segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Site Oficial



Print do visual do site

Queridos leitores deste blog, venho por meio deste post divulgar o lançamento do meu site oficial! Sim, o Khêder Henrique - Site Oficial (www.khederhenrique.com.br) já está no ar!

Essa nova página integra os meus blogs Khêder Henrique - Tire seus sonhos da gaveta e A Aprendiza de Elementar, traz diversas novidades e muitas informações sobre mim através de fotos, perfis e algumas curiosidades que podem até surpreender alguns conhecidos.

Além é claro de disponibilizar mais alguns aperitivos (ficha de personagens, descrições de Myruna, etc.) sobre meu primeiro romance (A Aprendiza de Elementar) previsto para ser lançado em janeiro.

Enfim, espero que visitem o site e expressem suas opiniões a respeito. Tenham todos uma ótima semana!

Site Oficial



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Queridos leitores deste blog, venho por meio deste post divulgar o lançamento do meu site oficial! Sim, o Khêder Henrique - Site Oficial (www.khederhenrique.com.br) já está no ar!

Essa nova página integra os meus blogs Khêder Henrique - Tire seus sonhos da gaveta e A Aprendiza de Elementar, traz diversas novidades e muitas informações sobre mim através de fotos, perfis e algumas curiosidades que podem até surpreender alguns conhecidos.

Além é claro de disponibilizar mais alguns aperitivos (ficha de personagens, descrições de Myruna, etc.) sobre meu primeiro romance (A Aprendiza de Elementar) previsto para ser lançado em janeiro.

Enfim, espero que visitem o site e expressem suas opiniões a respeito. Tenham todos uma ótima semana!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Top Five - Novembro 2010

Agora com vocês os 5 posts mais lidos do mês de novembro:

1º lugar: Os elementares

O post mais acessado do mês é justamente um em que revelo, pela primeira vez, um pouco sobre o mundo onde se passa a história de A Aprendiza de Elementar. Abordo, finalmente, quem são e o que fazem os elementares.

2º lugar: Teaser: Elemiah

A brincadeira de realizar um teaser com uma foto retirada da net e manipulada no Photoshop para torná-la desenho rendeu acessos. Neste mês, o teaser da Elemiah foi mais acessado que o da Kiara.

3º lugar: Trecho do livro

Fiquei contente em saber que o primeiro trecho do livro disponibilizado rendeu muitos acessos e comentários (alguns até pessoalmente!). Só aumenta minha espectativa com a proximidade do lançamento do livro.

4º lugar: A Jornada do Herói

Esse post é muito legal e torci muito para que ele aparecesse por aqui neste mês! Essa postagem aborda a Jornada do Herói, um padrão que permeia diversas obras de fantasias em diferentes culturas e explicada em detalhes pelo estudioso em mitologias Joseph Campbell em seu livro o Herói de Mil Faces. Esse livro mudou minha vida. Leitura obrigatória pra qualquer leitor que goste de um bom livro de ficção e fantasia!

5º lugar: A sinopse oficial

Essa post permanece como uma das postagens mais lidas dos mês. Afinal, se o blog é sobre o livro, nada mais justo que o post que mais fale sobre ele, seja também o mais procurado.

Top Five - Novembro 2010

Confira comigo as postagens mais acessadas no mês de novembro:

1º lugar: Mulher-Maravilha

O post mais lido do mês foi um texto despretencioso sobre a mais conhecida heroína dos quadrinhos americanos: a princesa Diana. É um texto antigo sobre uma publicação muito legal que resgata histórias clássicas da personagem. A maravilhosa merece.

2º lugar: Hoje é dia de Maria

Este é outro post muito acessado que também trata de uma obra que possui uma protagonista feminina: Hoje é dia de Maria. Uma sensacional mini-série da Globo que mistura a linguagem do teatro com a da televisão.

3º lugar: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

No embalo do lançamento da primeira parte do último filme do mais famoso bruxo do cinema, eu decidi republicar um antigo texto sobre o terceiro filme da série. Que, na minha humilde opinião, é um dos melhores devido a direção competente do mexicano Alfonso Cuarón. Eu me orgulho muito deste texto. Estava empolgado quando o produzi.

4º lugar: Donnie Darko

Fiquei contente por este texto entrar no Top Five deste mês. Donnie Darko é um dos filmes mais interessantes que assisti nos últimos anos. Ele é bom. Simplesmente por isso é uma obra cultuada por tantos cinéfilos. Vale a pena conferir.

5º lugar: Leitura X Internet

Esse texto foi produzido há alguns anos, mas permanece atual. Nele, insiro opiniões pessoais sobre a temática do hábito da leitura e o advento da internet. Considero-o interessante.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Personalidade



Criar a personalidade de um personagem é sempre um desafio

Imagem: http://psicologoemportovelho.com.br/wp-content/uploads/2010/09/personalidade.jpg

Após falar sobre Criatividade, A Organização das Idéias, O Repertório e a Linguagem Entrecortada e os Diálogos, chegamos a criação de Personalidade.

Quando narramos uma história, ela é recheada de personagens com diversas características. As físicas são importantes, mas não tanto quanto as psicológicas. Afinal, serão as segundas que irão determinar como cada personagem irá agir em situações diversas.

Muitos autores recomendam que criemos uma ficha de cada personagem. Eu também recomendo. Isso é imprescindível.

Para criar uma personalidade você pode se basear em pessoas que conhece e também se colocando no lugar delas. Por ter uma formação em Jornalismo utilizo muito esta segunda técnica. Eu me coloco no lugar de determinado alguém para imaginar como ele ou ela reagiria diante de uma situação hipotética.

Por exemplo, se eu fosse uma garota tímida e pobre que vive em uma cidade do interior sem perspectivas profissionais e um dia descobrisse que é dona de uma gigantesca fortuna. Como eu reagiria a isso? Eu guardaria o dinheiro? O gastaria sem pensar? Essa fortuna me afastaria de meus amigos? Claro sempre tendo em mente o tipo de criação que teve. O porquê de ela possuir as características que tem. O que a levou a ser tímida, por exemplo?

Trata-se de um grande exercício de imaginação, mas com fundamentos. Não dá para crer que um personagem de 10 anos fará deduções brilhantes dignas de um Sherlock Holmes por mais inteligente que seja. Especialmente, se as deduções dependessem de conhecimentos que não são comuns a uma criança de 10 anos. Por exemplo, algo que envolva drogas ou sexo.



Treine seu poder de observação para criar personalidades mais próximas do real

Imagem: http://psiadolescentes.files.wordpress.com/2007/08/faces-2-port.jpg

Tudo tem que estar dentro de um contexto que justifique aquelas ações. Justifique reações diversas por parte de um mesmo personagem.

Sempre falo e acredito que exercitar a habilidade da observação é fundamental para qualquer escritor. Fique mais atento ao seu redor. Repare em seus amigos, como eles caminham e se vestem. Como e o que dizem. Como agem quando estão em grupo ou sozinhos. Observe as pessoas estranhas a você na rua.

E, claro, assista a muitos filmes e leia bastante. Com o tempo, você mesmo irá se tornar um crítico mediano e começará a notar quando determinada atuação de um ator ou ação descrita por um autor em um livro não condiz com a personalidade de um personagem. Será frustrante descobrir que isso ocorre bem mais do que gostaríamos. Mas não iremos cometer o mesmo erro, não é verdade?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Peixe Grande



Um dos cartazes da produão

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpundtBI0SSnLJFQrLk6USyZXjnO2fnD3OscWjcpQRnqf4P9IlJKuF7Py1QRcDY3KAxhXYLw9GuBE5E4YO75rkFAi33PujBXG80ZgZC-5sIGC4PMqZIr8LkCelU8NcyWhQHU2AU-RT72E/s1600/bigfish_02.jpg



A verdade e a mentira são como o bem e o mal: não existem desconectados um do outro. Quem nunca participou daquela brincadeira “telefone sem fio” em que os participantes contam uns aos outros a mesma história, mas ao seu término o conto final possui diferenças significativas com o inicial? Na realidade, o mesmo acontece quando uma anedota é passada adiante. Cada um possui uma maneira de contar uma história para torná-la mais interessante.

Até mesmo jornalisticamente falando é assim. Por mais objetivo que o repórter seja, ele faz escolhas quando produz seu texto. Dá voz a determinadas fontes, escreve sobre o ocorrido de uma maneira particular e, obviamente, sua opinião pessoal está embutido no texto. Mesmo que isso não seja perceptível.

As histórias maravilhosas de Peixe Grande não são notas jornalísticas, mas fatos que aconteceram durante a vida de Ed Bloom (Albert Finney e Ewan McGregor). Ele possui uma maneira toda especial de narrar suas sagas para seu filho Will Bloom (Billy Crudup). Porém, o jovem fica frustrado com as narrativas do seu pai por considerá-las todas inverdades. Quando Will descobre que o pai está com problemas de saúde, ele decide descobrir quem realmente foi Ed Bloom e as histórias reais por trás das sagas fantásticas que ele tanto ouvira quando criança.

Peixe Grande é um filme maravilhoso por tratar de um assunto atemporal e essencialmente humano: a vida e o poder de nossa imaginação. A vida, por si só, pode ser triste e vazia aos olhos de um pessimista ou cético que a encara friamente em busca de um sentido para ela. Porém, para alguém com imaginação e que saiba aproveitá-la ela é a mais fantástica das aventuras. E isso será perceptível quando esse alguém narrar suas crônicas. Ele engrandecerá os fatos e suas narrativas serão tão instigantes que permanecerão vívidas na mente de seus ouvintes por muito tempo.



O gigante é um dos personagens principais das narrativas do protagonista

Imagem: http://gnout.files.wordpress.com/2009/07/big-fish.jpg

Ed Bloom é esse alguém. Ele não conta mentiras, apenas enaltece os pontos mais relevantes de suas memórias para tornar suas narrativas mais atraentes. E isso fascina como toda grande história que escutamos. É como mitologia, lendas ou contos de fadas.

Não estou afirmando que os deuses gregos caminharam sobre a Terra ou que a Branca de Neve realmente existiu. Acontece que eles podem ter sido inspirados em pessoas reais. Uma mulher muito bonita pode ter levado um poeta a criar uma canção sobre uma deusa da beleza. De seres humanos como quaisquer outros, com o tempo, tornaram-se lendas a medida em que a narrativa foi sendo passada oralmente de geração em geração.

Agora, una toda essa magia que o filme possui com uma bela trilha sonora, uma fotografia cuidadosa e atuações precisas – com destaque para Ewan Mcgregor que representa o típico herói de narrativas fantásticas: inocente, esperto, corajoso e aventureiro. Não há como ser um filme ruim. A película faz jus ao seu slogan... “um filme tão maravilhoso quanto a própria vida”.


Texto originalmente publicado no site
Raciocínio Rápido.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Herói



Um dos cartazes da produção

Imagem:
http://media.adorocinema.com/media/film/images/1799/1245085618_heroposter06.jpg

Adorei O Tigre e o Dragão. Trata-se de um filme de artes marciais totalmente diferente do que já havia visto na vida. Sim, as lutas são lindamente bem coreografadas. Entretanto, o mais interessante no filme é que as cenas de luta não são seu aspecto principal. Há um enredo bem construído e personagens carismáticos. Mas há detalhes na película que incomodam e o tornam, em alguns momentos, demasiadamente longo. Quando pensei que nunca mais veria um filme de artes marciais daquele nível, eu assisti a Herói.

Herói é simplesmente tudo o que O Tigre e o Dragão poderia ter sido e não foi. Ainda gosto da saga em torno da espada Destino Verde, porém a trama que decidirá o destino da China ancestral é perfeita. Faz tempo que não assisto a um filme que funciona tão bem em tantos e tão diferentes aspectos. Pensando bem, devo estar vendo muitos filmes ruins ultimamente...

A história do filme conta que há mais de 2000 anos, antes do surgimento do primeiro imperador chinês, a China era divida em sete reinos que se digladiavam entre si em busca da supremacia sobre os demais. A população, como conseqüência desse estado conturbado em que vivia, enfrentou anos de mortes e destruição. Liderado por um rei (Daoming Chen) impiedoso e obcecado que pretendia tornar-se imperador de toda a China, o Reino de Qin parecia ser o mais determinado de todos.

Entretanto, esse imperador não tinha descanso. Freqüentemente, sofria com atentados contra sua vida manipulados por seus adversários políticos. Então, o rei ofereceu uma enorme recompensa para a pessoa que desse cabo dos três mais mortais assassinos da China: Espada Quebrada (Tony Leung Chiu Wai), Céu (Donnie Yen) e Neve que voa (Maggie Cheung).

O filme começa quando um guerreiro sem nome (Jet Li) se apresenta ao imperador afirmando ter matado os três assassinos trazendo consigo as armas de suas vítimas. Então, o guerreiro e o imperador conversam sobre as lutas que travaram contra esses inimigos. Entretanto, as narrativas tornam-se cada vez mais contraditórias.


Imagem de uma das espetaculares cenas de luta do filme

Imagem: http://media.adorocinema.com/media/film/images/1799/1245085619_hero08.jpg


Além de uma narrativa muito bem construída, que apresenta diferentes relatos sobre os mesmos acontecimentos que ao mesmo tempo se completam e se contradizem, é feito um trabalho de cores fantástico com cada um destes flashbacks. Assim, uma mesma história é contada mais de uma vez e em cada uma delas uma cor predomina na tela durante o relato. Cada cor simboliza uma emoção que não será revelada aqui para não estragar algumas surpresas.

O filme funciona, pois vários de seus elementos trabalham em harmonia. A música é linda e é uma extensão das emoções que se assiste na tela. Os cenários, belíssimos, realçam ainda mais os trabalhos com as cores das roupas dos personagens. As lutas fantásticas completam a ação e não tornam-se a ação em si. As lutas são uma dança e a obra completa uma poesia visual.

Tudo no filme é bonito. Quando Neve que voa e Lua (Zhang Ziyi), a ajudante de Espada Quebrada, duelam, há uma morte. Até esta morte é bonita. Na verdade, acho que é a morte mais bonita que já vi na telona.

Em comparação com O Tigre e o Dragão, eu diria que Herói é melhor também pela maior clareza que traz em sua mensagem: o heroísmo é apenas um ponto de vista. Claro que há muito mais por trás disso, mas esta mensagem mais simples é palpável para grande parte do público espectador.

Infelizmente, assistir ao filme no cinema foi ruim apenas pelas risadas de alguns espectadores quando os personagens voam ou lutam sobre a água. As lutas são metáforas e não aconteceram literalmente daquela forma. O filme retrata um mito baseado em relatos históricos, mas nem todos são capazes de perceber isso. O que é constrangedor.

Fico feliz por ter escolhido Herói para assistir na telona do Vivo Open Air. Não poderia ter feito uma escolha melhor, pois Herói é o filme de artes marciais que sempre desejei assistir.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

sábado, 20 de novembro de 2010

Harry Potter e o Cálice de Fogo



Pôster do filme

Imagem: http://img.movieberry.com/static/photos/767/poster.jpg

O diretor Mike Newell imprimiu novo fôlego a série Harry Potter no cinema. Assim como nos livros, a partir da quarta parte da saga, é impossível classificar a história do menino sobreviveu como infantil. O novo filme apresenta novos desafios e experiências, mas alguns velhos erros permanecem como uma maldição que nos fazem questionar a validade dos filmes como produtos culturais.

Alfonso Cuarón, o diretor do terceiro filme, não foi o único que conseguiu transportar um pouco da verve de J. K. Rowling presente nos livros para o cinema. Mike Newell, diretor de Harry Potter e o Cálice de Fogo, também conseguiu essa proeza. O quarto filme de Harry Potter não só é capaz de mostrar como é o dia-a-dia em Hogwarts como também aproveita muito bem alguns personagens secundários que não tiveram chance no passado (finalmente, os Gêmeos Weasley possuem mais do que uma ou duas falas).

O Cálice de Fogo deixa a infância e inocência definitivamente para trás, carrega ainda mais os tons acinzentados do excelente terceiro longa-metragem – tornando o que anteriormente era suspense, em puro terror – e revela o que, de fato, é ser um bruxo ruim.

A trama mostra Harry Potter de volta ao cotidiano de sua fabulosa escola de magias, Hogwarts, para, desta vez, participar de um torneio contra outras escolas mágicas. Porém, o maior perigo que espreita Potter não são as dificílimas provas do torneio, mas o iminente retorno de seu mais terrível inimigo: Lord Voldemort.

O filme é muito feliz no sentido de criar sensações na platéia. Alguns sustos são garantidos, a ansiedade anterior a cada prova do torneio toma conta da tela, os conflitos amorosos entre os personagens adolescentes nos fazem rir e a cena de Voldemort é sinônima de medo.




Capa do livro no qual o filme é inspirado

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsC9lqkOQe_g_T28iH7m2vtmRWEasSRjxu2M1v2KnKMEUzp1K4uDLKw8zTfuq0dikL-xLFFvC0reb1SjbtliSrTgR7FZ0axMF6joqmORZYl7LOVGNS6UFukV5rcvAprEoQYPOKW3ZM0ziX/s1600/Harry+Potter+and+the+Goblet+of+Fire+by+J+K+Rowling.jpg

Porém, apesar de tantas qualidades, infelizmente aquela sensação chata de que as coisas estão acontecendo mais rápido do que deveriam, que os atores interpretam em tom apressado como se o diretor fosse aparecer em cena para dizer que o tempo estourou está lá. E isso compromete não apenas as cenas mais interessantes, como nos fazem questionar o produto Harry Potter no cinema como um todo.

Veja bem, não é crítica de fã chato. Sou fã sim, mas não pertenço a leva de fãs arrebatados com o lançamento dos filmes no cinema. Eu já havia lido os três primeiros livros quando anunciaram o interesse da Warner Bros. em levar a série para o cinema. Minha crítica é ao produto como filme.

Não é segredo que uma adaptação necessite aparar arestas. É óbvio que nem todas as passagens do livro podem ter sua vez no cinema. O livro mesmo possui excessos. Se os diretores fizessem algo assim o filme teria mais de 9 horas de duração! Dizer que o “filme cortou mais da metade do livro” é crítica de fã chato.

Minha preocupação é para com o entendimento da trama pelo grande público. Ok. Livros e filmes se completam. Mas é justo com os não-leitores do livro oferecer um filme que deixa várias coisas no ar? É justo pagar por um ingresso para entender apenas a metade do filme, já que para entender a outra metade faz-se necessário possuir um pré-conhecimento dos livros?

Estes filmes da Warner nada mais são que grandes propagandas dos livros? Eles são um ótimo entretenimento, mas quem deseja realmente compreender a trama terá de recorrer aos livros. Não deixa de ser uma grande sacanagem, não é? Além do tom apressado, temos informações em excesso despejadas em poucos segundos e mesmo assim muita coisa fica de fora.

Mais do que fiel a um livro ou divertido, um filme precisa ser um produto que sustente-se por si só. Chegamos a quarta parte da saga e este conflito permanece, não creio mais que possa ser algo resolvido nos futuros longas-metragens. É fato consumado que quem não leu os livros, não compreenderá os filmes em sua totalidade. Então, se você gostou do que viu, parta para a leitura, pois apenas desta maneira, compreenderá a trama por completo.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

1000 acessos!



Valeu, galera!

Imagem: http://2.bp.blogspot.com/_JpCFDw0_0r4/SaCcusKRgkI/AAAAAAAAAJk/Pp7zmtSFLRA/s400/1000.jpg


Essa nota curta é só pra dizer que ontem este humilde blog atingiu a marca de 1000 acessos!

Para minha surpresa, o blog do meu vindouro livro, A Aprendiza de Elementar, atingiu essa marca primeiro (foi quase um mês de antecedência!) apesar de terem sido lançados na mesma época.

Porém, este blog pessoal (que, obviamente, é mais atualizado) virou o jogo e conta com um número de acessos diários bem superior ao outro blog (o do livro).

Mas, acredito que com a proximidade do lançamento do livro (prevista para janeiro de 2011) e a chegada de muitas novidades para contar, A Aprendiza de Elementar ganhe seus adeptos fiéis.

Obrigado a todos pelas visitas e continuem acompanhando ambos os blogs. E, aguardem, porque em breve vai rolar uma novidade muito legal por aqui...

Teaser: Autor



Ele não é um mestre elementar. Muito menos aprendiz.

Texto da segunda orelha do livro A Aprendiza de Elementar com o perfil do autor:

Filho de um mineiro e uma paraense, Khêder Henrique Ribeiro nasceu na primavera de 1982 na capital paulista, mas vive desde a infância na cidade de São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo. Enfim, ele é brasileiro.

As opções preferidas de lazer do rapaz são viajar, ler, escrever, cinema, histórias em quadrinhos e fotografia. Porém, ele sempre considerou escrever algo mais do que pura diversão. Khêder é graduado em Jornalismo e Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp).

Além de escritor, Khêder também é bancário e ministrar treinamentos para outros colaboradores na empresa em que trabalha é uma de suas atividades prediletas. A Aprendiza de Elementar é seu romance de estréia.

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban



Pôster da produção

Imagem: http://www.sauer-thompson.com/junkforcode/archives/HarryPotter%2BPrisoner.jpg

Não é qualquer diretor que mostra na primeira cena de seu filme a que veio. Alfonso Cuarón faz muito bem isso numa cena em que coloca Harry sugestivamente debaixo das cobertas de sua cama na seqüência que inicia Harry Potter e o Prisioneiro de Azkban, a terceira parte das aventuras deste simpático jovem bruxo.

É sempre bom lembrar que num filme evento como esse em que diversos interesses e um orçamento de 130 milhões de dólares estão em jogo, ter liberdade criativa é um desafio. Alfonso faz o que pode já que tinha que responder ao que fazia para, desde a criadora do personagem, J. K. Rowling e os estúdios Warner, passando pelos fãs até ao faxineiro dos sets de filmagem.

Ao contrário do pau mandado do Chris Columbus, este novo diretor deixa de lado a falta de ousadia e bom mocismo dos filmes anteriores para contar uma história mais sombria e madura que, por muitos, é considerada a melhor dos livros. Neste ponto, Cuarón teve sorte, pois uma boa trama já era boa parte do caminho percorrido. Mas não saber contar esta história seria um erro. Que, felizmente, não foi cometido.

Ele fez o que já deveria ter sido proposto antes: vamos esquecer os livros. Nas obras literárias há tramas e subtramas. Ora, um filme de duas horas e meia não pode percorrer todos estes caminhos. Ele precisa ser mais bem amarrado, então deixemos de lado os excessos para apresentar a trama principal e aproveitar melhor alguns bons personagens secundários (que sempre foram limados nos longas anteriores).

E justamente por mudar tantas coisas (o que parece desagradar muita gente) este é um filme bem superior aos seus antecessores. Mudar é a questão. Eu que li o livro prefiro ir ao cinema para ter surpresas e não ver filmada cenas que já conhecia previamente.

Isso tudo é irônico. A mudança de diretor acontece bem no filme que é a hora da virada para Harry Potter. Nesta aventura, tudo muda para o rapaz: ele está deixando de ser criança para entrar na adolescência, seu mundo de fantasia perfeito e infantil torna-se mais adulto e magicamente perigoso e o velho maniqueísmo (bem versus mal) fica para trás. Não poderia me expressar melhor do que Érico Borgo, em sua resenha para o site Omelete, "a divisão entre o bem e o mal não é mais aquele preto e branco contrastante das suas aventuras anteriores. Agora, como nas paisagens sombrias registradas por Cuarón, há uma gama de cinzas que mudará sua vida para sempre."





Wallpaper do filme

Imagem: http://www.fwallpapers.net/pics/movies/harry-potter-and-the-prisoner-of-azkaban/harry-potter-and-the-prisoner-of-azkaban_000.jpg

Em seu terceiro ano letivo em Hogwarts, Harry toma conhecimento da fuga de Sirius Black da temida prisão de segurança máxima para os bruxos, Azkaban, da qual ninguém escapara anteriormente. E todos suspeitam de que este ex-presidiário, antes aliado do grande vilão da série, Voldemort, está atrás do último descendente do clã Potter. Para protegê-lo e guardar Hogwarts, os guardas de Azkaban são destacados. A questão é que os dementadores podem significar mais problemas do que solução.

Adorei os dementadores que ficaram diferentes dos Espectros do Anel de O Senhor dos Anéis. Esses seres são como almas penadas que sugam a felicidade (e a alma) das pessoas felizes ao seu redor tirando-lhes a alegria de viver. Assim, as pessoas que sofreram grandes traumas durante suas vidas são tão vulneráveis a elas. Os dementadores são praticamente a personificação do medo e da depressão. Preciso dizer por que Harry Potter terá tantos problemas com eles?

Numa história que flerta com a sexualidade e a morte (temas que não cabiam nas tramas anteriores), o diretor encontra ainda espaço para humor refinado e negro. Há piadas que só os mais velhos captarão e piadas das quais não podemos deixar de rir. E claro muitas cenas bonitas.

O vôo de Harry no hipogrifo é minha preferida e, para mim, a única que nos três filmes captou o espírito da série de livros. Um garoto com problemas que o perseguem desde antes de nascer e que ele não sabe o porquê, mas que encontra nos raros momentos de descontração uma válvula de escape para curtir o que a vida pode oferecer de bom. Destaco as cenas que marcam as mudanças de estação com ênfase para a folha caindo demonstrando a chegada do outono. É sublime. Neste filme sim, podemos perceber que a história acontece durante um ano inteiro.

O filme não é perfeito, mas um entretenimento bem a frente da Pedra Filosofal e da Câmara Secreta. Acho que dois detalhes que foram suprimidos do filme não poderiam faltar: explicar como Sirius escapou de Azkaban e quem são os autores do Mapa do Maroto. Acho que este último detalhe é importante, pois cria uma ligação entre Harry e seu falecido pai.

As atuações são bacanas, o trio de protagonistas cresceu e conseguem ser mais verossímeis no que querem mostrar. Entre os atores mais jovens acho apenas que Tom Felton, o ator que interpreta Draco Malfoy estava melhor na Câmara Secreta. Em Azkaban, ele ficou patético com momentos exageradamente afeminados. Não gostei. Gary Oldman é Sirius Black e é uma pena aparecer tão pouco. Emma Thompson é muito divertida como a professora de adivinhação nas (apenas) três cenas em que aparece. O professor Lupin de David Thewlis torna-se tão querido e paternal quanto no livro sem ser piegas e Michael Gambon (que substitui o falecido Richard Harris) imprime um novo ar ao professor Dumbledore que dispara a todo momento frases que dançam em volta de uma tênue linha que separa a sabedoria e a loucura.

Enfim, este filme provocou em mim um efeito contrário ao primeiro filme, ele aumentou minhas expectativas com relação ao próximo (HP e o Cálice de Fogo) que é o meu livro preferido. O Prisioneiro de Azkaban vale a pena por sua proposta de transformação que traz (assim como a vida nos transforma) apresentando em um mesmo filme seres sugadores de almas e a inocência de dizer as seguintes palavras secretas para revelar um mapa mágico: Juro solenemente não fazer nada de bom.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Algumas palavras sobre Harry Potter e seus filmes



Um dos pôsteres da produção

Imagem: http://www.impawards.com/2001/posters/harry_potter_and_the_sorcerers_stone_ver4.jpg


A primeira vez que ouvir falar que fariam um filme com Harry Potter eu tinha acabado de ler o terceiro livro e fiquei contente. Na minha opinião, descobriram uma obra interessante que, sem dúvida, daria um bom filme. A expectativa cresceu com a chegada do lançamento de Harry Potter e a Pedra Filosofal e quando finalmente adquiri meu ingresso a decepção foi enorme.

Os cenários eram lindos, o personagem parecia que tinha sido arrancado do livro, os elementos estavam ali, mas aquela atmosfera, o que eu via não era Harry Potter. Dúvidas pairaram sobre a minha cabeça: Cadê aquele clima? E aquelas sacadas legais que faziam a leitura tão divertida? Onde foram parar aquelas cenas que eu considerava chaves? Que filme é esse que traz como melhor cena (a do jogo de quadribol), uma cena que não acrescenta muito a história e é totalmente dependente de efeitos especiais? E a maior das dúvidas: Por que o livro é um milhão de vezes mais mágico que o filme?

Lido alguns textos depois eu cheguei a uma conclusão a qual eu teria chegado antes se fosse um pouquinho mais entendido de cinema: Adaptação. O problema era isso! O primeiro filme exibia cenas do livro e pronto. O diretor Chris Columbus lia uma página e filmava, lia outra e fazia o mesmo. A culpa era daquele diretor infeliz que não sabia o que significava adaptar. Adaptar é o mesmo que adequar, pôr em harmonia. Tornar possível a utilização de uma obra de uma mídia (no caso, a literatura) em outra (no caso, o cinema).

Veja bem: jogar inúmeras informações de uma obra impressa (a qual podemos voltar e reler quantas vezes forem necessárias para absorvermos tudo) num filme (um tipo de obra mais rápida que nos exigia captar uma informação na primeira vez em que ela aparece) é um grande erro. Você pode falar, "mas quando vejo um filme posso aperta 'voltar' e ver novamente". Sim, quando você vê um filme na sua casa. No cinema, não podemos falar para o projetor: "Ei, volta essa cena que eu não entendi".

Assim, minhas questões foram respondidas aos poucos. Cadê aquele clima? Aquele clima foi pro espaço com aquelas cenas curtas (o filme parece uma série de quadros desconexos entre si) intercaladas por cortes bruscos. Isso aconteceu porque o Chris quis colocar mais informações que o necessário. E aquelas sacadas legais que faziam a leitura tão divertida? Isso é um problema do cinema, no caso. A obra original é um livro que utiliza recursos estilísticos próprios da literatura que não poderiam ser "filmados" na tela grande. Isso perde-se mesmo. Ou poderia ser posto de outra forma por um diretor mais visionário, valendo-se dos recursos próprios da linguagem cinematográfica.




O primeiro pôster de Harry Potter e a Pedra Filosofal, o primeiro filme da série

Imagem: http://www.impawards.com/2001/posters/harry_potter_and_the_sorcerers_stone_ver1.jpg


Onde foram parar aquelas cenas que eu considerava chaves? Elas desaparecem em detrimentos de cenas menos importantes que agradariam os fãs. Que filme é esse que traz como melhor cena (a do jogo de quadribol), uma cena que não acrescenta muito a história e é totalmente dependente de efeitos especiais? Neste ponto, podemos observar a visão restrita de um diretor extremamente comercial que pensou na magia que aparece nos livros como sinônimo de efeitos especiais. Estes são o grande atrativo do filme. Mais do que a história, os personagens ou as emoções em jogo. E a maior das dúvidas: Por que o livro é um milhão de vezes mais mágico que o filme? Porque o livro não foi escrito pelo Columbus (rs). Na verdade, talvez porque EU goste mais de literatura do que cinema, não sei dizer. É uma pergunta subjetiva e pessoal demais para responder com certeza.

Enfim, não dava para ir ao cinema esperando ver esta ou aquela cena do livro e meus anseios diminuíram bastante quando assisti a Harry Potter e a Câmara Secreta. Talvez por isso tenha achado a seqüência menos ruim. O grande defeito do primeiro filme foi suavizado: aquela terrível sensação de estar assistindo a uma série de episódios e não a um filme. Praticamente todas as cenas tinham alguma importância para estarem ali e faziam a história andar (o que não acontece no primeiro) e não aparecem somente para agradar aos fãs do livro. Lembrem-se: tem muita gente que nunca leu os livros e quer apenas curtir uma sessão de cinema. Eu arriscaria dizer até que algumas cenas desse segundo filme superam as do livro, principalmente nas de ação. Mas, no meu conceito, ambos os filmes estão a quilômetros de distância de entrarem numa lista de grandes filmes.

Uma cena que demonstra minha frustração com a Câmara Secreta é justamente no seu final: a cena em que as lágrimas da Fênix curam as feridas de Harry. Quem assistiu ao filme me diga: o que era aquilo? Por favor, aquela infeliz cena parecia final de filminho B da Sessão da Tarde! No livro, é uma cena muito bacana que denota esperança e dá forças para o protagonista antes de sua prova final. O que foi que fizeram?

Há um detalhe que gosto de falar para todos prestarem atenção: as cenas em que Harry chama sua coruja pelo nome foram todas editadas em HP e a Pedra Filosofal, ou seja, quem não leu o livro e apenas viu o primeiro filme não sabe que aquela linda coruja branca chama-se Edwiges. O mais engraçado é que em todas as cenas do segundo filme em que a coruja aparece, Harry a chama pelo nome. Talvez esta foi uma precaução do Columbus para não editar o nome de Edwiges novamente, ou seja, se a coruja aparecer, dirão o nome dela (rs). Pode reparar.

Para alguém como eu que leu os livros, parece que pegaram as obras e as esfaquearam (assim como Harry fez com o diário de Tom Riddle). E não falo isso por cortarem cenas dos livros (tem muita coisa ruim e chata que não devia aparecer mesmo), mas por os filmes não captarem o clima, a substância, o espírito, a verve da Rowling, sei lá, o que faz da obra literária um entretenimento bacana.

Foi então que anunciaram que o diretor do terceiro filme seria outro e as coisas poderiam tomar um novo rumo.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Os Elementares



Os clássicos quatro elementos: o fogo, a água, o ar e a terra

Esse é o blog oficial de A Aprendiza de Elementar, meu romance de estréia. Já falei por aqui a respeito da polêmica do título aprendiza, mas ainda não falei do termo elementar. Nos teasers da Kiara, Elemiah e Lucius, eu os relacionei com alguns elementos da natureza. Mas, então, o que são os elementares?

Os elementares são um grupo de estudiosos com a habilidade singular de manipular conforme sua vontade os sete elementos myrunianos presentes na natureza.



A luz, o gelo e as trevas

Os sete elementos myrunianos são: a água, a terra, o fogo, o ar, o gelo, a luz e as trevas. Por mais que tente, nenhuma elementar consegue controlar com a mesma eficácia todos os sete elementos. Em geral, um aprendiz descobre uma afinidade para um destes elementos e evolui em seus estudos desenvolvendo místicas cada vez mais poderosas baseadas nesse elemento específico.

A MÍSTICA

Além dos setes elementos myrunianos, os elementares dedicam-se ao estudo da mística. Segundo eles, a mística é uma energia primoridal de onde tudo nasce e para onde tudo retorna quando morre. Até mesmo os setes elementos myrunianos surgiram da mística.

Diálogos



Os diálogos são vitais em qualquer texto narrativo Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWfkE1l95BI3fJMMWnVPOagReAevO0nilG_A_k-t729ak7l2csuoPbxoNxlLK89iTq_-izk1JebhnFXDNNQsMr3eoJfLhDw3CkkmxL1dG9knUK5nuGyVGfx-mJhhnfsqv9HWQAfNpabNCH/s400/dialogo.jpg


Após falar sobre Criatividade, A Organização das Idéias, O Repertório e a Linguagem Entrecortada, hoje é a vez dos diálogos.

Os diálogos são de suma importância para qualquer tipo de história narrativa. Afinal, nós somos o que nós também falamos. Talvez não tanto quanto o que fazemos ou comemos, mas o que dizemos tem um peso enorme sobre a impressão que passamos aos que estão ao nosso redor.

Ao criar um diálogo é necessário ter em mente as características do personagem que irá proferir determinada fala. Uma mesma frase pode ser dita por um personagem tímido e outro extrovertido. Mas a forma de falar e até mesmo a entonação será diferente. Como em um texto não há a voz falada, é necessário descrever elementos que remetam a isso. Um personagem tímido falará mais baixo (sussurrando, por exemplo) do que um personagem mais extrovertido.

Também é importante lembrar que as maneiras de falar serão distintas também. Um personagem mais erudito pode ter um vocabulário mais requintado. Um personagem desprovido de estudos poderá cometer erros de gramática e concordância.



Além de dar vida, é preciso dar voz aos nossos personagens

Imagem: http://cyberdiet.terra.com.br/cyberdiet/imagens/interacao/original/4/a-importancia-da-voz-4-107.jpg


Além de tudo isso, ainda existe o meio onde tudo ocorre. Um mesmo personagem não fala da mesma forma no ambiente de trabalho e na balada. Enquanto no primeiro, precisa ser mais "sério e profissional", no segundo caso, estará mais descontraído.

Um executivo dificilmente utilizará gírias, mas se o fizer certamente será em bem menos quantidade e frequência do que um adolescente da perifería.

É engraçado ficar utilizando estereótipos (figuras ou arquétipos que construímos do mundo real), mas funcionam para nos remeter a imagem de certas figuras comuns em nossa sociedade. A partir delas, podemos criar os personagens divertidos e diferenciados que chamem atenção em nossas histórias.

Pegue o exemplo de uma avó muito boazinha. À mente de muita gente virá a imagem de uma Vovó Benta qualquer. Aquela senhora de terceira idade que faz tudo por seus netos prepara os pratos mais deliciosos que poderíamos desejar, mas que dificilmente chamaríamos para ir a balada com a gente. A partir desta idéia pode surgir o diferencial, o inovador. Imagine a avó que sempre leva a netinha ao tatuador e também se tatua. Ou aquela outra senhora que prefere praticar esportes radicais do que ficar em casa fazendo diferentes receitas de tortas de bolo.

Enfim, escrever é sempre um exercício de imaginação. Quando damos vida a alguns personagens, nós temos que lhe dar vozes também. Então, que seja da forma mais adequada.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Procura-se Amy



Um dos cartazes da produção

Imagem: http://www.buscafilme.com.br/wp-content/uploads/2010/09/procura-se-amy.jpg


Holden MacNeil (Ben Affleck) é um desenhista em ascensão que apaixona-se pela bela Alyssa Jones (Joey Lauren Adams), a roteirista de uma história em quadrinhos pouco conhecida. Holden está disposto a tudo para conquistá-la, entretanto, esse romance pode ser bem mais difícil do que ele imagina, pois ela é lésbica. A partir de uma inusitada história de amor, este filme de Kevin Smith discorre sobre o amor, amizade, preconceito, padrões e o sexo em toda sua extensão.

Procura-se Amy não é uma história de amor simplesmente, é uma história sobre relacionamentos humanos. Em diversos sentidos. A situação inusitada em que os personagens principais se encontram é o estopim para discussões interessantíssimas sobre o que consideramos amor e sexo e os padrões da sociedade que, de tão difundidos, nos fazem preconceituosos sem percebermos.

Os diálogos inspirados de Kevin Smith são precisos para nos provocar e nos fazer refletir sobre o que é normal ou convencional. Aliás, termos bem discutíveis. O que fazemos de nossas vidas é apenas conseqüência do que disseram que era certo para nós durante a infância, ou seja, valores estabelecidos pela sociedade ou decisões que tomamos sem a influência de ninguém? A resposta parece ser óbvia, mas não tão simples de ser respondida.

A discussão do filme é tão provocante porque ataca justamente os jovens que, na década de 90, achavam-se entendidos de sexo ou pessoas descoladas que toleravam qualquer coisa cujo preconceito estava longe de ser um de seus defeitos. Na película, o personagem principal é um destes jovens que não entendem como duas mulheres podem fazer sexo ou que considera o sexo algo estritamente físico.



O diretor nerd Kevin Smith

Imagem: http://pautalivrenews.com.br/wp-content/2009/04/2009/09/67135.jpg


Bem distante da imagem que essa juventude possa querer ostentar, na realidade, ela é preconceituosa até sem querer, ainda precisa abrir muito mais a sua mente e compreender que sexo e amor são coisas bem distintas embora estejam interligadas.

Fora a discussão sobre a temática principal do filme que renderia páginas e mais páginas, o filme traz como pano de fundo um pouco sobre o mundo das histórias em quadrinhos. E alguns diálogos são engraçadíssimos como o que abre o filme sobre o trabalho de uma arte-finalista (o profissional que passa nanquim sobre a arte do desenhista dando mais profundidade e forma ao desenho a lápis) que um fã teima em não acreditar que aquele artista ganhe para “passar tinta por cima do desenho”. Todo arte-finalista deve escutar isso.

Outras conversas divertidas são travadas sobre a sexualidade de determinados personagens das HQs ou de mensagens subliminares escondidas em alguns ícones da cultura pop (você nunca deve ter imaginado Star Wars da forma como é apresentada no filme). Mas isso tudo é recheio, a temática principal nunca deixa de ser o debate sobre o verdadeiro sentido do amor. O que é mais importante? Quem ou como amamos?

Antes que esqueça, não há nenhuma personagem chamada Amy na trama. “Procura-se Amy” é uma metáfora criada por Silent Bob (interpretado pelo próprio Kevin Smith) que resolve falar e dar uma pequena aula sobre as escolhas erradas que podemos tomar quando amamos. Se a metáfora fosse explicada aqui, todo o filme perderia sua magia.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

sábado, 13 de novembro de 2010

Homem de Ferro 2

A armadura que "brota da maleta" é de encher os olhos
Ao contrário da maioria dos produtores hollywoodianos que acredita que uma sequência precisa ser sempre maior que o filme original (leia-se mais ação e explosões), o diretor Jon Favreau segue o sentido contrário (e mais seguro) de manter o que deu certo no trabalho anterior. Assim, o foco permance nos personagens ao invés das armaduras e todas as subtramas do enredo são consequências naturais dos eventos mostrados no primeiro filme de 2008.

Em Homem de Ferro 2, Tony Stark (Robert Downey Jr.) possui  basicamente três grandes problemas a enfrentar: o governo dos Estados Unidos quer a armadura do Homem de Ferro; o reator que o salvara no primeiro filme, o mantém vivo e dá vida à armadura do Homem de Ferro começa a envenená-lo; e um homem ligado ao passado da família Stark deseja destruir o herói.

Dentro deste contexto, as cenas de ação são bem pontuais, mas espetaculares e devidamente bem inseridas na trama. Pra mim, a melhor é a primeira com Ivan Vanko (Mickey Rourke) invadindo a corrida de Fórmula 1. Plasticamente, a cena é impecável. Ver o vilão fatiando os carros com seus chicotes de energia é sensacional. E a armadura que brota da maleta de Stark e sua transformação em Homem de Ferro é de encher os olhos.

Ivan Marko (Michey Rouke) protagoniza a melhor cena de ação do filme

Após um início explosivo, o ritmo do filme muda bastante devido a postura autodestrutiva do protagonista. O que incomodou muita gente. Entretanto, não é este recheio (que aliás termina com a bela cena em que Tony compreendo qual o legado deixado por seu pai) do filme que me incomoda, mas sim seu terceiro ato.

Fica evidente a necessidade do estúdio em incorporar elementos ao filme para chamar a atenção do expectador para o vindouro filme dos Vingadores. Assim, apesar do filme ser do Homem de Ferro, Natasha Romanov, a Viúva Negra (Scarlett Johansson), e Nick Fury (Samuel L. Jackson) também estão por lá. E a tal iniciativa Vingadores é um assunto recorrente. O que no primeiro filme eram pistas e referências para expectadores mais atentos aqui virou algo excessivo.

Também é divertido ver o Máquina de Combate (Don Cheadle) na tela, mas em muitos momentos o "Homem de Ferro genérico e turbinado" fica sobressalente em cena. Ou seja, sem ter muito o que fazer porque o Tony Stark já está por lá. Isso fica evidente quando o vilão do filme controla o Máquina de Combate para liderar o ataque a Stark Expo 2010.

O clímax do filme é emocionante e resume bem os conflitos apresentados previamente com direito a cenas para Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), Viúva Negra e até para o motorista Happy Hogan (ponta do próprio diretor Favreu), mas o excesso de armaduras e robôs em cena tira um pouco o que Tony Stark tem de único. Parece que qualquer um pode ser um Homem de Ferro. Basta entrar sorrateiramente na casa do Stark e roubar na garagem dele uma das armaduras Mark. Enfim, um excelente filme de ação, mas sem dúvida uma nota abaixo do filme original.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Batman Begins



O pôster da produção

Imagem: http://www.cryptomundo.com/wp-content/uploads/batman_begins.jpg

Bruce Wayne Begins poderia ser outro título do novo filme do Homem-Morcego. Por que? Porque o alter ego do Batman finalmente começa a aparecer nos filmes do herói. Antes ele aparecia por obrigação ou para mostrar o rosto do ator que o interpretava. Apenas agora são revelados os motivos que levaram um milionário, que tinha tudo para curtir a vida até o fim dos seus dias, a gastar seu tempo combatendo o crime e literalmente varrendo sua cidade da corrupção e injustiça. Apenas esses dois aspectos seriam suficientes para creditar esse filme como o melhor de todos. Mas Batman Begins é muito mais que isso.

Aliás, dizer que Batman Begins é melhor que os filmes anteriores do morcegão é uma tremenda ofensa. Um filme bom tem a obrigação de ser superior as bat-tranqueiras e batcartões de créditos que nos ofereceram no passado. Um filme bom. Mas Begins é ótimo e como tal garante entretenimento inteligente mostrando respeito pelo espectador.

Como todo filme deveria ser – adaptação de histórias em quadrinhos ou não -, Begins segue uma fórmula que não possui segredos, mas é pouquíssimo utilizada: una bons atores a um diretor visionário e um roteiro decente. Com esses ingredientes é dificílimo errar.

Os bons atores estão em todos os cantos do elenco estelar. Christian Bale interpreta múltiplos papéis: o Batman, o Bruce Wayne fanfarrão, o verdadeiro Bruce Wayne e as variações desses personagens que se entrelaçam. Afinal de contas, todas são apenas um. Michael Caine dá vida a um Alfred Pennyworth que existia apenas nos quadrinhos até então. Os sorrisos e olhares do mordomo inglês dizem mais do que discursos inteiros, mas quando o bom velhinho abre a boca torna-se ainda responsável pelas melhores passagens cômicas do longa. A cena em que Alfred resgata o herói após sua primeira grande derrota e dirige com os olhos prestes a derramar lágrimas é singela.

As boas atuações estão em todos os lugares, por isso é perda de tempo ir muito longe com isso. Mas vão desde o vilão até o rapaz que interpreta Bruce Wayne quando criança.

O visionário diretor escolhido foi o genial Christopher Nolan que buscou contar a história de um ponto de vista extremamente realista para uma adaptação dos quadrinhos. Até as acrobacias do Batmóvel possuem explicação. E, acredite, funcionam. Mas nada disso seria suficiente sem um roteiro inteligente com reviravoltas interessantíssimas. Por isso, Nolan buscou o apoio do roteirista David Goyer, que compensa o diretor no que diz respeito a familiaridade com os personagens das histórias em quadrinhos.



O novo "batmóvel" é um tanque de guerra!

Imagem: http://www.icicom.up.pt/blog/pipoca/arquivos/batcar1.jpg

Desta forma, vemos na telona, com fidelidade total e as adaptações necessárias (algumas tão boas que deveriam ser incorporadas às histórias do personagem nos quadrinhos), um jovem milionário que presenciou o assassinato dos próprios pais. E que, a duras penas, saiu de seu mundo perfeito para aprender sobre o mundo a seu redor, o sistema decadente que gera criminosos todos os dias com o intuito de encontrar uma maneira de lutar contra a injustiça. A jornada é longa e tortuosa, mas Wayne descobrirá como usar o medo – no caso, o seu próprio temor de morcegos – contra aqueles que instigam o medo no coração dos inocentes.

Quando Batman surge na tela, aparecendo e desaparecendo nas sombras, usando seus apetrechos tecnológicos – o mais fantástico deles, o carro que ganha status de personagem – e as técnicas de combate que aprendeu, temos um filme forte, denso e violento na medida certa.

Alguns excessos existem. O filme não é perfeito. Bale falando na “voz do Batman” parece ridículo a primeira vista, mas justificável no contexto da história. Se Rachel Dawes (Katie Holmes) não ajuda, também não atrapalha. E o diferencial do filme está em sua primeira metade que não mostra capas e heróis e na narrativa entrecortada que vai e volta no tempo, mas em sua segunda metade é um filme de herói como outros. Melhor, mas semelhante.

Nesse ponto, percebemos como é fácil cair na armadilha de fazer e vender algo idiota e cair na babaquice do passado. Nolan, além do seu trabalho como diretor, tinha outra dificuldade: fazer um filme com o herói de Gotham City quando ainda está na cabeça das pessoas o fiasco, a bomba, o pesadelo Batman & Robin, de 1997. E ele conseguiu.

Mas não deixa de passar pela minha cabeça que um outro filme como esse não existirá mais. Ainda mais com as declarações do Goyer do tipo, “nunca mais teremos outra história de origem”. Fica a torcida para que, se continuarem com a cinessérie, mantenham o nível de realismo e suspense desse longa para gerar aventuras igualmente inovadoras protagonizadas pelo Cavaleiro das Trevas.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Hoje é Dia de Maria



Pôster da série

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjysKc4OjhRiRW4QQxQDLSXTinYi69raGjZ2mXJISgDj4kMklRMUE4MFdDomKfD9Dpc-MusoUMcwpE3DFJf3y0qaN-_g-3K92a_jGtXM1P6pI7AdgCKf0gPcBQ7kGO0cFvJuSaYeuxWKv7D/s1600/hojeedia1.jpg


Hoje é dia de Maria é uma micro-série em 8 episódios, produzida pela Rede Globo e levada ao ar durante o mês de janeiro de 2005. O programa resgata elementos do folclore e cultura popular brasileiros para criar uma história totalmente nova que se passa em um Brasil mágico e atemporal, mas que, como toda boa mitologia, nos faz refletir sobre o mundo ao nosso redor e os absurdos que existem nele bem mais do que em qualquer fantasia.

A série narra a história de Maria (Carolina Oliveira), uma garota esperta e sagaz que vive no sertão. Ela mora em uma roça que já deu de comer para muita gente, mas que hoje está abandonada, pois seu Pai (Osmar Prado) passou a beber após a morte da esposa e da partida dos irmãos de Maria em busca de uma vida melhor longe dali. Um dia, aparece na roça a Madrasta (Fernanda Montenegro), uma viúva que Maria acredita poder curar a tristeza do pai se casando com ele. Porém, após o casamento, Maria descobre que a Madrasta é uma megera e deseja apenas enriquecer as custas do marido e explorá-la com os serviços domésticos. Então, Maria foge de casa em busca das franjas do mar com uma chavinha, dada por sua mãe, que ela acredita ser capaz de abrir seu mais precioso tesouro. Para atingir sua meta, a jovem viverá aventuras em sua tentativa de atravessar o sertão.

Hoje é dia de Maria é uma grande fábula cujas algumas metáforas são bem óbvias como a caminhada de Maria pelo sertão rumo ao mar que simboliza o rito de passagem da infância para idade adulta. Há algumas pitadas da famosa jornada do herói, ou seja, Maria parte em uma aventura em busca de algo de valor, porém seu maior tesouro será o amadurecimento que adquirirá durante sua viagem. Existe também o famoso guardião, que manifesta-se de diversas formas (todas interpretadas por Rodolfo Vaz) para auxiliar o herói em sua jornada.

Ao apresentar uma charmosa protagonista, a série também trás um interessante contraponto para ela na pele de Asmodeu (Stênio Garcia), o tinhoso em pessoa. Asmodeu é um ser folclórico que rouba a alma das pessoas ingênuas que não percebem que, na realidade, estão vendendo sua alma ao demônio. Ele não pode matar ou provocar uma desgraça diretamente. Ele é ardiloso e instiga os sentimentos ruins nas pessoas, também gera o conflito no coração dos seres humanos e pode até fazer nevar no sertão. Embora seja um ser cheio de poderes mágicos capaz até de roubar a infância de Maria – em uma das cenas mais felizes da televisão nos últimos tempos –, sua principal fraqueza é a crença de que é mais poderoso e inteligente do que realmente é.



Um dos cenários da obra

Imagem: http://www.spoiler3.blogger.com.br/HOJE%20DIA%20MARIA%20(2005).gif

Existem diversos personagens interessantes que aparecem durante a trama e infelizmente não há espaço para discorrer sobre todos neste espaço, mas alguns exigem uma menção obrigatória. Embora coadjuvantes, os Executivos (Charles Fricks e Leandro Castilho) roubam a cena quando aparecem para bater em defuntos que lhe deviam dinheiro enquanto vivos. A batalha de Maria contra eles é uma das melhores cenas da micro-série. Embora curta e singela, a cena é extremamente eficaz para o contexto da história.

Rodrigo Santoro interpreta o Amado de Maria, um pássaro que a acompanha em sua jornada durante o dia, mas que durante a noite transforma-se em homem.

Juliana Carneiro da Cunha, que interpreta a Mãe de Maria e as aparições de Nossa Senhora da Conceição, é irritante. Ela aparece para aconselhar Maria durante suas andanças, mas sempre com um ar de piedade exagerado. Parece que ela vai cair em prantos a qualquer instante. Que tipo de ajuda é essa?

Outro destaque fica para os belíssimos cenários que foram construídos dentro de um gigantesco domo que, na verdade, era a bolha do palco principal do Rock in Rio que foi transportado para o Projac. A idéia foi da diretora de arte Lia Renha, que imaginou um estúdio sem quinas, diferente dos tradicionais estúdios retangulares. Essa idéia beneficiou muito a produção, pois as cenas poderiam ser rodadas em 360º e os efeitos especiais ganham mais vida. As chuvas, por exemplo, molham o solo de verdade. Outro merecido destaque vai para o Grupo Giramundo, um grupo especializado em teatro de bonecos, responsáveis por todos os “animais” em cena.

Como bem disse o excelente ator Daniel de Oliveira, que interpreta o palhaço Quirino, em entrevista ao programa Altas Horas: “Hoje é dia de Maria é um sonho na televisão brasileira”. Duas linguagens foram mescladas (a do teatro e da TV) para criar algo totalmente original. Una a isso fantásticas interpretações e uma cenografia única e podemos acreditar que ainda existe esperança para televisão.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Trecho do livro



Os caminhos são diversos. Nossas escolhas, únicas.

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Dentro dos padrões de publicação da Editora Novo Século, que irá lançar A Aprendiza de Elementar em janeiro, toda obra possui duas orelhas: uma atrás da capa que traz um trecho relevante do livro e outra atrás da quarta capa que traz um perfil do autor.

Reproduzo abaixo o trecho do livro que será reproduzido na primeiro orelha. Escolhi tal trecho, pois o livro, apesar de ser uma aventura de fantasia infanto-juvenil, percorre alguns temas, sendo que uma das temáticas centrais é o poder das nossas escolhas.

Kiara teve vontade de chorar por ser considerada medrosa. Elemiah continuou:

- Eu imagino que para você seja bom se agarrar a certas regras e viver uma vida como quem segue a um manual onde está escrito como se comportar em todos os tipos de situações. Como agir quando nos apaixonamos por alguém. Como agir quando não obtemos aquilo que desejamos. Ou quando alguém querido falece... – Uma lágrima rolou do rosto de Kiara ao escutar estas palavras. – Infelizmente, odeio iludir os outros. Mas tal manual não existe. A jornada da vida não é uma linha reta. Não é um caminho sem tropeços e obstáculos. Está mais para um labirinto repleto de desafios onde continuamente somos testados. Continuamente temos de fazer escolhas. Algumas conscientes e outras não. Algumas mais relevantes que outras. Mas sempre temos que lidar com as conseqüências das decisões que tomamos, mesmo, às vezes, não sabendo aonde o caminho que escolhemos nos levará.

As Brumas de Avalon



Morgana e a Excalibur

Imagem: http://www.esoterikpark.de/avalon.jpg

Por falta de tempo, atenção ou até mesmo vontade deixamos para depois o contato com alguma obra. Seja um filme ou livro recomendados por amigos. Esse foi o caso de As Brumas de Avalon, da autora Marion Zimmer Bradley, que eu infelizmente posterguei sua leitura por anos. Grande erro da minha parte.

As Brumas de Avalon é uma quatrilogia que retrata a saga do Rei Arthur de uma forma inovadora: sob o ponto de vista das mulheres que fizeram parte da vida do lendário rei. Desta forma, o próprio Arthur é um personagem coadjuvante em sua saga.

Assim, Morgana, a irmã de Arthur, é quem protagoniza a série literária. Ela é uma feiticeira da ilha de Avalon atormentada por visões que a assombram desde a infância. Avalon é uma ilha mítica onde surgiu uma milenar religião pagã que é posta em xeque com o avanço do cristianismo por toda a Bretanha. Viviane, a líder de Avalon, tutora de Morgana e a personagem mais impressionante de toda a saga, mostra-se capaz de absolutamente tudo para salvar a religião de Avalon do esquecimento. Até mesmo utilizar os mais insuspeitos subterfúgios para manipular os demais personagens a agirem como ela deseja.

Mas também somos apresentados às vozes de Igraine, mãe do rei; Guinevere, sua esposa; Morgause, sua ambicio tia, o que torna toda a história ainda mais rica e complexa. Cada uma delas possui seus próprios interesses e formas diferentes de envolver Arthur para que este atenda a seus caprichos.

Mais do que uma novela, Marion dá voz as mulheres tão reprimidas em toda a história da humanidade. Com sua forma de narração ela consegue nos brindar com toda a complexidade que envolve os atos femininos retratados na obra. E, além narrar as intrigas e conspirações que maculam Camelot, Marion também retrata com muita habilidade os panos de fundos religiosos e políticos que dão ainda mais vitalidade e veracidade ao seu enredo.



Imagem da versão televisiva da obra

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Ela estabelece um contexto em que não há certo e errado, mas apenas visões diferentes sobre a vida. Devido às maquinações de Viviane, a Senhora do Lago, Arthur é levado ao trono apoiado por Avalon. Entretanto, o rei se casa com uma fervorosa católica, Guinevere, que insiste em instituir o catolicismo como a religião oficial da Bretanha e banir os rituais pagãos da religião de Avalon que Arthur jurou resguardar.

São tantos meandros e personagens interessantes e bem explorados que fica até mesmo complicado escrever uma resenha sobre o assunto. As temáticas também são diversas, há desde paixões proibidas (segundo preceitos católicos), passando por ousadas cenas de sexo, até abordagens do homossexualismo (que não é condenado pela religião de Avalon).

Por sua grandiosidade e riqueza de detalhes para nos fazer mergular em um universo de magias e feitos grandiosos totalmente instigado por paixões e crenças pessoais, fica aqui o meu convite para você também conhecer esta maravilhosa obra.

As Brumas de Avalon também possui uma versão televisiva (na verdade, um filme para tv que você encontra em uma versão de mais de 3 horas de duração em DVD) que obviamente não possui o mesmo charme da versão em papel. Mas que, por outro lado, nos apresenta atuações competentes e uma trilha sonora arrebatadora.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A Identidade Bourne



Cartaz do filme

Imagem: http://www.omelete.com.br/imagens/cinema/news/posters/identidade_bourne.jpg


Estavam em falta bons filmes de espionagem em Hollywood. Os espiões, personagens sempre tão charmosos na literatura que dependem mais do cérebro do que dos músculos em suas tramas, vivem no cinema aventuras cada vez mais físicas e cheias de ação desenfreada cujas resoluções são facilmente alcançadas por meio de socos e pontapés. Quando Jason Bourne aparece na tela em A Identidade Bourne podemos acreditar que ainda exista esperança para o gênero.

Baseado no romance homônimo de Robert Ludlum o filme narra a história de um agente secreto que não sabe quem é ou se lembra de sua última missão. Sua memória mais antiga é a primeira cena do filme, ou seja, tanto personagem quanto espectadores ficam desnorteados. O filme começa com Jason sendo resgatado por um grupo de pescadores quando boiava no mar desacordado e baleado. Em busca de respostas, segue sua única pista: o número de uma conta de banco que estava armazenada em uma pequena lanterna implantada cirurgicamente em sua cintura(!).

E descobre que é uma máquina de combate que não sabe como saber fazer o que faz. Apenas o faz. Quando abordado por policiais, Bourne sabe se defender como ninguém. Quando entra em um local, ele procura as saídas mais próximas. E ainda sabe falar diversos idiomas. É como se seu cérebro trabalhasse contra sua vontade. Por rápidos flashes descobrirá que falhou em uma missão. Mas que missão era essa? Quem são seus chefes que não admitem falhas e agora querem eliminá-lo? Bourne precisa viver para encontrar as respostas.

Diferente de 007, mais preocupado em ser cool e disparar “Bond, James Bond” para lá e para cá (o que não faz muito sentido para um agente secreto ficar dizendo seu verdadeiro nome para qualquer um), ou Missão Impossível, cujas revelações surpreendentes se resumem aquelas ridículas máscaras de borracha que escondem a verdadeira identidade do agente, A Identidade Bourne, mostra um mundo de espionagem mais próximo do real.




Bourne em ação

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG5orJm5VkipnjxR7pLhPsabsuYYix61RBo_wGmlPjrTLEdkOQnFaKnlGnsQfqwJq6JKZEPWxid87mIp-olpttguWwGWCDnk1VyMtTijfTWuwyMIn1QBOo_JWGZTiWRt0qTJ5a3qrVsegX/s400/jason-bourne-picture.jpg


Bourne não confia em ninguém. Ao invés de máscaras, possui inúmeras identidades. Como espião, ele apenas se torna invisível para não ser encontrado evitando as rotas mais previsíveis enquanto segue em sua jornada pela Europa. E o perigo, de fato, o espreita a todo momento.

Muito do que Jason Bourne é na tela deve-se a interpretação competente de Matt Damon que não é um declarado ator de filmes de ação. Ele é mais dramático. E isso é fundamental para um personagem que se expressa mais por um olhar do que através de palavras. E Franka Potente (Corra, Lola Corra) não interpreta uma “Bourne girl”, mas uma civil sem rumos na vida que é pega no meio do fogo cruzado.

Somando este elenco ao diretor Doug Liman (que sempre filma as cenas de seus filmes), temos um filme hollywoodiano diferente da maioria de Hollywood. Não há explosões grandiosas. Não há ação sem necessidade e a câmera se mexe tanto quanto o protagonista se move pela Europa.

É um filme mais intimista que se foca bem mais nos fortes personagens que apresenta do que nos grandiosos feitos que Bourne ou seus rivais podem executar.

Em 2004, chegou aos cinemas a seqüência intitulada A Supremacia Bourne que parece manter o nível da produção original. A obra de Ludlum é composta por três volumes, fica a torcida para filmarem também O Ultimato de Bourne.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.