terça-feira, 5 de outubro de 2010

O repertório

No post post sobre A organização das idéias, eu mencionei o livro Técnicas de Comunicação Escrita, de Izidoro Blikstein (Série Princípios da Editora Ática). Então, ao folheá-lo, lembrei-me de que esta obra é uma das que mais claramente explica o conceito de repertório, uma das peças mais importantes para a comunicação.

Segundo Izidoro, "o repertório vem a ser, portanto, toda uma rede de referências, valores e conhecimentos históricos, afetivos, culturais, profissionais, científicos, etc.". Enfim, o repertório nada mais é do que a bagagem cultural de cada pessoa. Simplesmente tudo ela já viveu, experimentou e aprendeu ao longo de toda a sua vida.

Por que esse conceito é tão importante na hora de escrever? Ele não é importante somente na hora de escrever, mas é fundamente no momento de estabelecer qualquer tipo de comunicação! E, mais importante do que um conceito, ele deve ser compreendido para na prática ser levado em conta. Sempre.

Cada pessoa tem um repertóro diferente. Logo, temos que estabelecer um nivel de igualdade entre estes repertórios diferentes para conectar tais pessoas. É impensável um piloto de aviões, por exemplo, falar comigo sobre aviação empregando termos técnicos desta área porque eu simplesmente não entenderei nada! Afinal, termos técnicos da aviação não fazem parte do meu repertório.

Da mesma forma que eu não posso ficar aqui escrevendo sobre meus personagens preferidos criados pelo Neil Gaiman. Sendo que eu tenho ciência de que muita gente que lê este blog não sabe quem é Neil Gaiman (a propósito, ele é um excelente escritor britânico!).

Toda vez que escrevemos, falamos, etc. temos que considerar o nível do repertório da pessoa com quem estamos nos comunicandos, ou seja, nosso público alvo. Não podemos utilizar palavras de díficil compreensão em um texto se nossos leitores são pessoas de poucos estudos. Bem como não podemos falar de um assunto extremamente específico (sei lá, os políticos corruptos de determinado partido) se informações básicas sobre o partido político citado não fazem parte do repertório de nosso público.

Analisar o público alvo para quem iremos nos dirigir é um ótimo exercício para acertar o tom de um texto (sempre fazer-se entender). Portanto, está aí: repertório. Lembre-se dessa dica. Ela é fundamental para o sucesso de toda comunicação efetivamente eficaz.

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