domingo, 26 de setembro de 2010

A organização das idéias

Muita gente não deve conhecer O Livreiro. Trata-se de uma rede social dedicada aos amantes da leitura e da cultura. Uma espécie de Orkut para quem gosta de ler.

Nesta rede, eu participo de uma comunidade chamada Novos Autores. Um dos tópicos dessa comunidade iniciou um debate interessante sobre a dificuldade que novos autores possuem para organizar as idéias e tornarem seus textos satisfatórios (especialmente para si próprios) e publicáveis. O que me deu a idéia para a produção desse post onde coloco minha humilde opinião sobre o assunto.

Quando gostamos de ler é natural que desperte na gente uma louca vontade de escrever. Também conheço gente que nem gosta tanto assim de ler, mas vive experiências bacanas que deseja contar para todos o que viveu. Uma forma de fazer isso é através da escrita. Mas muitos esbarram em um mesmo obstáculo: a dificuldade de transmitir suas idéias.

Organizar os pensamentos e colocá-los no papel não é uma tarefa fácil. Quem nunca esteve diante de uma folha em branco sem saber como iniciar uma redação? Ou ficou parado(a) em frente ao monitor de um computador enquanto o cursor piscava a espera de uma palavra sequer para dar vida a um texto? Particularmente, acredito que há uma solução deveras simples para desbloquear a mente e transformar idéias em palavras: a prática.

Não há outra forma. É óbvio que há pessoas com mais facilidade para a escrita do que outros. Mas sem prática, ninguém sai do lugar. Se você tem dificuldades para colocar no papel as suas idéias, eu te faço uma sugestão: escreva sempre. Escreva diariamente. Qualquer coisa. Desde uma lista de compras do supermercado até mesmo um diário com os principais acontecimentos do seu dia. Escreva sem pensar. Escreva sem se preocupar se o texto ficará bom. Se gostarão de lê-lo. Escreva até mesmo sem se preocupar com os erros gramaticais e as faltas de concordância.

Quando mais você pratica, mais você lapida seu texto. Mais facilmente conseguirá criar escritos a partir de idéias que simplesmente vagam pela sua mente. Sem ordem, rumo ou coesão. Cabe a você criar ordem a partir do caos utilizando as letras. E isso a gente só consegue praticando.

Logicamente, cursos podem ajudar. Existem cursos de escrita criativa, oficinas de redação ou faculdades. Tenho formação em Jornalismo e esta graduação em comunicação sem dúvida me ajudou a refinar meu texto e definir meu estilo. Busco produzir textos gostosos de ler como uma boa conversa. Evito escritos rebuscados (com palavras de difícil compreensão ou que dêem margem a múltiplas interpretações). Também prefiro transmitir coração e verdade no que escrevo (nada pior do que perceber que um autor escreve sobre algo que não faz idéia do que se trata), daí a importância da leitura e estudos sobre o assunto que deseja abordar. Algumas vezes, tenho sucesso nessa busca. Outras, não. Mas não deixo de escrever por isso. E nem você deve!

Acredite. Aí, você se "desbloqueia" para escrever e esbarra em outro problema: a vontade de escrever sem parar. Então, não consegue finalizar seu texto ou ele nunca te agrada inteiramente. Esse é outro ponto importante para todo escritor: se autoimpor uma dead line (expressão utilizada em Jornalismo para se referir ao fechamento de uma edição de jornal ou revista). Ou seja, um ponto final.

Quem escreve, nunca ficará satisfeito com seu texto. Essa é a grande verdade. A cada leitura, o autor sentirá vontade de reescrever trechos, revisar, cortar e adicionar informações. Mas é simplesmente impossível fazer isso continuamente. É necessário parar. Colocar um ponto final e reconhecer que tal texto torna-se imutável a partir dali. Admito que é uma árdua tarefa, mas necessária. Sem esse limite autoimposto, a gente nunca partiria para o próximo texto.

Espero ter lançado uma luz para quem tem esse tipo de dificuldade. Eu falei sobre cursos, mas existem também ótimas leituras que podem ajudar nessa questão. Eu recomendo um excelente livro chamado Técnicas de Comunicação Escrita, de Izidoro Blikstein (Série Princípios da Editora Ática). Essa obra aborda o funcionamento dos mecanismos da comunicação para escrever melhor. Aliás, uma das melhores frases que já li sobre o assunto estão na contracapa desta obra: "escrever bem não é escrever bonito ou difícil, mas comunicar-se eficazmente".

3 comentários:

Ricardo disse...

Curti essa sua "mini-aula". Muito boa. Já li esse livro do Izidoro. Tinha que ser leitura obrigatória nas escolas!

MLMAnjos disse...

Pelo seu post deu pra ver que vc escreve bem. Agora fiquei mais curioso para ler seu livro.Mas não acha que "aprendiza" soa estranho?

Khêder Henrique disse...

A principio, para mim, "aprendiza" soava estranho também. Mas já me acostumei. Acontece que é uma palavra que não estamos muito acostumados a utilizar (assim como "presidenta"). Mas como é o feminino de aprendiz e a protagonista é uma mulher... acabei por adotar esse nome "peculiar" que, por ser diferente e até mesmo soar estranho, desperta a atenção. Obrigado pela visita e pelo comentário.