segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Cães de Aluguel



O pôster da produção

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJzFB8yorC8-wFbRkhTKcZbk4Xtl0Ig7eZp6fnY1gYj1EflKwiQkEFraH2w5MLnSKgGuL8M1oi111BjLUoO8VbwQrNQWudJY_C3bJWq57omAeyGJ0WEPwf0q9mukoMWXZF19e7pdZnJcc/s1600/reservoirdogs.jpg


Cães de Aluguel é o primeiro filme do badalado diretor norte-americano Quentin Tarantino. Lançado em 1992, logo o longa-metragem se tornou um cult entre cinéfilos de plantão. Com uma narrativa entrecortada que vai e volta no tempo, violência, humor negro e personagens que não param de falar, Tarantino oferece um diferencial em Hollywood: um olhar sobre personagens absurdamente verossímeis de um mundo cruel que não fica muito distante do nosso.

No filme, Joe Cabot (Lawrence Terney) é um experiente criminoso que reúne um grupo de ladrões que não se conhecem entre si para assaltar uma joalheria. Cada um é identificado por uma cor, pois desta forma ninguém pode conhecer os detalhes da vida do outro e nem mesmo o verdadeiro nome. No entanto, o golpe dá errado quando a polícia surge de repente. Todos suspeitam de um traidor entre eles e as acusações entre os envolvidos crescem assim como o clima de tensão até o interessante final.

Como dito acima, a verborragia é um dos elementos presentes nas narrativas de Tarantino. Mas, mais do que isso, seus personagens falam besteiras como qualquer ser humano. Não se atém apenas ao roteiro. Não possuem frases prontas. Assim como na vida real onde não vivemos apenas um enredo, mas diversos enredos ao mesmo tempo. Este filme, por exemplo, começa com uma elucidativa explicação sobre “Like a Virgin”, de Madonna, oferecida por Mr. Brown (Tarantino em um papel coadjuvante).

Este é o talento de diretor que mais gosto: diálogos legais. O personagem pode ser um grande “filho da mãe”, mas fala coisas interessantes de se escutar. E todos os personagens demonstram através dos diálogos quem realmente são. Eles não dizem como são. Eles simplesmente o são. Como na vida real. Uma pessoa não chega para você e diz “sou assim, assim e assado”. Ela conversa com você e, desta forma, você descobre como ela é.

Outro talento de Tarantino é utilizar muito bem bons atores que, em geral, são sempre coadjuvantes em outras produções. Neste caso, dois grandes atores têm muito o que oferecer ao filme: Steve Buscemi e Michael Madsen.

Buscemi faz o personagem menos anormal da trama, o profissional Mr. Pink que tem como mantra o profissionalismo no mundo do crime (mas será que isso existe mesmo?). Já Madsen faz o assassino frio e doentio Mr. Blonde que é um verdadeiro psicopata. Aliás, ele protagoniza a cena que resume o filme: enquanto dança ao som de “Stuck in the middle with you”, Mr. Blonde tortura um policial com uma navalha. Enfim, uma faladeira inútil e muita violência. Com estilo.

Algumas curiosidades dos bastidores da produção do filme são tão interessantes quanto a própria película. Tarantino era um diretor desconhecido e não possuía nome para conseguir dinheiro com facilidade. A entrada de Harvey Keitel (Mr. White) para o projeto foi uma benção, já que o ator ajudou a angariar fundos para a produção.

De acordo com o site Cinema em Cena, “Tarantino queria que James Woods interpretasse um dos papéis do filme e chegou a fazer cinco diferentes propostas de cachê para o ator. Como todas elas eram bem inferiores ao que o ator estava acostumado a receber, o empresário se recusou a transmitir as ofertas para ele, que nem ficou sabendo da proposta. Quanto Tarantino se encontrou com Woods pela primeira vez, tempos depois, o ator ficou sabendo da proposta que havia sido feito na época do filme e ficou muito irritado com seu empresário, demitindo-o.”

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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