terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Fúrias de Titãs



Pôster do filme

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnFAr6-MyFphn2csb0sQWJuYzBKxgjb7oLic6M9Fk3E8PbhHd-rd-oa-vXyGDoVW6HRtZDXlVZST28J18yvKLZ7W8jd5PEZ0JNxczmL5pbmlyeFI12Thiqgbr5Rg08Hr2DyEFkCr1B4-U/s1600/Clash+of+the+Titans+(1981).jpg

Perseu (Harry Hamlin), o filho mortal de Zeus (Laurence Olivier), precisa salvar sua amada princesa Andrômeda (Judi Bowker) do monstro marinho Kraken. Para tanto, o herói embarca em busca por uma arma tão letal quanto difícil de adquirir: a cabeça da Medusa. Diretamente da mitologia grega para os cinemas, Fúria de Titãs é um clássico da sétima arte não apenas por seus personagens arrebatadores ou sua fidelidade à magnitude da obra que a inspira, mas também pelas incríveis animações em stop motion do mestre Ray Harryhausen presentes na película.

A mitologia grega é muito rica por sua diversidade de tramas e personagens. Como todo mito, tinha a função de explicar de maneira fantasiosa uma realidade para a qual não se obteve uma justificativa racional, ou seja, um componente fundamental para o ser humano compreender a realidade.

Um dos maiores charmes da mitologia da Grécia é a presença corriqueira dos Deuses do Monte Olimpo em suas histórias. Basicamente, a única diferença entre um humano e deus grego é o fato deste último ser imortal. Tanto um humano quanto um deus grego é uma pessoa carregada de virtudes e defeitos. O problema é que os erros cometidos pelos deuses possuem conseqüências numa escala muito maior que a dos humanos.

Desta forma, existe um Zeus que é tudo menos fiel a sua esposa Hera. Tanto que vários heróis mitológicos são semi-deuses, ou seja, filhos mortais de Zeus com alguma mulher por quem ele caiu em tentação. Perseu era um destes filhos. E como, em parte, herdeiro de um sangue divino, está destinado a feitos grandiosos.

Perseu é o herói clássico. Possui grandes obstáculos a sua frente para vencer. Em alguns momentos, duvida que tenha habilidades para ultrapassá-los, mas segue sempre em frente sem desistir jamais. Essa personalidade está presente em várias passagens do filme, seja em momentos singelos e belíssimos como a cena em que ele doma o último dos cavalos alados, Pégaso, ou quando enfrenta seus maiores desafios representados pela Medusa e pelo Kraken.



Perseu contra o Kraken

Imagem: http://www.filmofilia.com/wp-content/uploads/2009/04/clash-of-the-titans.jpg

Em um filme repleto de seres fantásticos, a animação em stop motion caiu como uma luva para dar vida a cães de duas cabeças ou a escorpiões gigantes. A animação em stop motion ou quadro-a-quadro, como também é conhecida, consiste em fotografar um modelo articulado em seqüência, enquanto um animador modifica a posição do modelo entre uma foto e outra. Exibidas uma após a outra, as fotos criam a ilusão de movimento. Detalhe: no cinema, cada segundo é composto de 24 frames, ou seja, eram necessárias 24 fotos para compor um segundo de filme.

Essa técnica é considerada o primeiro efeito especial do cinema e foi utilizada pela primeira vez por Willis O´Brien em O Mundo Perdido, de 1925. Porém, é Ray Harryhausen, um fã de O´Brien, que é conhecido como o mestre do stop motion por elevar a técnica ao status de arte. Harryhausen também é responsável por ser o primeiro a empregar a técnica juntamente a atores reais em cena, efeito conhecido como Dynamation.

O trabalho de Harryhausen pode ser conferido também em As novas aventuras de Simbad, de 1973, e Simbad e o olho do tigre, de 1977. Fúria de Titãs, seu mais recente filme, foi lançado nos cinemas no distante ano de 1981. Entretanto, a pouco tempo, o animador anunciou que pretende produzir outro filme com o personagem Simbad. Não há datas de lançamentos, pois não existem nem um roteiro definido.

Em uma entrevista para os extras do DVD de Fúria de Titãs, o mestre Harryhausen dá um recado para aqueles que não gostam de filmes de fantasia: “A maioria das pessoas acha que é infantilidade ter imaginação. Eu discordo. Acho que devemos viver imaginando o melhor”.

A fantasia não funciona somente como escape da realidade, mas também como uma maneira de compreendê-la. Lembre-se: alguns acontecimentos do mundo real tendem a serem mais absurdos do que os seres da ficção.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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