quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Fernão Capelo Gaivota


Capa do DVD do fillme

Imagem: http://dvdsfilmes.files.wordpress.com/2009/09/fernao-capelo-gaivota.jpg


“A vida vista pelos olhos de uma gaivota”. Esta foi a primeira definição que escutei sobre o filme Fernão Capelo Gaivota, uma película que desconhecia totalmente e minha mãe estava em busca para assistir. Depois de conferir a produção posso dizer que é muito mais do que isso.

Fernão Capelo Gaivota é uma gaivota que possui como meta a perfeição. Sua determinação em atingir seu intento final o leva a procurar a superação constantemente. Assim, a pequena ave deseja sempre voar mais alto e mais rápido. Até durante a noite. Mesmo não tendo olhos de coruja ou asas de falcão. Esses seus “vôos irresponsáveis” provocam sua expulsão do bando do qual faz parte que não vê com bons olhos suas atitudes. Então, como um exilado, Fernão parte numa jornada em busca de conhecimento para aprender mais sobre si e o mundo a sua volta. Ele deseja também ensinar aos outros o que aprendeu, mas podemos ensinar algo a quem não quer aprender?

O filme possui sim um apelo religioso quando utiliza-se de simbologias. Enquanto Fernão está sempre voando mais alto, perto do sol, do paraíso e de Deus(?), seu bando está brigando por comida em meio ao lixo que, para nós, lembra um inferno. Também parece um título de auto-ajuda em determinados momentos. É daqueles filmes com frases sábias sobre a vida que nos fazem nos sentir melhor.

Mas, para mim, seu maior mérito, é falar do ser humano sem a presença de nenhum homem ou mulher durante os 99 minutos de projeção. A direção e produção é de Hall Bartlett que registra momentos incríveis de gaivotas em diversas situações. Então, temos os dubladores que “interpretam” as aves numa fábula instigante. Una este trabalho de paciência de captação de imagens com uma impecável fotografia, de Mac Gilvrany-Freeman, e uma bela trilha sonora, de Neil Diamond.



Esta imagem não é do filme, mas ilustra bem o espírito do “mundo das gaivotas”

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZhQUM4LpbFyHwZNjBfQgq544tlMRLPkSh37iP3-j0Cy6pjWooDeIXf9N3ABnmabgTN61IP-CbIUyVaEOcGFKiyQKhUzk6b02DPRXfONgsP7wLFyYfIFjgYNSzRpaiH2o9e-snwxUJiY0/s1600/gaivota.jpg


F. C. Gaivota aborda, por meio de uma metáfora bem construída, a mesquinhez humana como poucos filmes. Mostra como somos pobres quando buscamos objetivos desprovidos de verdadeiro valor e como possuímos medo de mudanças. Como achamos conveniente ficar na mesmice, no igual, por medo de perder o controle e, desta forma, nunca progredir, nunca voar mais alto.

O protagonista, mais do que uma gaivota ou a representação de um homem, é um estado de espírito ou um exemplo a se seguir. Isso fica claro já quando o filme se inicia com os dizeres “Ao verdadeiro F. C. Gaivota que vive em todos nós”.

As canções possuem letras muito bonitas e eu destaco a música tema do próprio Fernão que toca quando ele aparece dando seus rasantes pela primeira vez:

"Perdido num céu colorido/ onde as nuvens inspiram os olhos do poeta/ você poderá encontrá-lo/ se quiser encontrá-lo. Longe/ numa praia distante/ nas asas do sonho/ através de uma porta aberta/ você poderá encontrá-lo. Será como uma palavra/ que espera uma folha branca e fala de um tema eterno/ e em Deus encontrará a felicidade./ Cante/ a canção que procura uma voz interior/ e o sol lhe mostrará o caminho. "

Acho que isso ilustra um pouco o espírito da produção.

É difícil falar sobre um filme assim. A proposta é divulgar um título muito bacana para conferir e tirar suas próprias conclusões. O filme é de 1973 e baseado no livro de Richard Bach, também co-roteirista do filme. O que posso dizer é que fazia muito tempo que não assistia a um filme tão emocionante e me tocasse tão profundamente.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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