sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Teaser: Elemiah




Serena como uma brisa. Poderosa como um furacão.

Esse é outro teaser de "brincadeira" para os protagonistas de A Aprendiza de Elementar. Assim como o teaser da Kiara, trata-se de uma fotografia qualquer que pego na internet e trato no Photoshop com aquele efeito para transformar uma foto em desenho.

O resultado é interessante, mas lembro novamente que nenhuma destas imagens será utilizada na divulgação do livro ou até mesmo aparecerão nele.

Bom fim de semana a todos.

Top Five - Outubro 2010

Olha aí a seleção dos 5 posts mais acessados do mês de outubro:

1º lugar: Papo Fantástica - 16/10/2010: Review

O post mais acessado do mês é um texto jornalístico. Uma resenha sobre um evento de literatura muito interessante que participei.

2º lugar: A organização das idéias

Esse é um texto sobre dicas de escrita feito especialmente para todas aquelas pessoas que tem bloqueios para escrever. Pelo visto, muita gente recorreu a ele. Espero que tenha ajudado.

3º lugar: Os benefícios da leitura

Olha só! Muita gente quer saber porque ler é bom. O mais legal desse post é que ele tem fundamento. Não foi nada escrito da minha cabecinha não. Não é opinião pessoal não. É o que diz o MEC!

4º lugar: A brincadeira de resenhar

Eu me orgulho desse texto. É um escrito antigo da época da faculdade de Jornalismo (nota: concluí esta facul em 2005!) que eu aponto o que é e o que eu considero uma boa resenha (um tipo de resumo crítico). Apesar de antigo, o texto ainda tem força e se tornou um dos posts mais acessados do mês.

5º lugar: O repertório

Muita gente me escreve pedindo dicas de como escrever melhor. Talvez seja porque agora me tornarei um escritor publicado, seja pela minha formação em Jornalismo. Não sei dizer. Mas aqui está um dos posts mais acessados do blog que é justamente um que fala sobre algo muito importante na hora de escrever: o repertório. Se você ainda não leu, vale a pena conferir.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Top Five - Outubro 2010

Os cinco posts mais acessados no mês de outubro:

1 º lugar: A sinopse oficial (do livro)

Apesar de ser o primeiro post, ainda se mantém como o mais acessado. Não é pra menos. Se este é o blog o livro, nada mais natural que o post mais acessado seja justamente o que fala mais sobre a obra.

2º lugar: Aprendiza: a polêmica do nome

Esse post foi um dos que eu mais me divertido escrevendo. E o que mais gerou polêmicas. Aprendiz ou Aprendiza? O nome do livro está errado? Como assim? Calma que nesse post você confere toda a explicação.

3º lugar: Teaser: Kiara

Olha só... uma brincadeira boba se tornou um dos 5 posts mais lidos do mês! Dá pra acreditar? Peguei uma fotinho qualquer da internet e tratei no Photoshop para causar aquele efeito de desenho. Apenas por diversão. E tem gente achando que se tratava da capa do livro!!! Wow!

4º lugar: Heróis X Vilões

Um post sobre minhas impressões pessoais sobre o bem e o mal rendeu muitos acessos também.

5º lugar: Grandia

Olha só... um jogo de RPG antigo. Pra Playstation One. Um dos melhores jogos que já joguei na vida se tornou um dos posts mais acessados neste primeiro mês de vida do blog. Demais!

Você já pensou em escrever um livro?



A capa da obra

Imagem: http://www.livrariasaraiva.com.br/imagem/imagem.dll?pro_id=140484&tam=2


Escrever é uma atividade muito prazerosa. É claro que há dias em que estamos mais inspirados do que outros, mas passar suas idéias para o papel não é algo muito complicado. E, logicamente, há pessoas com mais habilidade para esse hábito do que outras, mas todos podem escrever. Basta ter disposição e persistência. Essa é uma das lições que o livro Você já pensou em escrever um livro?, da autora Sonia Belloto, nos transmite.

O título da obra não poderia ser mais direto. Através de um texto gostoso de se ler (li o livro em 3 horas) a autora nos apresenta sua visão, algumas regras e dicas a respeito do mundo do mercado editorial. Ela nos ensina desde técnicas para produzir bons textos até explicações de como publicar um livro sendo um autor novato.

É engraçado que Sonia começa falando sobre as maravilhas de ser um escritor. E, ao final da obra, muda o tom e passa a explicitar as dificuldades do mercado e de se publicar um livro não sendo um escritor conhecido. Ela nos faz nos aproximarmos de um sonho e depois o coloca mais distante de nós.

Devido ao seu tamanho (o livro possui 128 páginas), a obra não se aprofunda muito nos aspectos dos quais aborda. Porém, a superficialidade é balanceada pelo volume de informações que traz em suas páginas. Em alguns momentos, até a história das técnicas de escrita é mencionada.

O livro é um convite a escrever. Acho que agrada mais a quem não possui esse hábito do que quem já o pratica. Muito do que é dito eu sabia de antemão, pois grande parte da bibliografia eu já li. E ler uma idéia em seu contexto original é outra história. Destaco na bibliografia o livro O herói de mil faces, de Joseph Campbell (leitura obrigatória para aqueles que gostam de contar ou ouvir e ler histórias).

Esse convite a escrever, talvez, também seja um chamado a participar da Fábrica de Textos, um projeto que estimula as pessoas a perderem aquele bloqueio que possuem quando tentam rabiscar algumas idéias no papel entre outras atividades. O livro parece ser um resumo dos cursos oferecidos por esse projeto. Aliás, o livro é um produto desta iniciativa. O site do projeto é o www.fabricadetextos.com.br.

Pessoalmente, acho que escrever é uma atividade intelectual tão interessante quanto ler. Por isso leio e escrevo sempre que posso.


Título: Você já pensou em escrever um livro?
Autora: Sonia Belloto
Editora: SAMM
Preço: R$ 19.90
Ano de Publicação: 2003
Número de Páginas: 128

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Neon Genesis Evangelion

Ainda falando sobre minhas influências, hoje vou falar sobre Yoshiyuki Sadamoto, um autor de mangás (quadrinhos japoneses) que desenha muito e criou uma das séries mais legais dos últimos anos: Neon Genesis Evangelion. Confira comigo no replay.



Rei, Shinji e Asuka com seus Evas ao fundo

Imagem: http://www.animelime.com/series/neon-genesis-evangelion.jpg



Esta série é publicada originalmente na revista Shonen Ace desde fevereiro de 1995. Ela é escrita e desenhada por Yoshiyuki Sadamoto. O mangá nos conta que, no ano 2000, um imenso meteoro chocou-se contra o círculo polar ártico. O incidente é chamado de “O Segundo Impacto”, a maior catástrofe já presenciada pela raça humana. Isso afetou o ecossistema do planeta e metade da população mundial foi dizimada pelas conseqüências da tragédia. Após 15 anos, a humanidade está se recuperando, porém, seres conhecidos como “anjos” começam a atacar a cidade de Tokyo-3. Para combatê-los, são criados ciborgues humanóides que só podem ser pilotados por crianças. Portanto, a salvação da humanidade, está nas mãos destes jovens.

Muito mais do uma história que traz batalhas entre monstros e robôs gigantes, o mangá apresenta uma trama com uma carga dramática nunca antes vista em outras histórias. Os personagens são extremamente complexos e surpreendentemente reais. O protagonista, Shinji Ikari, é um garoto comum de 14 anos que se isolou do contato com outras pessoas desde que seu pai o deixou na casa de seus tios quando tinha apenas 4 anos. Uma década depois, Gendou Ikari, pai de Shinji, o convoca para pilotar o Eva e livrar Tokyo-3 de mais um anjo.

Shinji é a segunda criança. A primeira é a inexpressiva Rei Ayanami, talvez, a mais interessante personagem da série, pois, justamente por sua inabilidade em demonstrar suas emoções nos faz valorizar tanto os sentimentos das pessoas e demais personagens. A terceira criança é a explosiva Asuka Langley, uma garota super inteligente que formou-se na faculdade com apenas 14 anos de idade. Porém, abaixo desta aparente perfeição encontra-se uma garota frágil e cheia de temores.



Asuka, Shinji e Rei

Imagem: http://f00.inventorspot.com/images/evangelion1.jpg

Eu poderia ficar falando de cada personagem e toda a aura de realidade e mistério que envolve cada um deles, mas isto tomaria tempo demais. É preferível falar da série como um todo. Neon Genesis Evangelion é uma ficção científica com pitadas de ação, drama e muito suspense, onde as informações nos são fornecidas a conta gotas e muitas delas são ambíguas ou revelam-se inverdades mais adiante.

A sinopse de que um meteoro caiu na Terra, por exemplo, é a história oficial, a que todos pensam ser real. Se isso é verdade ou não, só o tempo dirá. Infelizmente, a história ainda não chegou ao fim nem no Japão. E nós, brasileiros, somos obrigados a aguardar. O grande problema é que a edição brasileira alcançou a original. Como Sadamoto está desenvolvendo a série num ritmo bem peculiar (ele está lançando um volume por ano; um volume japonês corresponde a duas edições brasileiras), não há previsão de quando a série irá se encerrar.

Mas a espera é dura. Ainda mais sabendo que o anime já acabou e que as histórias do desenho e quadrinhos caminham para rumos bem distintos. O mais irritante é que sabemos que a história só continuará daqui a alguns meses. Apesar deste incomum contratempo para uma publicação em quadrinhos, vale a pena correr atrás das edições anteriores e mergulhar nesta aventura.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

A Vila



A jovem cega Ivy é interpretada pela bela Brice Dallas Howard

Imagem: http://l.yimg.com/img.movies.yahoo.com/ymv/us/img/hv/photo/movie_pix/touchstone_pictures/the_village/bryce_dallas_howard/yellowhood.jpg

O que há em comum em O Sexto Sentido, Corpo Fechado e Sinais além dos três filmes serem dirigidos por M. Night Shyamalan? Eles possuem um final surpresa. Durante todos estes filmes, o diretor brinca com nossa ansiedade até o fim, momento de revelar uma verdade que nos abala. A Vila, seu novo filme, segue a mesma linha: é um suspense de primeira. Mas há algo de surpreendente a ser descoberto neste filme?

O maior inimigo de Shyamalan é a ansiedade dos fãs gerada pelos ótimos trabalhos anteriores. E uma campanha de marketing que destaca a afirmação “não revele o final deste filme” não ajuda em nada. Cria-se uma expectativa. E as coisas não funcionam bem assim.

Neste filme, por exemplo, fiquei mais surpreso com eventos que acontecem durante o filme do que com o final propriamente dito. O problema está na intenção de cada um que vá assistir ao filme. Se você for com o objetivo de ser surpreendido no final (nossa, nunca imaginaria isso!), talvez, você se decepcione. Não falo apenas deste, mas de qualquer filme de suspense. Sabe aqueles em que há um assassino a ser descoberto? É a mesma coisa.

Querendo ou não, durante o filme vamos desenvolvendo teorias para a solução do mistério. Teorias que podem se mostrar certas ou erradas. A verdade é que Shyamalan brinca ao não revelar o suficiente para a descoberta da verdade final, ou ele a deixa mais escancarada do que se imagina e se o espectador matar a charada antes do meio do filme, este perde a graça.

A Vila conta a história de uma pequena comunidade, do fim do século XIX, que vive cercada por um bosque. Neste bosque existem sinistras criaturas. E há uma espécie de pacto entre as criaturas e os moradores do local. Um não deve ultrapassar a fronteira do outro. Porém, um dia, marcas vermelhas (a cor ruim) aparecem nas portas do vilarejo indicando que a trégua possa ter chegado ao fim.





Lucius Hunt (Joaquim Phoenix) é a pessoa mais corajosa da comunidade

Imagem: http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQeAmP_nj91g-KxB6pctU7puuzmRTVmzaDpTTY0TtK9U1GovGY&t=1&usg=__i0Avv3Y4PjZmUT68PRZ79lmFw5k=


Aqui entram os personagens fortes de Shyamalan. Depois do ex-padre que perdera sua fé em Deus, em Sinais, a protagonista de A Vila é Ivy (Brice Dallas Howard), uma garota cega que, por sua coragem e força, é mais visionária do que qualquer outro em sua comunidade. É como se ela visse o mundo de outra forma. De um jeito que nós jamais veríamos. Ela é a responsável por sustentar o tema de inocência e medo que o filme pretende abordar.

O que mais me agradou em A Vila foi o fato de não saber para onde o filme iria caminhar. Em certo momento do filme, um fato inesperado força Ivy a querer atravessar o bosque em busca de ajuda na cidade vizinha. Então, no melhor estilo RPG, uma garota cega aventura-se por uma floresta desconhecida e cheia de perigos portando pedras mágicas e um manto amarelo (a cor do bem) que a proteja das criaturas.

As seqüências na floresta são, sem dúvida, as mais angustiantes. Queremos levantar da poltrona e segurar a mão de Ivy para ajudá-la em sua jornada. Uma busca que a levará a uma verdade que ela, talvez, não esteja pronta para entender.

É óbvio que não contarei o final do filme. Por isso os filmes de Shyamalan são divertidos quando vistos pela primeira vez. Eles são divertidos quando assistidos novamente, mas a primeira vez é a mais importante.

Infelizmente, não pude curtir minha primeira vista de A Vila com tranqüilidade até o fim. Acontece que em certo ponto do filme, eu estava com um refrigerante na mão e tomei um susto e dei um banho na minha namorada. Ela ficou (com razão) muito nervosa e tanto o meu quanto o desejo dela era de que o filme acabasse logo para resolvermos a situação. Essa reviravolta do outro lado da telona (rs) quebrou a atmosfera de se assistir a um filme de Shyamalan.

O que dizer sobre a parte técnica? Impecável como nos filmes anteriores. A trilha sonora possui presença marcante como sempre e muitos sustos são provocados mais pela música do que pela ação em si. Falando em sustos, minha namorada quase não tomou sustos enquanto que eu me assustei em vários momentos. Ou ela é corajosa demais ou eu sou medroso demais (não vou optar por nenhuma das duas alternativas). Os jogos de câmeras que nos colocam nos olhos de determinados personagens em certos momentos do filme nos garantem emoções únicas. E a tensão que Shyamalan consegue criar (e manter, é bom lembrar) como poucos está presente.

Quando assisti ao trailer, eu esperava algo parecido com Sinais, mas A Vila guarda mais surpresas. As situações pelas quais os personagens passam são completamente diferentes. É como o personagem Lucius Hunt (Joaquim Phoenix) diz “sinto que há segredos por todos os cantos deste lugar”. Mais segredos do que ele poderia imaginar.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A Paixão de Cristo



Jesus Cristo é interpretado pelo ótimo ator Jim Caviezel

Imagem: http://www.omelete.com.br/imagens/cinema/news/passion/poster2p.jpg


Eu tenho um tio - uma das pessoas mais inteligentes que conheço, diga-se de passagem - que se auto considera "um fã incondicional daquele cabeludo". Quando ele diz isso, está se referindo a ninguém menos que Jesus Cristo. Quando falamos esse nome, uma série de informações passam pelas nossas cabeças, pois trata-se de alguém que, certamente, já ouvimos falar.

Talvez seja por esta razão que o diretor Mel Gibson tenha resolvido começar a contar a saga daquele homem a partir da traição de Judas e seguindo em diante narrando suas 12 últimas horas de vida em seu mais recente filme: A paixão de Cristo.

Aí está, ao mesmo tempo, o grande trunfo e defeito do filme. Ele é diferente de seus predecedores em sua abordagem, mas é necessário, de antemão, conhecer a saga de Cristo antes de assistir a Paixão.

A censura do filme é de 14 anos. Imagine um jovem nesta faixa etária que ainda não tenha feito catecismo ou seja de outra religião e tenha tido pouco contato com o legado católico. Sem mencionar os ateus. Esse público sairá do cinema sem uma visão geral da obra.

Por que? O nome de Maria Madalena não é citado nenhuma vez durante as mais de duas horas de projeção do filme, por exemplo. Nem é explicado quem é ela. Aliás, ela pode ser considerada até uma participação especial.

Irônico que minha cena preferida do filme é justamente uma lembrança desta personagem. A câmera está próxima ao chão e vemos um pé pisando forte no chão (neste momento os efeitos sonoros estão mais altos que o habitual) e uma mão (da mesma pessoa) risca o chão com o próprio dedo levantando poeira. Várias pessoas distantes jogam pedras que ostentavam nas mão no chão. E uma mão se aproxima e agarra o tornozelo de quem aparecera antes que era Jesus. Então, percebemos que estávamos olhando a cena através dos olhos de Maria Madalena que estava caída no chão. Na Bíblia, esta é aquela famosa passagem que Jesus proclama: "Quem nunca pecou que atire a primeira pedra". Ele não fala isso no filme, eu sei porque já sabia disso anteriormente.



O filme é uma versão violentíssima da saga de Cristo

Imagem: http://aztlan.net/the_passion.jpg

O Jesus deste filme é interpretado pelo ator Jim Caviezel (o Edmond Dantes, do bacana O Conde de Monte Cristo, filme baseado na obra do fabuloso Alexandre Dumas, o autor pai dos Três Mosqueteiros). Jim interpreta um Jesus mais humano, que sente medo e tem dúvidas, tornando-o, assim, uma figura mais próxima de nós. Diferentemente, de outras séries e películas que mostram um homem perfeito que sai por aí fazendo milagres como acontece em 8 de cada 10 filmes sobre Cristo.

Mais um ponto a favor do filme é que ele é falado em Aramaico (a língua que Jesus falava) e isso ajuda na ilusão. É estranho ver Jesus falando Inglês. Seria o mesmo que acontece naquelas séries da Globo, onde atores cariocas interpretam papéis de paulistanos e o resultado obtido é horrível. Pois não dá para acreditar.

O filme é bom? Sim. Muito. Mas é importante lembrar que ele é dirigido por um católico fervoroso. Ou seja, a história enaltece a figura de Jesus e o dá capacidades para realizar o que um ser humano comum não suportaria. Já contradizendo algo que uma amiga minha me disse: "é impossível um homem sobreviver a tudo aquilo."

Isso fica claro quando imaginamos um diretor ateu produzindo um filme sobre Cristo. Talvez ele fosse capaz até de imprimir um caráter cômico aquela história tão trágica.

Ah, e prepare-se para um banho de sangue porque o filme é fortíssimo no quesito violência.

E quanto a polêmica sobre o anti-semitismo. Pura besteira. Como outros já disseram "ninguém disse que ele é anti-romano". Sinceramente? Se planejada, esta foi uma grande campanha de marketing que todo diretor gostaria de atrair: a propaganda gratuita propalada pelo burburinho causado pelos espectadores.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Superman: Identidade Secreta



Imagens: http://www.universohq.com/quadrinhos/reviews/Identidade_Secreta1.jpg e
http://www.universohq.com/quadrinhos/reviews/Identidade_Secreta2.jpg



Uma lição de vida em quadrinhos. Não existem outras palavras que definam tão bem o conteúdo dessa obra maravilhosamente desenhada por Stuart Immonen e escrita por Kurt Busiek. Os autores criam uma ficção a partir de uma ficção que curiosamente aproxima-se do real quando especulam sobre o que poderia acontecer se existisse na vida real um Homem de Aço caminhando (ou voando) entre nós.

No nosso mundinho real, perigoso e sem graça, um garoto comum de uma cidadezinha do interior do Kansas nasce em uma família cujo sobrenome é Kent. Seus pais tiveram a infeliz idéia de batizá-lo de Clark. Assim, o Clark Kent da vida real cresceu odiando sua contraparte da ficção. Oras, ele é uma piada sem fim. A todo momento é vítima de algum sarro dos colegas e seus familiares sempre acham que devem presenteá-lo no Natal ou no aniversário com revistas, bonecos ou qualquer outra bugiganga relacionada ao Homem de Aço.

De repente, sem mais nem menos, o jovem Clark Kent do mundo real descobre que pode voar, possui força e velocidade sobre humanas, pode ver através das paredes, rebater balas com o peito e disparar rajadas de calor pelos olhos. Mas se você descobrisse possuir habilidades extraordinárias o que faria? Essa é a resposta que o protagonista tenta encontrar durante toda a sua vida.

A saga é dividida em quatro partes que nos remetem a momentos importantes da vida do personagem. Durante a adolescência, ele aprenderá que não pode confiar a qualquer um o seu segredo, quando adulto sentirá uma necessidade enorme de compartilhar esse peso com alguém e assim por diante. Ele sabe que não é um alienígena, mas de onde vêm seus poderes? Ele pode ter filhos? Se o governo descobrisse que ele existe, será que não teriam interesse em estudá-lo? Com esses poderes, é certo ficar parado vendo gente sofrendo pelo mundo? Mas vale a pena correr o risco de ser seguido e trazer o perigo para perto daqueles que ama?

A narração em caixas de texto feita pelo protagonista é fantástica e os diálogos riquíssimos em simplicidade retratando nosso dia-a-dia. O que torna impossível não se identificar com o personagem apesar das diferenças físicas óbvias. Os questionamentos são os mesmos. Trata-se de alguém que leva a vida inteira para se encontrar consigo mesmo e o papel que deve desempenhar no mundo. As questões e respostas sugeridas são as mesmas levantadas por qualquer ser humano. Só que numa escala muito mais super.

Os painéis de Immonen são de matar qualquer aspirante a desenhista de inveja. Sua arte flui como água e as cenas de vôo do Sr. Kent são instigantes. Some a isso as lindas tomadas em que o personagem resolve “dar uma volta” para pensar. Só que estamos falando de alguém que pode ir até a lua durante a madrugada para observar a Terra ao invés de caminhar pela casa.
Identidade Secreta é um título muito feliz dado pelos autores a sua história. Possui múltiplos sentidos. Não se trata apenas de trocar de roupas, mudar o penteado e usar óculos. Todos possuímos uma identidade secreta. Seja quando compartilhamos um segredo com quem confiamos ou revelamos a quem amamos uma faceta nossa toda especial...que ninguém mais conhece.

Dungeon Crawlers

Eu já disse que gosto de histórias em quadrinhos. Por isso, outra influência para produção do livro são os roteiros do Marcelo Cassaro, um roteirista brasileiro autor de Holy Avenger e Dungeon Crawlers.



Capa da primeira edição da mini-série

Imagem: http://images.quebarato.com.br/T440x/dungeon+crawlers+serie+completa+__199C4A_1.jpg



De volta ao mundo místico de Arton, Marcelo Cassaro nos apresenta uma nova aventura, com novos personagens, por meio de uma nova editora, na mini-série em 4 edições Dungeon Crawlers, da Mythos Editora.

O leitor que nunca visitou Arton – local onde Sandro, Lisandra e companhia viveram suas aventuras durantes as 40 edições de Holy Avenger, da Editora Talismã – não terá problemas quando ler Dungeon Crawlers, já que o início da história traz uma (re)apresentação deste mundo. Não trata-se de uma seqüência. É uma nova história que se passa no mesmo local. Arton é um lugar criado por 20 deuses que representam os aspectos mais fundamentais da existência. Dentro deste grupo de deuses há várias rivalidades. A história desta aventura centra-se na dualidade representada pelas deusas Allihanna, a mãe da natureza, e Tanna-Toh, mãe do conhecimento. Enquanto os seguidores da deusa da natureza vivem de forma selvagem e combatem os inimigos do equilíbrio natural, os fiéis a deusa da palavra não podem deixar um conhecimento morrer e tem a obrigação de levar a palavra escrita aos povos bárbaros, mesmo que valendo-se da força.

Neste contexto, Aurora, uma clériga de Tanna-Toh, parte numa jornada até a esquecida cidade élfica de Lenórienn, que foi dizimada por hobglobins, em busca de suas relíquias culturais, acompanhada por sua amiga Brigandine. Diante dos perigos, Aurora é obrigada a aceitar a companhia e proteção de um elfo ranger, um fiel de Allihanna, Fren, que fez uma promessa de acabar com os hobgoblins que cruzem seu caminho. Desta maneira, uma improvável aliança é formada.

Cassaro sabe muito bem trabalhar essa dualidade, colocando em ação uma humana que pensa e faz planos demais antes de atacar e um elfo que não pensa antes de sair na porrada. O que rende momentos críticos de embate entre os dois e cenas muito engraçadas. Destaco a passagem em que Fren irrita Aurora fazendo-lhe perguntas íntimas. Acontece que um clérigo de Tanna-Toh faz um juramento que a impede de negar qualquer tipo de conhecimento ou mentir. Portanto, a pessoa sob este juramento deve dizer sempre a verdade, mesmo que não queira.

Devido ao curto espaço que possui em relação a Holy Avenger (Dungeon tem apenas 4 edições enquanto que Holy possui 40, sem mencionar os especiais e os epílogos), Cassaro desenvolve bem os protagonistas, mas sem aprofundá-los. Nunca sabemos direito porque Brigandine faz tanta questão de proteger Aurora (só porque elas são amigas?) já que tem tanto medo de lutar ou porque Fren decide ir a um lugar que traz tantas lembranças desagradáveis para um elfo.




Outra capa da mini (não tão caprichada quanto a primeira)

Imagem: http://images.quebarato.com.br/T440x/dungeon+crawlers+serie+completa+__199C4A_4.jpg

A arte é de Daniel HDR, que possui um traço mais puxado para os comics americanos do que para os mangás, distanciando-se da arte de Erica Awano, ilustradora de Holy Avenger, que faz algumas participações especiais desenhando passagens de flashbacks e momentos românticos. Embora a arte de Erica seja inferior em detalhes a de HDR, o clima que ela cria com seus desenhos é bem superior. Como Dungeon é colorida (diferente de Holy), sua arte só tem a ganhar. E é bom rever alguns velhos personagens conhecidos dos visitantes já apresentados a Arton.

A narrativa flui bem e conseguimos ler tudo de uma vez. Acho que o defeito seja justamente o título da obra. Cassaro parece possuir a mania de dar nomes em inglês aos seus trabalhos. Isso sem falar que Dungeon Crawlers é de uma pronúncia terrível. Por mais que você saiba falar inglês, isso não bastará se o tio da banca de jornal não te compreender. O jeito é arregaçar as mangás e encontrar o título sozinho.

A edição que eu li foi a encadernada que reúne as 4 edições originais. Embora, apresente o material integral, esta edição não traz todas as capas. Elas são reproduzidas em miniatura na quarta capa e, o mais triste é que, de quatro capas, a piorzinha foi escolhida para ilustrar esta edição especial.

Dungeon Crawlers vale a leitura tanto para quem conhece como para quem nunca foi a Arton. E, apostando numa fórmula que já deu certo: a narrativa une elementos de RPG e quadrinhos, mais especificamente o mangá. E é muito bom acompanhar a evolução de um promissor roteirista brasileiro que é o Marcelo Cassaro.

A história termina com um grande gancho para uma seqüência já confirmada por Cassaro em entrevista concedida a revista Wizard Brasil # 10. A nova aventura deve ser publicada também pela Mythos.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

domingo, 24 de outubro de 2010

Homem-Aranha

Os primeiros posteres não mostravam toda a roupa do herói
 
Lembro quando vi o primeiro teaser de Homem-Aranha. O vídeo mostrava um assalto a banco em que os bandidos utilizavam um helicóptero para fugir com o dinheiro. Porém, o assalto é frustrado quando eles ficam presos por uma teia em meio as Torres Gêmeas de Nova York! (O vídeo foi tirado do ar por causa do 11 de setembro tempos depois). Em seguida, vislumbramos o herói pela primeira vez com a cidade refletida pelas lentes de sua máscara, ele soltando sua teia e se balançando vertiginosamente por entre os prédios. Era algo curto, mas emocionante!

Após anos de tentativas frustradas de levar o personagem para os cinemas, o Homem-Aranha finalmente ganhou uma produção tão espetacular quanto seus feitos em 2002. Por meio de uma narração em off do protagonista, somos apresentados ao franzino Peter Parker (Tobey Maguire), o típico nerd de colégio, e sua paixão platônica por Mary Jane Watson (Kirsten Dunst), obviamente, a mais bela do colégio. Tão improvável quanto um romance entre os dois, seria a brusca mudança que estaria prestes a acontecer na vida de Peter.

Picado por uma aranha geneticamente alterada, o rapaz ganha extraordinárias habilidades tais como escalar paredes além de força e velocidade sobre-humanas. Sem rompantes heroicos (e o mais próximo do que poderia acontecer na vida real), Peter decide usar seus dons em benefício próprio. Ou seja, arranjar grana para impressionar a garota de seus sonhos. Afinal, o que teria de errado nisso?

Nada a não ser o destino cobrando de Peter o preço por seus maravilhosos dons. A duras penas ele vai aprender o significado do famoso mantra de seu tio Ben “grandes poderes trazem grandes responsabilidades” e o que vem a ser um verdadeiro herói. Mesmo que ele não saiba ao certo se os seus poderes são uma benção ou uma maldição.

O Duende Verde a la Jaspion

Homem-Aranha é uma das mais fiéis obras cinematográficas baseadas em uma história em quadrinhos. O filme é colorido e a abordagem de Sam Raimi confere um ar de contos de fadas moderno para a trama. Como muito bem observado por alguns amigos meus, o filme nada mais é do que o resumo de alguns bons anos de histórias dos personagens... a descoberta de seus poderes, seu relacionamento com Mary Jane e o embate contra um de seus maiores inimigos, o Duende Verde (Willem Dafoe).

Pra mim, o Duende é o grande defeito do filme. Claro que não me refiro a atuação de Dafoe que é fora de série, mas a caracterização do personagem. No filme, o personagem utiliza uma armadura verde que lhe dá um ar de vilão de seriado japonês. Algo mais pra cômico do que ameaçador como o personagem pede.

Mas a essência das histórias do Aranha está ali e é isso que importa. A comédia, o drama e a ação estão presentes. Esta última em especial nas cenas em que a câmera nervosa de Sam Raimi capta diversos detalhes do cenário como uma forma de representar o sentido aranha (a habilidade que Peter possui de pressentir o perigo).

A grande questão lançada nos trailers e início do filme é “Quem sou eu? Você tem certeza que deseja saber?” Se você ainda não sabe quem era o Homem-Aranha, será vendo este filme que irá descobrir.

sábado, 23 de outubro de 2010

O Incrível Hulk

Hulk esmagando pra valer
O Incrível Hulk é o segundo filme do Marvel Studios, após Homem de Ferro. Ele não leva em consideração os eventos mostrados no imcompreendio Hulk de 2003 de Ang Lee, mas também não os descarta. Não trata-se de uma refilmagem ou reboot exatamente porque não mostra novamente como o cientista Bruce Banner (Edward Norton) tornou-se o Hulk. A trama já mostra o personagem foragido em uma favela do Brasil tentando encontrar uma cura para o seu mal.

Bruce também precisa manter-se calmo para não liberar sua outra persona totalmente incontrolável. O que fica bem complicado de se fazer quando o exército aparece atrás dele liderado pelo General Ross (William Hurt), coincidentemente o pai do grande amor da vida de Banner, Betty Ross (Liv Tyler).

Esse novo filme possui um viés bem mais comercial do que o filme anterior dirigido pelo cineasta chinês. Isso fica bem evidente com as cenas de ação bem mais presentes. Mas também possui um ritmo deveras irregular. Quando Norton está em cena (ele também atuou como roteirista ainda que não creditado), ele busca um filme mais "cabeça" e focado nos dramas do personagem principal. Já o diretor Louis Leterrier, profissional de pouca expressão - ainda que competente - e obviamente cobrado pelos produtores, busca um filme de ação. O que nos padrões hollywodianos significa explosões e efeitos especiais para lotar as salas de exibição.

Hulk diante de um oponente inesperado

Ao mesmo tempo que essa irregularidade de ritmo do filme fica perceptível, ela também não o torna enfadonho. Antes que as lamentações do cientista cansem a platéia, os tanques de guerra do exército aparecem para vermos o Hulk esmagar. E para evitar que as cenas de ação percam a importância para nós, entra em cena a linda Liv Tyler para acalmar os ânimos do Dr. Banner.

Outro ponto bacana do filme são as referências ao universo em que o personagem está inserido. Assim como no primeiro filme do estúdio pipocam dicas que remetem a outros personagens. Fala-se sobre o soro do supersoldado e até mesmo há uma ponta de Tony Stark (Robert Downey Jr.).

Bem menos ousado que o filme de 2003, este novo filme do golias esmeralda foi pensado para agradar a audiência, mas ainda não agradou aos bolsos de seus produtores o suficiente para garantir uma franquia cinematoráfica ao verdão. Aguardemos para ver quando o Hulk irá dar seus gigantescos saltos novamente nas telonas.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Histórias em Quadrinhos



Ilustração do meu trabalho final para meu curso de História em Quadrinhos


Eu já falei por aqui que eu fiz um curso de Histórias em Quadrinhos? Não? Então, pronto. Falei agora...rs

Sim, eu fiz um curso de HQ na Escola Oficina nos anos de 2001 e 2002. Não sou nem de longe desenhista profissional. Meu interesse em fazer esse curso diferenciado era aprender a arte de narração visual dos quadrinhos (que remetem ao cinema também) e diversificar meu currículo.

Eu estudava HQ quando entrei na minha faculdade de Jornalismo. Até mesmo me utilizei dessa "carta na manga" para produção de alguns trabalhos na facul (tais como charges e ilustrações), mas nunca pensei em trabalhar no segmento. Sério.

Acredito que desenhar seja um dom. Um talento natural que algumas pessoas tem e outras até podem aprender e se aperfeiçoar com o tempo. Mas isso requer muita força de vontade e empenho.

Não é o meu caso, pois gosto muito de escrever. Também tenho muito mais facilidade para isso. Consigo produzir um texto de qualidade razoável em uma hora, mas levo um dia todo para produzir um desenho apresentável. Também não teria paciência para ficar um mês inteiro debruçado sobre uma ilustração.

Embora eu fique maravilhado com uma arte bem produzida, sabe aquela expressão "uma imagem vale mais do que mil palavras"? Então, isso pode até ser verdade, mas ainda assim prefiro as mil palavras do que a imagem!

Semana passada, levei uma pasta com alguns rabiscos meus para apresentar para meus colegas do serviço e eles tiveram uma repercução muito interessante. Por isso, irei digitalizar alguns destes desenhos e inserí-los em uma galeria que montarei em meu vindouro site a ser lançado em novembro!

Teaser: Kiara




Tímida como uma brasa. Temperamental como uma explosão.

Resolvi fazer uma brincadeira: selecionar uma imagem qualquer da internet e utilizar aquele recurso do Photoshop para produção de um desenho a partir de uma foto.

Então, decidi criar um banner para a protagonista de A Aprendiza de Elementar, Kiara. Ficou legal, né? Gostei tanto do resultado que acho que farei o mesmo com mais alguns personagens. O trabalhoso é encontrar uma foto legal para tratar. Foto de gente famosa, por exemplo, está fora de questão. Ficaria muito óbvio.

Só para lembrar, essa ilustração não será utilizada para nenhum fim comercial. Não vai aparecer no livro ou até mesmo no site. Nada disso. É só um passatempo. Mesmo porque nem tenho os direitos da imagem que utilizei.

Não sou muito entendido de Photoshop, mas gosto de brincar com ele.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Kill Bill: Volume 2



Elle Drive está armada e é muito perigosa

Imagem: http://www.goodgreencars.com/wp-content/uploads/2008/09/_elle-driver-_014_.jpg

A espera foi longa, mas foi muito bem recompensada. Kill Bill Vol. 2 chegou aos cinemas brasileiros na última semana para terminar de narrar a sangrenta saga da Noiva (Uma Thurman). No fim de sua jornada, a Mamba Negra enfrenta os mais terríveis profissionais do Esquadrão de Assassinos das Víboras Mortais, além do famigerado Bill.

É bom lembrar que não existem dois filmes de Kill Bill, mas um filme dividido ao meio por questões comerciais (o valor arrecadado nas bilheterias, provavelmente, seria menor se os espectadores tivessem de encarar um filme com mais de 4 horas de duração).

Não há como se diferenciar do que outros sites dizem sobre a película: “um dos melhores filmes do ano, senão o melhor” ou “o ano poderia acabar por aqui”. Kill Bill não só mescla elementos divertidos dos mais variados gêneros do cinema como traz personagens fortíssimos com filosofias particulares muito bem definidas (o forte de Tarantino) que sustentam uma história de amor bem bolada contada de uma forma não linear que a deixa ainda mais interessante.

A linha narrativa é um ponto forte do filme. Se ele fosse contado linearmente, ou seja, começo, meio e fim, como convencionou-se, muito do impacto causado por determinadas revelações seria perdido já que saberíamos de antemão o que acontecera anteriormente. Indo e voltando no tempo as informações são nos reveladas a conta-gotas e nos momentos precisos. Antes, não eram necessárias serem conhecidas.

Enquanto na primeira parte do filme, Bill (David Carradine) era alguém poderoso e intocável, uma sombra sinistra cuja presença só era perceptível pela voz rouca do ator, nesta segunda parte, o personagem ganha mais profundidade e traços mais humanos. Sua importância para aparecer até mesmo no título do filme se faz presente e entendemos as motivações do personagem e percebemos como ele não é tão e somente um monstro cruel como a narração em off da Noiva possa nos fazer pensar no primeiro volume. Tive a oportunidade de ler o release do filme e o ator David Carradine defende com unhas e dentes seu personagem quando perguntado sobre Bill ser o vilão do filme: “Não existem mocinhos nos filmes de Quentin Tarantino. Todos são vilões.”



Um dos pôsteres da produção

Imagem: http://www.omelete.com.br/imagens/cinema/artigos/kill_bill2/poster.jpg

Muitas resenhas consideram o volume 1 uma atração mais masculina enquanto a segunda parte mais feminina. A verdade é que muitos garotos gostam mais da adrenalina, músculos, chutes e socos da primeira parte do que a profundidade, sensibilidade e romantismo do volume 2.

Eu, particularmente, gostei mais do volume 2 por um simples motivo: as coisas, realmente, acontecem apenas no volume 2. Os primeiros capítulos da saga da Mamba Negra narram apenas lutas e o embate com os personagens mais “coadjuvantes” das Víboras Mortais. Já o volume 2 traz o próprio Bill como protagonista, revela as motivações por traz da ação dos personagens e mostra o confronto da Noiva com sua mais terrível adversária: Elle Drive (Darryl Hannah). Uma luta que se resume a uma palavra: Jackass! (rs) Acontece que as duas loiras protagonizam uma cena de luta bizarra e absurda, sem nobreza alguma se comparada à luta com O-Ren Ishii (Lucy Liu), com direito a dar descargas uma na outra, quebrar vasos e tábuas na cabeça da rival e um final pra lá de nojento.

Não posso deixar de destacar a importância da trilha sonora que é vital nos filmes de Tarantino. Voltando ao release, descobri que o diretor preza tanto a música em suas películas, pois antes do videocassete, a única forma de reviver as emoções de um filme era por meio de suas trilhas sonoras e tentar remontar as cenas mentalmente (o diretor é desta época). Experimente ouvir a trilha sonora em CD. Não há como não lembrar de determinadas passagens da produção.

Seja por personagens cativantes, uma história bem amarrada ou uma protagonista – ao mesmo tempo – bela, cruel e merecedora de um destino tão terrível quanto o das vítimas de sua lâmina, Kill Bill é um filme para ser assistido várias vezes e tirar proveito desta divertida aula de cinema oferecida por Quentin Tarantino.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Kill Bill: Volume 1



Estragar o casamento de uma assassina profissional não é uma boa idéia (Eu adoro essa imagem)

Imagem: http://www.omelete.com.br/imagens/cinema/news/kill_bill/killbill_vol2_thebride.jpg


É estranha a expectativa que cria-se quando vamos assistir a um filme onde a principal atração é o seu diretor e não a narrativa em si. Todo trailer e outdoor estampam “o 4º filme de Quentin Tarantino”. E quem não conhece seu trabalho se pergunta: Mas o que esse cara tem demais?

Certamente, eu não sou a pessoa mais indicada para dizer. Por isso indico uns textos abaixo para quem quiser se informar, mas assistindo a Kill Bill, seu mais novo filme, já temos uma pista grande de quem é a figura.

Kill Bill conta a história de Mamba Negra (Uma Thurman), uma assassina profissional ex-integrante do grupo das Víboras Mortais – uma equipe chefiada pelo mencionado Bill do título – , que é traída pelo chefe e pelas colegas de trabalho bem no dia em que iria se casar. Todos os convidados são mortos e a Noiva leva um tiro na cabeça. Porém, ela não morre. Ela entra num coma de 4 anos e acorda irada com o único propósito de matar Bill. Ah, detalhe: no dia do casamento, quando ela levou um tiro na cabeça ela estava grávida. Quer dizer, ela não quer vingança apenas pela traição, mas também pela morte do noivo e da filha.

Inexplicavelmente, toda vez que seu nome verdadeiro é pronunciado um som de censura é posto no ar (sabe aquele “piii”?) e na legenda no lugar do nome aparecem dois traços: --. Não faço idéia do porquê disso. Mas já li que o nome verdadeiro dela é revelado na segunda parte. Para quem não sabe, o filme foi dividido em duas partes devido ao seu tamanho. Por isso é difícil falar da trama quando apenas visto pela metade.

Pela sinopse já dá para perceber que não há uma grande história. O filme, na verdade, é sustentado pelos cativantes personagens e a forma como a história é contada. Ou montada. A película é dividida em capítulos que não seguem uma linha temporal contínua (complicado?) (rs), ou seja, as informações são reveladas em pequenas doses fora de ordem. Em um momento, estamos no presente, de repente, voltamos ao coma da protagonista, depois vamos para o futuro e, em seguida, o passado de uma das vilãs é revelado. Enfim, você entende tudo se prestar atenção porque este não é um filme de ação em que não precisamos pensar.

Tenho que dar o braço a torcer para o diretor que monta um espetáculo muito agradável para se assistir. Os cenários são muito bonitos, as músicas são legais e são colocadas nos momentos precisos, os closes dos rostos e olhos dos personagens possuem uma importância que Tarantino sabe utilizar. Outra questão muito importante: o filme possui inúmeros cenas de luta e, por incrível que pareça, não cansamos delas. Elas são super bem coreografadas e são mais críveis do que a luta entre Neo e os Agentes Smiths em Matrix Reloaded já que não há recursos em computação gráfica. Ou seja, todos os 88 Yakuzas que a Noiva enfrenta numa cena de quase 30 minutos são atores de carne e osso.



Diretor com cara de maluco

Imagem: http://www.omelete.com.br/imagens/cinema/artigos/quentin_tarantino/tarantino.jpg

Kill Bill é um filme para entreter e pronto. Seu diretor é um declarado fã da cultura pop em geral e muita coisa entra em seu filme como referência. Sejam as máscaras dos Yakuzas que lembram o Besouro Verde, as lutas com espadas que remetem aos mangás de samurais e ao anime, o desenho animado japonês. Aliás, a seqüência em que é narrada a história de O-Ren Ishii, também conhecida como Boca de Algodão (Lucy Liu) é toda produzida em desenho animado (com muita qualidade e tão violento quanto o resto do filme).

Não posso deixar de mencionar o mote do filme: a vingança. É uma referência clara áqueles antigos filmes de kung fu. Coisas do tipo, “mataram meu pai, eu o vingarei” ou “a morte do meu irmão não ficará impune”. A primeira imagem do filme é os dizeres “a vingança é um prato que se come frio”. Por favor, existe ditado mais utilizado para se falar de vingança como este? Isso deixa claro também como o desejo de vingança que motiva a protagonista é um pretexto já tão gasto em filmes (clichê mesmo!) que já virou carne de vaca. Trata-se de uma premissa simples para mergulhamos na vida de personagens interessantes e, em muitos momentos, parece mais como uma desculpa para vermos socos, chutes e muito sangue na tela. E haja sangue! O filme é violentíssimo. A censura é 18 anos.

Outra característica legal é que, com exceção de Bill, praticamente todos os personagens principais são mulheres. É preciso dizer que se a Mamba Negra fosse um homem, muito da dramaticidade do filme se perderia. Inclusive pela questão de ela ter sido pega de surpresa em seu casamento grávida. São alguns elementos que não fariam sentido para um homem vingativo. É engraçado pensarmos às vezes por que Harry Potter não é uma garota? Por que nas histórias clássicas o cavaleiro salva a princesa e não o contrário? Ou uma amazona salva um príncipe? Sendo que uma mulher pode dar conta de situações tão complicadas quanto um homem.

Além do que, numa ficção, como se trata de uma história inventada que é narrada num livro ou filme, há a necessidade de uma demonstração de sensibilidade grande para comover o leitor ou espectador. Se as mulheres são mais sensíveis e demonstram suas sensações com mais vigor e força, por que relegá-las aos papéis as personagens secundárias?

Outra característica do filme é que ele possui momentos exagerados (as famosas barras forçadas) que nos lembram de que aquilo é apenas um filme. Aliás, parece que o diretor gosta de nos lembrar disso.

Para atiçar a curiosidade e fazer a gente assistir a segunda parte muita coisa é mantida em segredo, inclusive o motivo que fez Bill e as Víboras Mortais acabarem com o casamento da Mamba Negra. Kill Bill Vol. 1 termina com uma surpreendente revelação que nos faz até pensar se a Noiva levará sua vingança até as últimas conseqüências.

Esse é o maior defeito do filme. Ele foi “quebrado” em dois. Ele termina no meio. E será duro esperar pela seqüência que está prevista para chegar ao Brasil apenas em Outubro.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

Heróis X Vilões



Estatueta de Superman versus Darkseid

Imagem: http://www.starstore.com/acatalog/superman-darkseid-statue.jpg



O maniqueísmo (a eterna luta do bem contra o mal) é uma temática corriqueira em obras de fantasia. Em algumas obras, os mocinhos são bem distintos dos bandidos. Fica claríssimo para quem devemos torcer a favor ou contra. O que deixa a ficção muito simplista perto da realidade.

Oras, se a ficção é um reflexo ou metáfora para a realidade, ela não deveria ser assim. Nada contra obras infantis que adotem essa filosofia para passar alguma lição de moral. Mas para um público mais atento, isso soa sem graça.

Se recorrermos ao Dicionário Michaelis, uma das definições para herói é a seguinte: "Homem que se distingue por coragem extraordinária na guerra ou diante de outro qualquer perigo". E, para vilão, no mesmo dicionário temos: "Pessoa vil, desprezível, que comete ações más ou baixas". Sendo assim, parece simples, não é? O herói é alguém que só faz coisas boas e o vilão coisas ruins.

MAS, será que o herói nunca erra? Será que em toda sua vida o chamado vilão nunca fez nada que prestasse? Tenho mais dificuldade em acreditar nesse tipo de ponto de vista do que crer que um homem possa voar ou ser mais forte do que uma locomotiva.

Particularmente, não acredito em heróis ou vilões, mas em pessoas. Inclusive como personagens de sagas de fantasia. Ninguém é mal simplesmente porque um dia acorda e diz para si mesmo "nunca mais farei o bem na minha vida". Devem existir motivações por trás de tais personagens que definam seu estilo, jeito de ser e sua propenção (ou índole) para ações mais nobres ou desprezíveis.

Na criação de A Aprendiza de Elementar, tive isso sempre em mente. Então, temos a protagonista que é dona de um arsenal de defeitos (ou pontos a melhorar, como preferem alguns profissionais da área de Recursos Humanos) como qualquer um de nós. Mas que também possui diversas virtudes (algumas que até ela mesma desconhece!). Acredito que isso não a torne passível de ser rotulada heroína ou vilã.

No contexto do livro, o que existem são pessoas com virtudes e defeitos que fazem escolhas. Tais escolhas podem levar a caminhos belos ou lugares sombrios. A princípio, somos todos iguais, porém coisas ruins acontecem para todos ao longo de nossas vidas.

Tais eventos podem derrubar uma pessoa, podem fazê-la virar-se contra tudo e todos. Podem levar esse alguém a causar sofrimento para aqueles ao seu redor, mas, principalmente, para ele mesmo! Isso o torna vilão?

Porém, existem também aqueles que apesar dos infortúnios não se deixam abater. Persistem onde outros recuaram; possuem uma fibra que os faz seguir adiante apesar de diversos contratempos que teriam derrubado pessoas com menos garra e força de vontade. Tais pessoas tornam-se heróis por isso? Exemplos a se admirar talvez. Mas heróis?

Já li certa vez (não lembro onde) que o vilão é aquele personagem que acredita estar acima do bem e do mal. E, para ele, seus objetivos (quaisquer que sejam eles) não são merecedores de punição, pois ele acredita que ele é obviamente merecedor do tesouro que tão desesperadamente ele busca.

Nas histórias em quadrinhos americanas (Superman, Homem-Aranha, etc.) geralmente o herói não é somente aquele que faz o bem e salva vidas, mas aquele cara que inspira os outros a se tornarem pessoas melhores. Nesse herói sim dá até vontade de acreditar, mas sabemos que na real existem heróis e vilões mesclados dentro de cada um de nós. Afinal,
a realidade não é preta e branca. Ela possui tons acinzentados.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Linguagem entrecortada




Linguagem entrecortada ou narração não linear

Imagem: http://www.externatoescola.com.br/up/cinema.jpg



Após discorrer sobre a Criatividade, A Organização das Idéias e O Repertório, dou sequência a minha série de posts sobre o ato de escrever. Não trata-se de aula ou manual. Nada disso, apenas algumas impressões pessoais desta pessoa que vos escreve. Desta vez, o tema é a linguagem entrecortada!

Diferentemente dos posts anteriores que se propunham a dar dicas sobre a produção de qualquer tipo de texto, este aborda uma técnica especial para produção de textos narrativos. Agora o foco é a narração de histórias e de como tornar esta narração mais envolvente.

Basicamente, toda narração tem um começo, meio e fim. Certo? Cronologicamente, em um filme ou livro, você pode acompanhar desde o nascimento de um personagem, seu crescimento e sua jornada pessoal de descobrimentos e ações. No entato, é possível subverter esta regra. E se o meio visse antes do começo? Ou se a narrativa acontecesse até mesmo pelo seu final?

Isso pode ser mais complexo do que parece. Para certo tipo de público essa técnica pode até ser confusa no início, mas sem dúvida ela é muito envolvente. Principalmente, pois é necessário esquecer momentos muito específicos do passado, presente e futuro de sua história ou personagem para tornar relevante a utilização deste recurso.

Vamos aos exemplos? Vou utilizar três diretores para demonstrar do que eu estou falando: Quentin Tarantino, José Padilha e J.J Abrams.



Quentin Tarantino, diretor de Kill Bill

Imagem: http://www.osarmenios.com.br/wp-content/uploads/2007/06/Tarantino.jpg


Quentin é um diretor americano de filmes mais alternativos. Tais como Cães de Aluguel, Pulp Fiction, Jackie Brown, Kill Bill e Bastardos Inglórios. Todos utilizam esse recurso da linguagem entrecortada. A história começa em um ponto chave e depois voltamos ao passado para compreender os eventos que levaram a ação até aquele momento em que fomos apresentados no início do filme.

Kill Bill (confira as minhas resenhas dos volumes 1 e 2 dessa obra a partir de amanhã por aqui) é até mesmo dividido em capítulos. O que até mesmo facilita a compreensão desse recurso de uma narrativa não linear. Ela não é cronológica. Portanto, o capítulo 1 não acontece antes do 2, mas depois de outro e assim por diante.

O mais interessante é assistir a obra toda (os 2 volumes) até o final e perceber que se o diretor tivesse narrado a história da Noiva cronologicamente, ela não teria a menor graça. Tarantino foi um mestre em contar uma história desta forma. Pois o que nos prende é justamente a curiosidade em descobrir o que motiva todos aqueles personagens. Isso é algo corriqueiro em seus filmes.




José Padilha, diretor de Tropa de Elite 2 Imagem: http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/files/2009/12/jose-padilha-paulo-giandaliafolha-imagem.jpg


José Padilha é o diretor dos dois Tropa de Elite. Ambos muito bons por serem inteligentes e muito provocativos (você sai do cinema após assistir Tropa de Elite 2 como se tivesse levado um soco na boca do estômago!). As duas películas com narração de Nascimento (Wagner Moura) começam por um momento importante da história. Algum momento mais impactante ou com mais ação. Então, após os créditos iniciais, a narrativa retrocede até dado momento em que somos apresentados aos personagens que participaram daquela cena inicial e nos são apresentados os eventos que culminarão naquela cena inicial.

A princípio, nossa comprensão é limitada e ao longo do filme ela é expandida para o completo entendimento do que estava acontecendo, afinal, quando o filme se iniciou. Eu gosto deste estilo.




J. J. Abrams, a mente por trás de Lost

Imagem: http://scifipulse.net/wp-content/uploads/2008/07/jj-abrams.jpg


Pra terminar com meus exemplos, temos J.J. Abrams. Ele é diretor do último Jornada nas Estrelas, Missão Impossível III e a mente por trás de Lost.

Em Star Trek, ele não se vale tanto deste recursos de narração não linear. Mas seleciona muito bem eventos da infância e adolescência do futuro Capitão Kirk e Spok para nos permitir compreender as motivações por trás das atitudes destes personagens quando adultos e a ação ganhar vigor ao longo do filme. Pra mim, esse filme é incrível. E, apesar de se tratar uma ficção científica, traz muitos elementos pertinentes a todos nós. Por exemplo, a essência da liderança.

Mas o melhor exemplo de Abrams é Lost. para quem nunca assistiu a série e deseja compreender melhor o que eu estou falando fica a lição de casa. Assista às 6 temporadas. Lost é praticamente um tratado (não encontro palavra melhor) ou uma experiência em linguagem entrecortada.

Os eventos começam no presente. Somos apresentados ás vítimas de um acidente aéreo que caírem em uma misteriosa ilha do Pacífico. Então, em cada episódio, o foco cai sobre determinado personagem que possui certas atitudes que vamos compreendendo através de flashbacks que revelam seus segredos e passado.

Mas o melhor ocorre em uma das temporadas seguintes. Além dos flashbacks, os criadores de Lost passam a narrar também flashfowards!!! Ou seja, somos apresentados a eventos do futuro! Assim, além dos eventos principais que se desenrolam no presente, entendemos as ações dos personagens através da apresentação de eventos de seu passado e ficamos sabendo aos poucos de seu futuro (inclusive se ele irá morrer ou não!).

Nesse sentido, Lost é uma experiência única e inovadora porque subverte até mesmo a narração não linear. Lost nos apresenta um mosaico. Passado, presente e futuro. A princípio peças desconexas que ao longo da narrativa se encaixam com perfeição. Trabalho de mestre.

É isso aí, galera. Para quem curte escrever ou dicas sobre escrita, espero que esse texto tenha inspirado a todos a escrever mais ou assistir a filmes com os olhares mais treinados e atentos!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Liga da Justiça: O Prego




O prego na cada da edição parece mesmo ter sido fincado sobre os personagens

Imagem: http://www.omelete.com.br/imagens/quadrinhos/news/mythos/prego.jpg


“O Superman é o maior super-herói de todos os tempos”
. Essa máxima é proferida por diversas vozes ao redor do globo. No Universo DC (composto de personagens da editora do último filho de Krypton), isso é uma verdade incontestável. Mas como medir a influência de tal personagem sobre seus companheiros e mais terríveis inimigos? Como quantificar a força desse ícone? O roteirista e desenhista Alan Davis resolve fazer isso de uma forma bem simples: retirando o Homem de Aço de seu universo. Ou seja, como seria o Universo DC sem o Superman? E isso é feito com o auxílio de apenas um prego.

Por falta de um prego, perdeu-se uma ferradura.
Por falta de uma ferradura, perdeu-se um cavalo.
Por falta de um cavalo, perdeu-se um cavaleiro.
Por falta de um cavaleiro, perdeu-se uma batalha.

E assim um reino foi perdido.

Tudo por falta de um prego.


Baseado nesta livre adaptação de um poema de George Herbert, de 1651, Alan Davis nos permite vislumbrar um fato curioso: por causa de um prego que furou o pneu da camionete dos Kent, estes jamais encontram o jovem Kal-el quanto este chega das estrelas, jamais o criaram e ele não se tornou o Superman. Pois bem, voltando a pergunta inicial, como é o Universo DC sem o Homem de Aço?

Lex Luthor é o prefeito reeleito de Metrópolis e, sem dúvida, o empresário mais poderoso do mundo. A população e a mídia são apenas ouvidos ao que o magnata tem a dizer. Inclusive quando incita o ódio dos seres humanos aos bizarros meta-humanos que garantem querer nos proteger. Neste cenário, a humanidade não possui tanto apreço por seus heróis e a Liga da Justiça é mal-vista pelo mundo como um sinistro grupo de extraterrestres que conspiram para nos dominar.

Para piorar a situação, os membros da Liga suspeitam que alguém muito poderoso e com recursos tecnológicos de ponta está fomentando ainda mais o temor da população para odiar ainda mais os extraterrestres e meta-humanos criando uma distração que o permitirá dominar o planeta. Quando os números de suspeitos começam a cair, cada vez mais nos perguntamos o que terá acontecido com o bebê que poderia ter se tornado o Superman e se não é ele o grande vilão da trama.

A história respeita todos os outros grande ícones da DC e é perceptível como personagens como Flash, Lanterna Verde e Mulher-Maravilha ganham destaque quando não são ofuscados pelo brilho do Homem de Aço. Porém, também nota-se como a falta da influência do último filho de Krypton afeta os personagens. O Batman, por exemplo, é ainda mais sombrio e entra em depressão quando algumas de suas decisões resultam em tragédia. Enquanto a Mulher-Maravilha é mais descrente quanto ao seu papel de embaixadora da Paz.

Outro aspecto interessante da trama são as homenagens sutis de Davis à Liga da Justiça. Já não bastasse retratar os integrantes da Liga com precisão, Alan Davis nos brinda com páginas que homenageiam cada membro da Liga a cada 5 ou 10 páginas. Sempre em uma página par. Uma página com mostra apenas um momento de uma cena cinematográfica. Seja o Batman lutando contra o Coringa nos telhados do Asilo Arkhan ou o Flash usando todos os seus conhecimentos em supervelocidade para deter o andróide Amazo.

A arte de Davis dá um impressionante ar de heroísmo ao maior de todos os Lanternas Verdes, Hal Jordan, um ar de realeza ao Aquaman e sua Mulher-Maravilha é fabulosa. Isso sem mencionar sua narrativa visual que mescla texto e imagem num casamento perfeito. Cansado daqueles balões que sempre ficam sobre o rosto dos personagens enquanto eles falam por falta de planejamento do desenhista? Confira esta história.

Uma premissa simples. Uma narrativa envolvente. Uma história como poucos que mostram como a ausência de uma pessoa pode fazer toda uma diferença. A história não deixa pontas soltas para uma continuação. No entanto, O Prego (publicado pela Mythos Editora), possui uma seqüência intitulada Outro Prego que foi lançada pela Panini Comics em fevereiro de 2005. Aguardo uma boa história, entretanto, duvido muito que seja superior ou mesmo que atinja o nível de qualidade da trama original.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

Mitologia Grega

Outra inspiração para meus escritos, sem dúvida, é a riquíssima Mitologia Grega. A seguir, um texto meu escrito há alguns anos sobre o assunto:



O Livro de Ouro da Mitologia (Ediouro) é um bom ponto de partida sobre o assunto

Imagem: http://www.livrariasaraiva.com.br/imagem/imagem.dll?pro_id=430249&tam=2

Encaro a Mitologia Grega como um grandioso filme. Colossal em vários sentidos. Seja pela extensão das obras, pelo número de personagens, pelas temáticas, pela riqueza e profundidade com que nos toca. Os envolvidos com as sagas são tantos que habitam um mundo próprio. Personagens secundários saem de uma trama para tornarem-se protagonistas numa história seguinte. Enfim, por seu valor, trata-se um tesouro.

E cada saga narrada seria apenas um pedaço desse grandioso filme. A Guerra de Tróia, portanto, dentro deste contexto, é mais uma cena dessa película. Mas ela possui um diferencial, é como uma cena muito bem produzida, ao narra a maior de suas guerras. A maior de todos os tempos, diriam uns. Importante sim. Mas essa importância esbarra numa ironia: ninguém sabe dizer o que realmente aconteceu. Há divergências entre os historiadores quando se afirma SE aconteceu uma guerra, qual seu verdadeiro motivo e até mesmo SE realmente existiu uma cidade ou reino chamado Tróia.

Porém, as dúvidas apenas alimentam o mito e nossa ânsia de ler mais a respeito. A matéria de capa da revista Superinteressante de maio [Nota: esse texto foi publicado em 2004. Época do lançamento do filme Tróia. A revista citada foi lançada em maio daquele ano.] traz uma matéria que aborda a possível localização de Tróia, a pista de que aconteceu algo grande na região durante o final do século XIII (quando a batalha pode ter ocorrido) e a discussão sobre a existência ou não do escritor Homero. Vale a leitura.

A Guerra de Tróia como Homero (ou a tradição oral que representa) e a mitologia nos contam começou por causa de um pomo de ouro. Todos os deuses foram convidados para o casamento de Peleu e Tétis, menos Éris, a deusa da discórdia (a minha deusa preferida). Irritada com a exclusão, a mulher enviou um pomo de ouro a festa com a inscrição "À mais bela". Então, as deusas Atena, da sabedoria (ela não foi muito sábia desta vez), Hera, mulher de Zeus, e Afrodite, da beleza, iniciaram uma disputa pela maçã. Zeus não querendo tomar partido de nenhuma das três, incumbiu o jovem pastor Páris para a tarefa.



A Ilíada e a Odisséia, de Homero, na edição da editora Martin Claret

Imagem: http://www.livrariasaraiva.com.br/imagem/imagem.dll?pro_id=129640&tam=2

Imagem 2: http://www.livrariasaraiva.com.br/imagem/imagem.dll?pro_id=119473&tam=2

Cada deusa ofereceu algo ao jovem em troca do pomo. Hera lhe prometeu riqueza e poder, Atena lhe garantiu sabedoria e fama na guerra e Afrodite, a mais bela das mulheres para esposa. Páris entregou o pomo a Afrodite e ganhou duas inimigas divinas que ficariam contra ele na guerra que viria a acontecer. O jovem foi a Grécia e conheceu Menelau, rei de Esparta, e apaixonou-se por sua mulher, Helena, a mulher mais bela do mundo, que raptou para casar. Acontece que o pastor viria a descobrir que era filho de Príamo, rei de Tróia, o que complicaria ainda mais as coisas.

Enfurecido, Meneleu queria ir a Tróia regatar a esposa para matá-la e clamou por seu irmão Agamênon, rei de Miscenas, que aceitou, mas muito mais interessado em expandir suas fronteiras do que com uma briga entre marido e mulher. Assim, gregos e troianos elegem campeões para batalhar em frente às enormes muralhas de Tróia. Não podemos nos esquecer dos deuses sempre intervém na guerra de alguma maneira favorecendo um ou outro lado. O combate se desenvolve até que finalmente os gregos conseguem transpor as muralhas de Tróia valendo-se do famoso cavalo de madeira que trazia guerreiros em seu interior e originou a expressão "presente de grego".

A batalha de Tróia é narrada na Ilíada e as aventuras do soldado grego Ulisses voltando para casa são mostrados na Odisséia, ambas obras de Homero. A saga fala da honra, coragem, vida, amor e outros temas que constroem um mito que ecoa na eternidade.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

domingo, 17 de outubro de 2010

Papo Fantástica - 16/10/2010: Review



Imagem: http://www.revistafantastica.com/Papo%20Fantastica/Papo%20fantastica%20logotipo%20novo.jpg

Como mencionei no post anterior, eu conferi o evento Papo Fantástica que ocorreu no dia 16 de outubro na Livraria Cultura do Market Place em Sampa. Para quem ainda não sabe, o Papo Fantástica é o Podcast da Revista Fantástica, uma publicação digital (e totalmente gratuita!) sobre literatura fantástica nacional. Uma iniciativa muito bacana que dá espaço para novos autores.

A palestra foi ministrada pela equipe da Revista Fantástica Carol Chiovatto, Leandro Schulai, Luiz Ehlers e Felipe Pierantoni com participação especial de Alba Milena, do blog Psycobooks, e Erick Sama, editor da Editora Draco.

Foram debatidos assuntos diversos tais como o distanciamento que a leitura obrigatória dos clássicos na adolescência provoca nos jovens com relação ao hábito de ler. Concordo com tal ponto de vista. Alguns clássicos são muito rebuscados. Portanto, mais indicados para leitores mais atentos e maduros. Acredito que o hábito de leitura vem em primeiro lugar. Independente do que se lê. O mais importante é incentivar a juventude a ler. Algo comercial? Algo na moda? Ok. Isso vai despertar seu interesse para ler cada vez mais e consequentemente buscar por grandes autores. Inclusive os clássicos.

O grande momento desse debate sobre clássicos ocorreu quando uma jovem de 15 anos da platéia fez uma participação revelando que curte Machado de Assis e um de seus livros preferidos é Dom Casmurro!!! Após esse momento, a discussão chegou ao ponto de alguém perguntar: mas o que define um clássico?

Particularmente, acredito que um clássico é uma obra (isso vale também para o cinema) que rompa com estruturas estabelecidas até o momento de sua criação. Um clássico torna-se clássico quando ele insere novos elementos para a produção de determinado tipo de obra (um filme, um livro, uma pintura, etc). Algo inovador. Que nunca fora feito antes.

Outro bom momento da noite foi quando um dos participantes da platéia afirmou que considera o texto da Stethenie Meyer, a autora de Crepúsculo, fraco e muito ruim. Outras pessoas se posicionaram contrárias a essa opinião informando que inclusive leram o texto original e inglês e defendem a autora da série de vampiros.

Alguém também acrescentou um raciocínio muito interessante a essa questão que é: sem dúvida, os leitores de Meyer se interessarão por vampiros. Isso pode levá-los a ler outras obras sobre o tema tais como Anne Rice, autora de Entrevista com Vampiro (uma das minhas escritoras prediletas), e quem sabe até ler Bram Stoker, simplesmente o criador do Drácula!




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Para os novos autores, sem dúvida, algumas dicas apresentadas por Erick Sama (que recebe diversos originais todos os dias) são imprecindíveis. Erick esclareceu que recebe todo tipo de textos. Desde trabalhos muito ruins até os encantadores que o fisgam na primeira leitura. Ou seja, a seleção de algumas obras é puro feeling. Ele busca a experiência que o leitor irá ter com a obra.

Não é escrever textos sobre algo que está na modinha. É escrever algo que você gostaria de ler. Algo com algum diferencial. Algo em que você acredita. Algo com verdade, como a Carol Chiovatto bem colocou.

Erick também lembrou a importância que existe de pesquisar tudo sobre determinado assunto se você quer escrever sobre ele. Por exemplo, um novo autor decide escrever sobre Pégaso, o cavalo alado da Mitologia Grega. Se ele fizer isso tendo como base apenas Percy Jackson, ele já começou muito mal. Para começar, esse novo autor deve pesquisar tudo que já foi escrito sobre Pégaso e beber da própria fonte, ou seja, a Mitologia Grega de fato que é muito mais rica.

Segundo Erick, ele percebe que recebe muitos originais de autores que acreditam ter produzido algo original, mas que não se deram ao trabalho de pesquisar sobre o assunto antes. Ou seja, acabam produzindo trabalhos semelhantes a outras que já existem no mercado.

Outra discussão interessante e pertinente é a questão do autor e a divulgação de sua obra. Obviamente, a divulgação é responsabilidade da editora que irá publicar o livro. Mas ajuda muito o barulho que o próprio autor consegue fazer. E nada mais chato do que um autor antipático. Este pode até escrever bem, mas se não sabe lidar com pessoas e não tem carisma, muito provável que poucos lhe darão atenção para sua produção intelectual.

Também foi interessante o debate sobre os e-books. Será que um dia os livros físicos como os conhecemos hoje um dia irão desaparecer. Cada um tinha sua opinião. Particularmente, não tenho opinião formada, pois estamos inseridos nesse processo lento e longo. Acredito que se isso acontecer (do livro de papel vier a desaparecer), será algo decidido pela geração de meus netos ou bisnetos. Enfim, não estarei vivo para acompanhar o desfecho desse processo.

Muito divertido e empolgante o evento. O Papo Fantástica tem por meta tornar-se um evento mensal na Livraria Cultura. O próximo evento deve ocorrer no fim de novembro com data a confirmar. Muito importante a participação da platéia que comparece ao evento. Agrega e muito aos debates. Portanto, a presença de todos é muito bem vinda! Quero ver no próximo encontro o autório lotado. Com gente de pé! Eu estarei presente. E você?