ao status de arte. Harryhausen também é responsável por ser o primeiro a empregar a técnica juntamente a atores reais em cena, efeito conhecido como Dynamation.

O trabalho de Harryhausen pode ser conferido também em As novas aventuras de Simbad, de 1973, e Simbad e o olho do tigre, de 1977. Fúria de Titãs, seu mais recente filme, foi lançado nos cinemas no distante ano de 1981. Entretanto, a pouco tempo, o animador anunciou que pretende produzir outro filme com o personagem Simbad. Não há datas de lançamentos, pois não existem nem um roteiro definido.

Em uma entrevista para os extras do DVD de Fúria de Titãs, o mestre Harryhausen dá um recado para aqueles que não gostam de filmes de fantasia: “A maioria das pessoas acha que é infantilidade ter imaginação. Eu discordo. Acho que devemos viver imaginando o melhor”.

A fantasia não funciona somente como escape da realidade, mas também como uma maneira de compreendê-la. Lembre-se: alguns acontecimentos do mundo real tendem a serem mais absurdos do que os seres da ficção.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Smallville: 1ª Temporada




Smallville narra as aventuras do Superman antes de ser super

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbhLSDwOEp4n5JKY7O6ranG262XRra0Aw5AGzMWY1LDTplL3oMtwfCl1pGNOyf7HEI-lijrJGyq_FfsHiUnVKex2UdZR2lbaQocTcBtDkTRuySyhqhnPXcXW-lKzZbRe3PLbHHJOauvL0I/s1600/smallville1.jpg


“Um homem perfeito que veio do céu e só fez o bem” é uma definição do escritor britânico Alan Moore para um dos maiores ícones da cultura pop: o Superman. Embora curta, a frase carrega diversos elementos da mitologia do personagem. O homem de aço é o último sobrevivente de uma raça alienígena muito mais avançada que a nossa e dono de incríveis habilidades devido à exposição ao nosso Sol amarelo. Ele caminha entre nós como o tímida e atrapalhado repórter Clark Kent, possui um romance com a jornalista Lois Lane e, em sua cruzada para proteger seu mundo adotivo de um fim trágico como o de seu planeta natal, enfrenta adversários como o ambicioso Lex Luthor.

Mas houve um tempo em que Clark nem fazia idéia da lenda que um dia se tornaria e passava os dias como um adolescente tentando levar uma vida normal e convivendo com mudanças bem mais complexas do que a puberdade como uma força e velocidade sobre humanas. Esse período é resgatado na série de TV Smallville.

A série começa quando Clark descobre que é um alienígena que chegou a Terra em uma nave espacial durante uma estranha chuva de meteoros que caiu sobre a pacata cidade de Smallville há 12 anos. Ele foi encontrado e criado pelos Kent, um casal que não pode ter filhos. Rígidos, porém amáveis, Jonathan e Marta criaram um filho bom, humilde e responsável no cuidado ao usar seus poderes.

Mas Clark não pensa em lutar pela verdade ou justiça. Ele esconde seu segredo para não ser visto como aberração, possui uma forte amizade com o rico Lex Luthor, que busca sair da sombra de seu distante pai Lionel, e nutre uma grande paixão por Lana Lang, uma garota que perdeu os pais durante a trágica chuva de meteoros.

O jovem Kent descobre, no entanto, que a chuva de meteoros que encobriu sua chegada ao nosso planeta trouxe conseqüência para Smallville, mesmo que elas não sejam facilmente perceptíveis. A pior delas sem dúvida são os “esquisitos”, pessoas que adquiriram algum tipo de poder devido a exposição às pedras verdes dos meteoros que, Clark descobriria mais tarde, são sua principal fraqueza.




Clark e Lex: uma amizade conturbada

Imagem: http://comicattack.net/wp-content/uploads/2010/10/Smallville-101-1.jpg


Esses “esquisitos” são a grande interrogação da série. Enquanto alguns rendem bons roteiros, outros produzem histórias ridículas. São os casos da garota que ao preparar um shake com plantas adubadas com pedras de meteoro consegue emagrecer, porém torna-se uma sugadora de gordura; ou dos vendedores medíocres que, após serem expostos a chuva de meteoros, adquirem o conveniente poder de persuadir qualquer pessoa a fazer o que quiserem com um inocente aperto de mãos.

A série poderia se reduzir a pergunta: “qual o monstro desta semana?” Obviamente, um excelente pretexto para gerar desafios a altura dos poderes de Clark, estes “esquisitos” não são o alicerce da série. Alguns dos melhores episódios são justamente aqueles em que não há personagens deste naipe. Um dos mais interessantes, sem dúvida, é o “Mau caráter”, quando um policial corrupto descobre as habilidades de Clark e resolve utilizá-las em proveito próprio, caso contrário contaria ao mundo seu segredo.

Essa primeira temporada apresenta o contraponto entre as diferentes relações entre pai e filho representadas pela amável de Jonathan e Clark e da fria entre Lionel e Lex; aborda o quarteto amoroso entre Whitney (namorado de Lana), Lana, Clark e Chlo Sullivan (editora do “A Tocha”, o jornal da escola) e pincela questões que provavelmente serão retomadas em temporadas futuras como o mistério em torno da adoção de Clark pelos Kent, a verdade sobre a herança alienígena do jovem Kent, os segredos da adolescência rebelde de Lex, entre outros assuntos.

Com exceção dos episódios que não fazem a história principal andar, esta primeira temporada é bem objetiva em seu propósito: oferecer ao público uma série de aventura e ficção com muito romance que promete diversão e grandes emoções. Como não poderia deixar de ser, o último episódio deixa diversas dúvidas no ar quando um jornalista contratado por Lex investiga os Kent e descobre os poderes de Clark; uma briga entre Lex e Lionel que pode acabar em morte e, na mais heróica cena de toda a temporada, quando um furacão surge repentinamente em Smallville, Clark corre em direção ao gigantesco tubo de vento para salvar a vida de sua amada Lana.

É difícil explicar o sucesso da série. Logicamente, o fato de a série se apoiar na mitologia do Super conta pontos, mas não trata-se apenas disso. Conhecemos o fim da história, portanto o que interessa aqui é o seu desenrolar. Talvez, o grande segredo de Smallville seja seu alicerce: seus personagens reais. A série conta a saga de dois jovens talentosos de nossos tempos. Dois amigos que se tornarão inimigos terríveis. O que levou ambos a trilharem caminhos tão diferentes para alcançarem destinos tão distintos? Para saber, só ficando ligado em Smallville. A diversão da série é revelar o homem por trás do mito.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O Clã das Adagas Voadoras



Um dos cartazes da produção

Imagem: http://www.programatrocandoemmiudos.com.br/arquivosimagem/000095.JPG


Eu adorei Herói. Por isso, quando escrevi sobre o filme para o RR, uma das dicas do “Direto ao ponto” dada aos leitores era se atentarem para o longa-metragem seguinte do diretor Zhang Yimou: O Clã das Adagas Voadoras. Eu ousei um pouco e até disse que a obra tinha qualidades para desbancar Herói. Em uma das participações mais interessantes que já aconteceram por aqui, um leitor manifestou-se indignado, afirmando que O Clã era bom e possuía um final interessante, porém Herói era uma obra-prima irretocável.

Após assistir a ambos os filmes tenho apenas uma coisa a declarar: jamais deveria ter feito tal comparação.

Não há termo de comparação entre um filme e outro, pois tratam-se de obras que buscam objetivos bem distintos. Enquanto uma é mais épica, a outra é mais intimista. A semelhança está na direção firme de Zhang Yimou que focaliza metas bem ambiciosas. Algumas destas metas são atingidas e outras até ultrapassadas.

O Clã das Adagas Voadoras leva o espectador até o ano de 859, quando a dinastia vigente na China, antes próspera, entra em decadência, sem poder para conter as diversas insurreições contra o governo. O Clã das Adagas Voadoras é o nome do grupo de rebeldes mais conhecido, ativo e temido do momento histórico em que a história se desenrola.



A fotografia é impressionante

Imagem: http://www.alexmaron.com.br/radarpop/fotos/heroi01.jpg


Dois policiais da guarda oficial formulam um plano para capturar o novo líder do clã: seduzir a cega rebelde Mei (Zhang Ziyi) para que ela os leve involuntariamente até o covil do famoso grupo. Só que eles não contavam que poderiam se apaixonar por ela.

A trama explora as conseqüências da mescla de sentimentos e ideologias fortes. Até onde uma pessoa pode ir quando ama? O que essa pessoa faz quando seu sentimento não é correspondido? Ela seria capaz de matar seu amante em prol da causa pela qual luta? Estas são algumas das situações em que os personagens são postos.

Assim como Herói, Yimou parece buscar um equilíbrio constante entre arte e ação. Não bastasse uma trama com personagens e atuações poderosíssimas, reviravoltas mirabolantes e um final a altura, a fotografia é deslumbrante e a música pontua e fortifica os momentos mais sensíveis do filme. Detalhe especial para os efeitos sonoros que ganham tensão durante as cenas de ação para nos transmitir a sensação do que a cega Mei vive durante uma luta.

As adagas demoram para aparecer durante o filme, mas quando alçam vôo, sai de baixo! As tomadas que seguem as adagas no ar e o uso que os artistas marciais fazem delas é um espetáculo à parte.

Particularmente, ainda prefiro Herói e sua narrativa entrecortada, porém não seria justo afirmar que uma obra é melhor que a outra. Se tivesse de optar por uma ou outra, não faria escolha alguma, ficaria com ambas.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Relação Leitor x Livro



A relação leitor x livro é mágica

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Outro dia, eu estava indo trabalhar e me deparei com uma cena interessante: em uma manhã chuvosa, uma moça lia totalmente compenetrada um livro debaixo de um ponto de ônibus enquanto aguardava sua condução. Além da chuva, fazia frio, mas a moça estava alheia a toda aquele tempo ruim por estar absorta em sua leitura.

Um bom livro possui justamente o grande poder de nos tirar da realidade. Quem não mora em São Paulo talvez não entenda o que direi, mas, pra mim, o melhor alivio de enfrentar a Estação da Sé do Metrô paulista às 18h é sacar um bom livro da mochila. Pode até soar uma postura um tanto passiva, conformista... algo como "ah, a realidade está ruim. Então, vou fugir para a ficção". Mas é muito mais do que isso.

E quem já mergulhou em uma boa leitura que o fez esquecer dos problemas cotidianos ou do ambiente em que estava, compreenderá precisamente o que tento descrever nestas poucas linhas.

O livro é um grande amigo. Ele está ali com você sempre que você quiser. Vai com você para todos os lugares. Não precisa de energia para funcionar. E se ele for bom.... ah, se ele for bom, ele não somente te tira da realidade, mas pode até te transformar para que quando você retorne para a realidade encare seus problemas com outros olhos. Enfrente os desafios de formas diferentes.

Outro grande barato da relação livro x leitor é que essa relação sempre será diferente. 100 pessoas podem ler o mesmo livro. Entretanto, cada uma das 100 pessoas terá tido uma relação diferente com ele. Uns gostarão, outros odiarão. Alguns desistirão de lê-lo. Podem achá-lo cansativo, etc. Afinal, ninguém é igual a ninguém.

O mesmo ocorre para uma única pessoa que leia 100 livros diferentes. Cada leitura será única, pois cada livro será lido em um momento diferente da vida desta pessoa. O leitor pode estar triste no dia em que ler um bom livro de comédia que o faça rir. O leitor pode ler um livro triste que o faça se emocionar até mesmo no dia mais feliz de sua vida.

E há até mesmo a relação distinta que ocorre quando lemos o mesmo livro em momentos diferentes da vida. Diversas leituras de um mesmo livro nunca serão iguais umas às outras. Faça o teste. Na segunda leitura, o livro pode lhe parecer melhor do que na primeira. Ou, até mesmo, não ter o mesmo sabor do que da primeira vez. Talvez você o interprete de forma distinta e ele te traga idéias que você não teve anteriormente.

Enfim, a relação leitor x livro é mágica porque depende de poucos ingredientes para acontecer. Sendo que o mais fundamental deles é a pura e simples imaginação do leitor.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Site Oficial



Print do visual do site

Queridos leitores deste blog, venho por meio deste post divulgar o lançamento do meu site oficial! Sim, o Khêder Henrique - Site Oficial (www.khederhenrique.com.br) já está no ar!

Essa nova página integra os meus blogs Khêder Henrique - Tire seus sonhos da gaveta e A Aprendiza de Elementar, traz diversas novidades e muitas informações sobre mim através de fotos, perfis e algumas curiosidades que podem até surpreender alguns conhecidos.

Além é claro de disponibilizar mais alguns aperitivos (ficha de personagens, descrições de Myruna, etc.) sobre meu primeiro romance (A Aprendiza de Elementar) previsto para ser lançado em janeiro.

Enfim, espero que visitem o site e expressem suas opiniões a respeito. Tenham todos uma ótima semana!

Site Oficial



Print do visual do site

Queridos leitores deste blog, venho por meio deste post divulgar o lançamento do meu site oficial! Sim, o Khêder Henrique - Site Oficial (www.khederhenrique.com.br) já está no ar!

Essa nova página integra os meus blogs Khêder Henrique - Tire seus sonhos da gaveta e A Aprendiza de Elementar, traz diversas novidades e muitas informações sobre mim através de fotos, perfis e algumas curiosidades que podem até surpreender alguns conhecidos.

Além é claro de disponibilizar mais alguns aperitivos (ficha de personagens, descrições de Myruna, etc.) sobre meu primeiro romance (A Aprendiza de Elementar) previsto para ser lançado em janeiro.

Enfim, espero que visitem o site e expressem suas opiniões a respeito. Tenham todos uma ótima semana!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Top Five - Novembro 2010

Agora com vocês os 5 posts mais lidos do mês de novembro:

1º lugar: Os elementares

O post mais acessado do mês é justamente um em que revelo, pela primeira vez, um pouco sobre o mundo onde se passa a história de A Aprendiza de Elementar. Abordo, finalmente, quem são e o que fazem os elementares.

2º lugar: Teaser: Elemiah

A brincadeira de realizar um teaser com uma foto retirada da net e manipulada no Photoshop para torná-la desenho rendeu acessos. Neste mês, o teaser da Elemiah foi mais acessado que o da Kiara.

3º lugar: Trecho do livro

Fiquei contente em saber que o primeiro trecho do livro disponibilizado rendeu muitos acessos e comentários (alguns até pessoalmente!). Só aumenta minha espectativa com a proximidade do lançamento do livro.

4º lugar: A Jornada do Herói

Esse post é muito legal e torci muito para que ele aparecesse por aqui neste mês! Essa postagem aborda a Jornada do Herói, um padrão que permeia diversas obras de fantasias em diferentes culturas e explicada em detalhes pelo estudioso em mitologias Joseph Campbell em seu livro o Herói de Mil Faces. Esse livro mudou minha vida. Leitura obrigatória pra qualquer leitor que goste de um bom livro de ficção e fantasia!

5º lugar: A sinopse oficial

Essa post permanece como uma das postagens mais lidas dos mês. Afinal, se o blog é sobre o livro, nada mais justo que o post que mais fale sobre ele, seja também o mais procurado.

Top Five - Novembro 2010

Confira comigo as postagens mais acessadas no mês de novembro:

1º lugar: Mulher-Maravilha

O post mais lido do mês foi um texto despretencioso sobre a mais conhecida heroína dos quadrinhos americanos: a princesa Diana. É um texto antigo sobre uma publicação muito legal que resgata histórias clássicas da personagem. A maravilhosa merece.

2º lugar: Hoje é dia de Maria

Este é outro post muito acessado que também trata de uma obra que possui uma protagonista feminina: Hoje é dia de Maria. Uma sensacional mini-série da Globo que mistura a linguagem do teatro com a da televisão.

3º lugar: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

No embalo do lançamento da primeira parte do último filme do mais famoso bruxo do cinema, eu decidi republicar um antigo texto sobre o terceiro filme da série. Que, na minha humilde opinião, é um dos melhores devido a direção competente do mexicano Alfonso Cuarón. Eu me orgulho muito deste texto. Estava empolgado quando o produzi.

4º lugar: Donnie Darko

Fiquei contente por este texto entrar no Top Five deste mês. Donnie Darko é um dos filmes mais interessantes que assisti nos últimos anos. Ele é bom. Simplesmente por isso é uma obra cultuada por tantos cinéfilos. Vale a pena conferir.

5º lugar: Leitura X Internet

Esse texto foi produzido há alguns anos, mas permanece atual. Nele, insiro opiniões pessoais sobre a temática do hábito da leitura e o advento da internet. Considero-o interessante.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Personalidade



Criar a personalidade de um personagem é sempre um desafio

Imagem: http://psicologoemportovelho.com.br/wp-content/uploads/2010/09/personalidade.jpg

Após falar sobre Criatividade, A Organização das Idéias, O Repertório e a Linguagem Entrecortada e os Diálogos, chegamos a criação de Personalidade.

Quando narramos uma história, ela é recheada de personagens com diversas características. As físicas são importantes, mas não tanto quanto as psicológicas. Afinal, serão as segundas que irão determinar como cada personagem irá agir em situações diversas.

Muitos autores recomendam que criemos uma ficha de cada personagem. Eu também recomendo. Isso é imprescindível.

Para criar uma personalidade você pode se basear em pessoas que conhece e também se colocando no lugar delas. Por ter uma formação em Jornalismo utilizo muito esta segunda técnica. Eu me coloco no lugar de determinado alguém para imaginar como ele ou ela reagiria diante de uma situação hipotética.

Por exemplo, se eu fosse uma garota tímida e pobre que vive em uma cidade do interior sem perspectivas profissionais e um dia descobrisse que é dona de uma gigantesca fortuna. Como eu reagiria a isso? Eu guardaria o dinheiro? O gastaria sem pensar? Essa fortuna me afastaria de meus amigos? Claro sempre tendo em mente o tipo de criação que teve. O porquê de ela possuir as características que tem. O que a levou a ser tímida, por exemplo?

Trata-se de um grande exercício de imaginação, mas com fundamentos. Não dá para crer que um personagem de 10 anos fará deduções brilhantes dignas de um Sherlock Holmes por mais inteligente que seja. Especialmente, se as deduções dependessem de conhecimentos que não são comuns a uma criança de 10 anos. Por exemplo, algo que envolva drogas ou sexo.



Treine seu poder de observação para criar personalidades mais próximas do real

Imagem: http://psiadolescentes.files.wordpress.com/2007/08/faces-2-port.jpg

Tudo tem que estar dentro de um contexto que justifique aquelas ações. Justifique reações diversas por parte de um mesmo personagem.

Sempre falo e acredito que exercitar a habilidade da observação é fundamental para qualquer escritor. Fique mais atento ao seu redor. Repare em seus amigos, como eles caminham e se vestem. Como e o que dizem. Como agem quando estão em grupo ou sozinhos. Observe as pessoas estranhas a você na rua.

E, claro, assista a muitos filmes e leia bastante. Com o tempo, você mesmo irá se tornar um crítico mediano e começará a notar quando determinada atuação de um ator ou ação descrita por um autor em um livro não condiz com a personalidade de um personagem. Será frustrante descobrir que isso ocorre bem mais do que gostaríamos. Mas não iremos cometer o mesmo erro, não é verdade?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Peixe Grande



Um dos cartazes da produão

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpundtBI0SSnLJFQrLk6USyZXjnO2fnD3OscWjcpQRnqf4P9IlJKuF7Py1QRcDY3KAxhXYLw9GuBE5E4YO75rkFAi33PujBXG80ZgZC-5sIGC4PMqZIr8LkCelU8NcyWhQHU2AU-RT72E/s1600/bigfish_02.jpg



A verdade e a mentira são como o bem e o mal: não existem desconectados um do outro. Quem nunca participou daquela brincadeira “telefone sem fio” em que os participantes contam uns aos outros a mesma história, mas ao seu término o conto final possui diferenças significativas com o inicial? Na realidade, o mesmo acontece quando uma anedota é passada adiante. Cada um possui uma maneira de contar uma história para torná-la mais interessante.

Até mesmo jornalisticamente falando é assim. Por mais objetivo que o repórter seja, ele faz escolhas quando produz seu texto. Dá voz a determinadas fontes, escreve sobre o ocorrido de uma maneira particular e, obviamente, sua opinião pessoal está embutido no texto. Mesmo que isso não seja perceptível.

As histórias maravilhosas de Peixe Grande não são notas jornalísticas, mas fatos que aconteceram durante a vida de Ed Bloom (Albert Finney e Ewan McGregor). Ele possui uma maneira toda especial de narrar suas sagas para seu filho Will Bloom (Billy Crudup). Porém, o jovem fica frustrado com as narrativas do seu pai por considerá-las todas inverdades. Quando Will descobre que o pai está com problemas de saúde, ele decide descobrir quem realmente foi Ed Bloom e as histórias reais por trás das sagas fantásticas que ele tanto ouvira quando criança.

Peixe Grande é um filme maravilhoso por tratar de um assunto atemporal e essencialmente humano: a vida e o poder de nossa imaginação. A vida, por si só, pode ser triste e vazia aos olhos de um pessimista ou cético que a encara friamente em busca de um sentido para ela. Porém, para alguém com imaginação e que saiba aproveitá-la ela é a mais fantástica das aventuras. E isso será perceptível quando esse alguém narrar suas crônicas. Ele engrandecerá os fatos e suas narrativas serão tão instigantes que permanecerão vívidas na mente de seus ouvintes por muito tempo.



O gigante é um dos personagens principais das narrativas do protagonista

Imagem: http://gnout.files.wordpress.com/2009/07/big-fish.jpg

Ed Bloom é esse alguém. Ele não conta mentiras, apenas enaltece os pontos mais relevantes de suas memórias para tornar suas narrativas mais atraentes. E isso fascina como toda grande história que escutamos. É como mitologia, lendas ou contos de fadas.

Não estou afirmando que os deuses gregos caminharam sobre a Terra ou que a Branca de Neve realmente existiu. Acontece que eles podem ter sido inspirados em pessoas reais. Uma mulher muito bonita pode ter levado um poeta a criar uma canção sobre uma deusa da beleza. De seres humanos como quaisquer outros, com o tempo, tornaram-se lendas a medida em que a narrativa foi sendo passada oralmente de geração em geração.

Agora, una toda essa magia que o filme possui com uma bela trilha sonora, uma fotografia cuidadosa e atuações precisas – com destaque para Ewan Mcgregor que representa o típico herói de narrativas fantásticas: inocente, esperto, corajoso e aventureiro. Não há como ser um filme ruim. A película faz jus ao seu slogan... “um filme tão maravilhoso quanto a própria vida”.


Texto originalmente publicado no site
Raciocínio Rápido.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Herói



Um dos cartazes da produção

Imagem:
http://media.adorocinema.com/media/film/images/1799/1245085618_heroposter06.jpg

Adorei O Tigre e o Dragão. Trata-se de um filme de artes marciais totalmente diferente do que já havia visto na vida. Sim, as lutas são lindamente bem coreografadas. Entretanto, o mais interessante no filme é que as cenas de luta não são seu aspecto principal. Há um enredo bem construído e personagens carismáticos. Mas há detalhes na película que incomodam e o tornam, em alguns momentos, demasiadamente longo. Quando pensei que nunca mais veria um filme de artes marciais daquele nível, eu assisti a Herói.

Herói é simplesmente tudo o que O Tigre e o Dragão poderia ter sido e não foi. Ainda gosto da saga em torno da espada Destino Verde, porém a trama que decidirá o destino da China ancestral é perfeita. Faz tempo que não assisto a um filme que funciona tão bem em tantos e tão diferentes aspectos. Pensando bem, devo estar vendo muitos filmes ruins ultimamente...

A história do filme conta que há mais de 2000 anos, antes do surgimento do primeiro imperador chinês, a China era divida em sete reinos que se digladiavam entre si em busca da supremacia sobre os demais. A população, como conseqüência desse estado conturbado em que vivia, enfrentou anos de mortes e destruição. Liderado por um rei (Daoming Chen) impiedoso e obcecado que pretendia tornar-se imperador de toda a China, o Reino de Qin parecia ser o mais determinado de todos.

Entretanto, esse imperador não tinha descanso. Freqüentemente, sofria com atentados contra sua vida manipulados por seus adversários políticos. Então, o rei ofereceu uma enorme recompensa para a pessoa que desse cabo dos três mais mortais assassinos da China: Espada Quebrada (Tony Leung Chiu Wai), Céu (Donnie Yen) e Neve que voa (Maggie Cheung).

O filme começa quando um guerreiro sem nome (Jet Li) se apresenta ao imperador afirmando ter matado os três assassinos trazendo consigo as armas de suas vítimas. Então, o guerreiro e o imperador conversam sobre as lutas que travaram contra esses inimigos. Entretanto, as narrativas tornam-se cada vez mais contraditórias.


Imagem de uma das espetaculares cenas de luta do filme

Imagem: http://media.adorocinema.com/media/film/images/1799/1245085619_hero08.jpg


Além de uma narrativa muito bem construída, que apresenta diferentes relatos sobre os mesmos acontecimentos que ao mesmo tempo se completam e se contradizem, é feito um trabalho de cores fantástico com cada um destes flashbacks. Assim, uma mesma história é contada mais de uma vez e em cada uma delas uma cor predomina na tela durante o relato. Cada cor simboliza uma emoção que não será revelada aqui para não estragar algumas surpresas.

O filme funciona, pois vários de seus elementos trabalham em harmonia. A música é linda e é uma extensão das emoções que se assiste na tela. Os cenários, belíssimos, realçam ainda mais os trabalhos com as cores das roupas dos personagens. As lutas fantásticas completam a ação e não tornam-se a ação em si. As lutas são uma dança e a obra completa uma poesia visual.

Tudo no filme é bonito. Quando Neve que voa e Lua (Zhang Ziyi), a ajudante de Espada Quebrada, duelam, há uma morte. Até esta morte é bonita. Na verdade, acho que é a morte mais bonita que já vi na telona.

Em comparação com O Tigre e o Dragão, eu diria que Herói é melhor também pela maior clareza que traz em sua mensagem: o heroísmo é apenas um ponto de vista. Claro que há muito mais por trás disso, mas esta mensagem mais simples é palpável para grande parte do público espectador.

Infelizmente, assistir ao filme no cinema foi ruim apenas pelas risadas de alguns espectadores quando os personagens voam ou lutam sobre a água. As lutas são metáforas e não aconteceram literalmente daquela forma. O filme retrata um mito baseado em relatos históricos, mas nem todos são capazes de perceber isso. O que é constrangedor.

Fico feliz por ter escolhido Herói para assistir na telona do Vivo Open Air. Não poderia ter feito uma escolha melhor, pois Herói é o filme de artes marciais que sempre desejei assistir.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

sábado, 20 de novembro de 2010

Harry Potter e o Cálice de Fogo



Pôster do filme

Imagem: http://img.movieberry.com/static/photos/767/poster.jpg

O diretor Mike Newell imprimiu novo fôlego a série Harry Potter no cinema. Assim como nos livros, a partir da quarta parte da saga, é impossível classificar a história do menino sobreviveu como infantil. O novo filme apresenta novos desafios e experiências, mas alguns velhos erros permanecem como uma maldição que nos fazem questionar a validade dos filmes como produtos culturais.

Alfonso Cuarón, o diretor do terceiro filme, não foi o único que conseguiu transportar um pouco da verve de J. K. Rowling presente nos livros para o cinema. Mike Newell, diretor de Harry Potter e o Cálice de Fogo, também conseguiu essa proeza. O quarto filme de Harry Potter não só é capaz de mostrar como é o dia-a-dia em Hogwarts como também aproveita muito bem alguns personagens secundários que não tiveram chance no passado (finalmente, os Gêmeos Weasley possuem mais do que uma ou duas falas).

O Cálice de Fogo deixa a infância e inocência definitivamente para trás, carrega ainda mais os tons acinzentados do excelente terceiro longa-metragem – tornando o que anteriormente era suspense, em puro terror – e revela o que, de fato, é ser um bruxo ruim.

A trama mostra Harry Potter de volta ao cotidiano de sua fabulosa escola de magias, Hogwarts, para, desta vez, participar de um torneio contra outras escolas mágicas. Porém, o maior perigo que espreita Potter não são as dificílimas provas do torneio, mas o iminente retorno de seu mais terrível inimigo: Lord Voldemort.

O filme é muito feliz no sentido de criar sensações na platéia. Alguns sustos são garantidos, a ansiedade anterior a cada prova do torneio toma conta da tela, os conflitos amorosos entre os personagens adolescentes nos fazem rir e a cena de Voldemort é sinônima de medo.




Capa do livro no qual o filme é inspirado

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsC9lqkOQe_g_T28iH7m2vtmRWEasSRjxu2M1v2KnKMEUzp1K4uDLKw8zTfuq0dikL-xLFFvC0reb1SjbtliSrTgR7FZ0axMF6joqmORZYl7LOVGNS6UFukV5rcvAprEoQYPOKW3ZM0ziX/s1600/Harry+Potter+and+the+Goblet+of+Fire+by+J+K+Rowling.jpg

Porém, apesar de tantas qualidades, infelizmente aquela sensação chata de que as coisas estão acontecendo mais rápido do que deveriam, que os atores interpretam em tom apressado como se o diretor fosse aparecer em cena para dizer que o tempo estourou está lá. E isso compromete não apenas as cenas mais interessantes, como nos fazem questionar o produto Harry Potter no cinema como um todo.

Veja bem, não é crítica de fã chato. Sou fã sim, mas não pertenço a leva de fãs arrebatados com o lançamento dos filmes no cinema. Eu já havia lido os três primeiros livros quando anunciaram o interesse da Warner Bros. em levar a série para o cinema. Minha crítica é ao produto como filme.

Não é segredo que uma adaptação necessite aparar arestas. É óbvio que nem todas as passagens do livro podem ter sua vez no cinema. O livro mesmo possui excessos. Se os diretores fizessem algo assim o filme teria mais de 9 horas de duração! Dizer que o “filme cortou mais da metade do livro” é crítica de fã chato.

Minha preocupação é para com o entendimento da trama pelo grande público. Ok. Livros e filmes se completam. Mas é justo com os não-leitores do livro oferecer um filme que deixa várias coisas no ar? É justo pagar por um ingresso para entender apenas a metade do filme, já que para entender a outra metade faz-se necessário possuir um pré-conhecimento dos livros?

Estes filmes da Warner nada mais são que grandes propagandas dos livros? Eles são um ótimo entretenimento, mas quem deseja realmente compreender a trama terá de recorrer aos livros. Não deixa de ser uma grande sacanagem, não é? Além do tom apressado, temos informações em excesso despejadas em poucos segundos e mesmo assim muita coisa fica de fora.

Mais do que fiel a um livro ou divertido, um filme precisa ser um produto que sustente-se por si só. Chegamos a quarta parte da saga e este conflito permanece, não creio mais que possa ser algo resolvido nos futuros longas-metragens. É fato consumado que quem não leu os livros, não compreenderá os filmes em sua totalidade. Então, se você gostou do que viu, parta para a leitura, pois apenas desta maneira, compreenderá a trama por completo.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

1000 acessos!



Valeu, galera!

Imagem: http://2.bp.blogspot.com/_JpCFDw0_0r4/SaCcusKRgkI/AAAAAAAAAJk/Pp7zmtSFLRA/s400/1000.jpg


Essa nota curta é só pra dizer que ontem este humilde blog atingiu a marca de 1000 acessos!

Para minha surpresa, o blog do meu vindouro livro, A Aprendiza de Elementar, atingiu essa marca primeiro (foi quase um mês de antecedência!) apesar de terem sido lançados na mesma época.

Porém, este blog pessoal (que, obviamente, é mais atualizado) virou o jogo e conta com um número de acessos diários bem superior ao outro blog (o do livro).

Mas, acredito que com a proximidade do lançamento do livro (prevista para janeiro de 2011) e a chegada de muitas novidades para contar, A Aprendiza de Elementar ganhe seus adeptos fiéis.

Obrigado a todos pelas visitas e continuem acompanhando ambos os blogs. E, aguardem, porque em breve vai rolar uma novidade muito legal por aqui...

Teaser: Autor



Ele não é um mestre elementar. Muito menos aprendiz.

Texto da segunda orelha do livro A Aprendiza de Elementar com o perfil do autor:

Filho de um mineiro e uma paraense, Khêder Henrique Ribeiro nasceu na primavera de 1982 na capital paulista, mas vive desde a infância na cidade de São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo. Enfim, ele é brasileiro.

As opções preferidas de lazer do rapaz são viajar, ler, escrever, cinema, histórias em quadrinhos e fotografia. Porém, ele sempre considerou escrever algo mais do que pura diversão. Khêder é graduado em Jornalismo e Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp).

Além de escritor, Khêder também é bancário e ministrar treinamentos para outros colaboradores na empresa em que trabalha é uma de suas atividades prediletas. A Aprendiza de Elementar é seu romance de estréia.

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban



Pôster da produção

Imagem: http://www.sauer-thompson.com/junkforcode/archives/HarryPotter%2BPrisoner.jpg

Não é qualquer diretor que mostra na primeira cena de seu filme a que veio. Alfonso Cuarón faz muito bem isso numa cena em que coloca Harry sugestivamente debaixo das cobertas de sua cama na seqüência que inicia Harry Potter e o Prisioneiro de Azkban, a terceira parte das aventuras deste simpático jovem bruxo.

É sempre bom lembrar que num filme evento como esse em que diversos interesses e um orçamento de 130 milhões de dólares estão em jogo, ter liberdade criativa é um desafio. Alfonso faz o que pode já que tinha que responder ao que fazia para, desde a criadora do personagem, J. K. Rowling e os estúdios Warner, passando pelos fãs até ao faxineiro dos sets de filmagem.

Ao contrário do pau mandado do Chris Columbus, este novo diretor deixa de lado a falta de ousadia e bom mocismo dos filmes anteriores para contar uma história mais sombria e madura que, por muitos, é considerada a melhor dos livros. Neste ponto, Cuarón teve sorte, pois uma boa trama já era boa parte do caminho percorrido. Mas não saber contar esta história seria um erro. Que, felizmente, não foi cometido.

Ele fez o que já deveria ter sido proposto antes: vamos esquecer os livros. Nas obras literárias há tramas e subtramas. Ora, um filme de duas horas e meia não pode percorrer todos estes caminhos. Ele precisa ser mais bem amarrado, então deixemos de lado os excessos para apresentar a trama principal e aproveitar melhor alguns bons personagens secundários (que sempre foram limados nos longas anteriores).

E justamente por mudar tantas coisas (o que parece desagradar muita gente) este é um filme bem superior aos seus antecessores. Mudar é a questão. Eu que li o livro prefiro ir ao cinema para ter surpresas e não ver filmada cenas que já conhecia previamente.

Isso tudo é irônico. A mudança de diretor acontece bem no filme que é a hora da virada para Harry Potter. Nesta aventura, tudo muda para o rapaz: ele está deixando de ser criança para entrar na adolescência, seu mundo de fantasia perfeito e infantil torna-se mais adulto e magicamente perigoso e o velho maniqueísmo (bem versus mal) fica para trás. Não poderia me expressar melhor do que Érico Borgo, em sua resenha para o site Omelete, "a divisão entre o bem e o mal não é mais aquele preto e branco contrastante das suas aventuras anteriores. Agora, como nas paisagens sombrias registradas por Cuarón, há uma gama de cinzas que mudará sua vida para sempre."





Wallpaper do filme

Imagem: http://www.fwallpapers.net/pics/movies/harry-potter-and-the-prisoner-of-azkaban/harry-potter-and-the-prisoner-of-azkaban_000.jpg

Em seu terceiro ano letivo em Hogwarts, Harry toma conhecimento da fuga de Sirius Black da temida prisão de segurança máxima para os bruxos, Azkaban, da qual ninguém escapara anteriormente. E todos suspeitam de que este ex-presidiário, antes aliado do grande vilão da série, Voldemort, está atrás do último descendente do clã Potter. Para protegê-lo e guardar Hogwarts, os guardas de Azkaban são destacados. A questão é que os dementadores podem significar mais problemas do que solução.

Adorei os dementadores que ficaram diferentes dos Espectros do Anel de O Senhor dos Anéis. Esses seres são como almas penadas que sugam a felicidade (e a alma) das pessoas felizes ao seu redor tirando-lhes a alegria de viver. Assim, as pessoas que sofreram grandes traumas durante suas vidas são tão vulneráveis a elas. Os dementadores são praticamente a personificação do medo e da depressão. Preciso dizer por que Harry Potter terá tantos problemas com eles?

Numa história que flerta com a sexualidade e a morte (temas que não cabiam nas tramas anteriores), o diretor encontra ainda espaço para humor refinado e negro. Há piadas que só os mais velhos captarão e piadas das quais não podemos deixar de rir. E claro muitas cenas bonitas.

O vôo de Harry no hipogrifo é minha preferida e, para mim, a única que nos três filmes captou o espírito da série de livros. Um garoto com problemas que o perseguem desde antes de nascer e que ele não sabe o porquê, mas que encontra nos raros momentos de descontração uma válvula de escape para curtir o que a vida pode oferecer de bom. Destaco as cenas que marcam as mudanças de estação com ênfase para a folha caindo demonstrando a chegada do outono. É sublime. Neste filme sim, podemos perceber que a história acontece durante um ano inteiro.

O filme não é perfeito, mas um entretenimento bem a frente da Pedra Filosofal e da Câmara Secreta. Acho que dois detalhes que foram suprimidos do filme não poderiam faltar: explicar como Sirius escapou de Azkaban e quem são os autores do Mapa do Maroto. Acho que este último detalhe é importante, pois cria uma ligação entre Harry e seu falecido pai.

As atuações são bacanas, o trio de protagonistas cresceu e conseguem ser mais verossímeis no que querem mostrar. Entre os atores mais jovens acho apenas que Tom Felton, o ator que interpreta Draco Malfoy estava melhor na Câmara Secreta. Em Azkaban, ele ficou patético com momentos exageradamente afeminados. Não gostei. Gary Oldman é Sirius Black e é uma pena aparecer tão pouco. Emma Thompson é muito divertida como a professora de adivinhação nas (apenas) três cenas em que aparece. O professor Lupin de David Thewlis torna-se tão querido e paternal quanto no livro sem ser piegas e Michael Gambon (que substitui o falecido Richard Harris) imprime um novo ar ao professor Dumbledore que dispara a todo momento frases que dançam em volta de uma tênue linha que separa a sabedoria e a loucura.

Enfim, este filme provocou em mim um efeito contrário ao primeiro filme, ele aumentou minhas expectativas com relação ao próximo (HP e o Cálice de Fogo) que é o meu livro preferido. O Prisioneiro de Azkaban vale a pena por sua proposta de transformação que traz (assim como a vida nos transforma) apresentando em um mesmo filme seres sugadores de almas e a inocência de dizer as seguintes palavras secretas para revelar um mapa mágico: Juro solenemente não fazer nada de bom.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Algumas palavras sobre Harry Potter e seus filmes



Um dos pôsteres da produção

Imagem: http://www.impawards.com/2001/posters/harry_potter_and_the_sorcerers_stone_ver4.jpg


A primeira vez que ouvir falar que fariam um filme com Harry Potter eu tinha acabado de ler o terceiro livro e fiquei contente. Na minha opinião, descobriram uma obra interessante que, sem dúvida, daria um bom filme. A expectativa cresceu com a chegada do lançamento de Harry Potter e a Pedra Filosofal e quando finalmente adquiri meu ingresso a decepção foi enorme.

Os cenários eram lindos, o personagem parecia que tinha sido arrancado do livro, os elementos estavam ali, mas aquela atmosfera, o que eu via não era Harry Potter. Dúvidas pairaram sobre a minha cabeça: Cadê aquele clima? E aquelas sacadas legais que faziam a leitura tão divertida? Onde foram parar aquelas cenas que eu considerava chaves? Que filme é esse que traz como melhor cena (a do jogo de quadribol), uma cena que não acrescenta muito a história e é totalmente dependente de efeitos especiais? E a maior das dúvidas: Por que o livro é um milhão de vezes mais mágico que o filme?

Lido alguns textos depois eu cheguei a uma conclusão a qual eu teria chegado antes se fosse um pouquinho mais entendido de cinema: Adaptação. O problema era isso! O primeiro filme exibia cenas do livro e pronto. O diretor Chris Columbus lia uma página e filmava, lia outra e fazia o mesmo. A culpa era daquele diretor infeliz que não sabia o que significava adaptar. Adaptar é o mesmo que adequar, pôr em harmonia. Tornar possível a utilização de uma obra de uma mídia (no caso, a literatura) em outra (no caso, o cinema).

Veja bem: jogar inúmeras informações de uma obra impressa (a qual podemos voltar e reler quantas vezes forem necessárias para absorvermos tudo) num filme (um tipo de obra mais rápida que nos exigia captar uma informação na primeira vez em que ela aparece) é um grande erro. Você pode falar, "mas quando vejo um filme posso aperta 'voltar' e ver novamente". Sim, quando você vê um filme na sua casa. No cinema, não podemos falar para o projetor: "Ei, volta essa cena que eu não entendi".

Assim, minhas questões foram respondidas aos poucos. Cadê aquele clima? Aquele clima foi pro espaço com aquelas cenas curtas (o filme parece uma série de quadros desconexos entre si) intercaladas por cortes bruscos. Isso aconteceu porque o Chris quis colocar mais informações que o necessário. E aquelas sacadas legais que faziam a leitura tão divertida? Isso é um problema do cinema, no caso. A obra original é um livro que utiliza recursos estilísticos próprios da literatura que não poderiam ser "filmados" na tela grande. Isso perde-se mesmo. Ou poderia ser posto de outra forma por um diretor mais visionário, valendo-se dos recursos próprios da linguagem cinematográfica.




O primeiro pôster de Harry Potter e a Pedra Filosofal, o primeiro filme da série

Imagem: http://www.impawards.com/2001/posters/harry_potter_and_the_sorcerers_stone_ver1.jpg


Onde foram parar aquelas cenas que eu considerava chaves? Elas desaparecem em detrimentos de cenas menos importantes que agradariam os fãs. Que filme é esse que traz como melhor cena (a do jogo de quadribol), uma cena que não acrescenta muito a história e é totalmente dependente de efeitos especiais? Neste ponto, podemos observar a visão restrita de um diretor extremamente comercial que pensou na magia que aparece nos livros como sinônimo de efeitos especiais. Estes são o grande atrativo do filme. Mais do que a história, os personagens ou as emoções em jogo. E a maior das dúvidas: Por que o livro é um milhão de vezes mais mágico que o filme? Porque o livro não foi escrito pelo Columbus (rs). Na verdade, talvez porque EU goste mais de literatura do que cinema, não sei dizer. É uma pergunta subjetiva e pessoal demais para responder com certeza.

Enfim, não dava para ir ao cinema esperando ver esta ou aquela cena do livro e meus anseios diminuíram bastante quando assisti a Harry Potter e a Câmara Secreta. Talvez por isso tenha achado a seqüência menos ruim. O grande defeito do primeiro filme foi suavizado: aquela terrível sensação de estar assistindo a uma série de episódios e não a um filme. Praticamente todas as cenas tinham alguma importância para estarem ali e faziam a história andar (o que não acontece no primeiro) e não aparecem somente para agradar aos fãs do livro. Lembrem-se: tem muita gente que nunca leu os livros e quer apenas curtir uma sessão de cinema. Eu arriscaria dizer até que algumas cenas desse segundo filme superam as do livro, principalmente nas de ação. Mas, no meu conceito, ambos os filmes estão a quilômetros de distância de entrarem numa lista de grandes filmes.

Uma cena que demonstra minha frustração com a Câmara Secreta é justamente no seu final: a cena em que as lágrimas da Fênix curam as feridas de Harry. Quem assistiu ao filme me diga: o que era aquilo? Por favor, aquela infeliz cena parecia final de filminho B da Sessão da Tarde! No livro, é uma cena muito bacana que denota esperança e dá forças para o protagonista antes de sua prova final. O que foi que fizeram?

Há um detalhe que gosto de falar para todos prestarem atenção: as cenas em que Harry chama sua coruja pelo nome foram todas editadas em HP e a Pedra Filosofal, ou seja, quem não leu o livro e apenas viu o primeiro filme não sabe que aquela linda coruja branca chama-se Edwiges. O mais engraçado é que em todas as cenas do segundo filme em que a coruja aparece, Harry a chama pelo nome. Talvez esta foi uma precaução do Columbus para não editar o nome de Edwiges novamente, ou seja, se a coruja aparecer, dirão o nome dela (rs). Pode reparar.

Para alguém como eu que leu os livros, parece que pegaram as obras e as esfaquearam (assim como Harry fez com o diário de Tom Riddle). E não falo isso por cortarem cenas dos livros (tem muita coisa ruim e chata que não devia aparecer mesmo), mas por os filmes não captarem o clima, a substância, o espírito, a verve da Rowling, sei lá, o que faz da obra literária um entretenimento bacana.

Foi então que anunciaram que o diretor do terceiro filme seria outro e as coisas poderiam tomar um novo rumo.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.