terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Guerra dos Mundos



Pôster do filme

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Um inesperado ataque alienígena assola o planeta Terra. “Parece o 4 de julho”, dispara o personagem de Tom Cruise, mas Guerra dos Mundos não é Indepence Day. O segundo encontro do astro Cruise com o diretor Steven Spielberg (o primeiro foi em Minority Report – A nova lei) deixa a ação de lado e prioriza as emoções contidas nos frágeis laços familiares de um pai ausente com seus filhos para discorrer sobre o medo, a morte e a luta desesperada pela sobrevivência.

Ray Ferrier (Cruise) é um estivador que trabalha nas docas de Nova York e deve cuidar de seus dois filhos, Robbie (Justin Chatwiny) e Rachel (Dakota Fanning), enquanto sua ex-esposa Mary Ann (Miranda Otto) faz uma viagem à casa dos pais em Boston. A tarefa não é tão simples, pois Ferrier está longe de ser o melhor pai do mundo e parece curtir mais a liberdade de ser solteiro do que a responsabilidade de ser pai.

O valor que Ray não dá a essa paternidade despertará violentamente quando um evento de proporções épicas – um surpreendente ataque alienígena ao nosso planeta – toma forma. Agora, o ausente pai, terá de fazer de tudo para garantir a vida de seus filhos.

Claramente, a invasão alienígena não é o foco principal da trama. O que atrai as lentes de Spielberg são as relações de Ray com seus filhos. Ele se redimirá como pai? Garantirá o conforto e segurança de sua prole como nunca fez antes? A invasão alienígena é o gatilho para essas emoções aflorarem, assim como um ataque terrorista poderia provocar isso (não é à toa que a primeira pergunta da pequena Rachel sobre os ataque é “São eles? Os terroristas?”). Esse tipo de diálogo não apenas evidencia o medo contemporâneo da população norte-americana como também enaltece a atualidade da obra.

As cenas que mostram os seres humanos brigando por algo (o carro em que Ferrier e sua família estão, por exemplo, na mais impactante cena do filme) que lhes garantam mais alguns minutos de vida são angustiantes. E a luta pela sobrevivência travada por cada um dos personagens, a sua maneira, é surpreendente ao mostrar até onde um ser humano pode chegar para ter o que quer, mesmo que isso custe a vida de um semelhante.

Por dar tanta ênfase a esse lado emocional de um filme com maravilhosos efeitos especiais (o que garante que a computação gráfica não tome o lugar do enredo), não é de se espantar que os alienígenas propriamente ditos não tenham tanto espaço na trama. Talvez, os mais aficionados por ficção científica reclamem por falta de explicações aqui e ali, mas todas as respostas estão lá, embora não dadas gratuitamente.

Grande parcela do público achará o fim demasiadamente complicado ou muito simplório, mas ninguém pode dizer que informações foram omitidas. Elas estão presentes, mas sem grandes alardes. Por isso mesmo não cabe aqui ficar se aprofundando sobre isso para não estragar as surpresas. Se, por acaso, ficar sem entender algo, basta rever o filme ou conferir alguns grupos de discussões pela net.

Os alienígenas são tão secundários que nem mesmo sua origem é levantada. Ok, na novela de H.G. Wells na qual a película é baseada tratam-se de marcianos, mas colocar isso em um filme contemporâneo não faria o menor sentido (quantas sondas não escanearam Marte a procura de formas de vida mais desenvolvidas e até o momento não encontraram nada?).

Se, a despeito da guerra, o filme passa alguma mensagem, certamente é a de que nem mesmo o maior poderio bélico é garantia de segurança, pois sempre terá alguém com um canhão maior (no caso, uma frota alienígena com uma tecnologia avançadíssima). Brincadeiras à parte, o filme faz uma leve crítica ao desenvolvimento de armas de destruição em massa. É mais provável que a nossa salvação esteja no nosso próprio lar: o planeta azul que tanto castigamos.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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