quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A Vila



A jovem cega Ivy é interpretada pela bela Brice Dallas Howard

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O que há em comum em O Sexto Sentido, Corpo Fechado e Sinais além dos três filmes serem dirigidos por M. Night Shyamalan? Eles possuem um final surpresa. Durante todos estes filmes, o diretor brinca com nossa ansiedade até o fim, momento de revelar uma verdade que nos abala. A Vila, seu novo filme, segue a mesma linha: é um suspense de primeira. Mas há algo de surpreendente a ser descoberto neste filme?

O maior inimigo de Shyamalan é a ansiedade dos fãs gerada pelos ótimos trabalhos anteriores. E uma campanha de marketing que destaca a afirmação “não revele o final deste filme” não ajuda em nada. Cria-se uma expectativa. E as coisas não funcionam bem assim.

Neste filme, por exemplo, fiquei mais surpreso com eventos que acontecem durante o filme do que com o final propriamente dito. O problema está na intenção de cada um que vá assistir ao filme. Se você for com o objetivo de ser surpreendido no final (nossa, nunca imaginaria isso!), talvez, você se decepcione. Não falo apenas deste, mas de qualquer filme de suspense. Sabe aqueles em que há um assassino a ser descoberto? É a mesma coisa.

Querendo ou não, durante o filme vamos desenvolvendo teorias para a solução do mistério. Teorias que podem se mostrar certas ou erradas. A verdade é que Shyamalan brinca ao não revelar o suficiente para a descoberta da verdade final, ou ele a deixa mais escancarada do que se imagina e se o espectador matar a charada antes do meio do filme, este perde a graça.

A Vila conta a história de uma pequena comunidade, do fim do século XIX, que vive cercada por um bosque. Neste bosque existem sinistras criaturas. E há uma espécie de pacto entre as criaturas e os moradores do local. Um não deve ultrapassar a fronteira do outro. Porém, um dia, marcas vermelhas (a cor ruim) aparecem nas portas do vilarejo indicando que a trégua possa ter chegado ao fim.





Lucius Hunt (Joaquim Phoenix) é a pessoa mais corajosa da comunidade

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Aqui entram os personagens fortes de Shyamalan. Depois do ex-padre que perdera sua fé em Deus, em Sinais, a protagonista de A Vila é Ivy (Brice Dallas Howard), uma garota cega que, por sua coragem e força, é mais visionária do que qualquer outro em sua comunidade. É como se ela visse o mundo de outra forma. De um jeito que nós jamais veríamos. Ela é a responsável por sustentar o tema de inocência e medo que o filme pretende abordar.

O que mais me agradou em A Vila foi o fato de não saber para onde o filme iria caminhar. Em certo momento do filme, um fato inesperado força Ivy a querer atravessar o bosque em busca de ajuda na cidade vizinha. Então, no melhor estilo RPG, uma garota cega aventura-se por uma floresta desconhecida e cheia de perigos portando pedras mágicas e um manto amarelo (a cor do bem) que a proteja das criaturas.

As seqüências na floresta são, sem dúvida, as mais angustiantes. Queremos levantar da poltrona e segurar a mão de Ivy para ajudá-la em sua jornada. Uma busca que a levará a uma verdade que ela, talvez, não esteja pronta para entender.

É óbvio que não contarei o final do filme. Por isso os filmes de Shyamalan são divertidos quando vistos pela primeira vez. Eles são divertidos quando assistidos novamente, mas a primeira vez é a mais importante.

Infelizmente, não pude curtir minha primeira vista de A Vila com tranqüilidade até o fim. Acontece que em certo ponto do filme, eu estava com um refrigerante na mão e tomei um susto e dei um banho na minha namorada. Ela ficou (com razão) muito nervosa e tanto o meu quanto o desejo dela era de que o filme acabasse logo para resolvermos a situação. Essa reviravolta do outro lado da telona (rs) quebrou a atmosfera de se assistir a um filme de Shyamalan.

O que dizer sobre a parte técnica? Impecável como nos filmes anteriores. A trilha sonora possui presença marcante como sempre e muitos sustos são provocados mais pela música do que pela ação em si. Falando em sustos, minha namorada quase não tomou sustos enquanto que eu me assustei em vários momentos. Ou ela é corajosa demais ou eu sou medroso demais (não vou optar por nenhuma das duas alternativas). Os jogos de câmeras que nos colocam nos olhos de determinados personagens em certos momentos do filme nos garantem emoções únicas. E a tensão que Shyamalan consegue criar (e manter, é bom lembrar) como poucos está presente.

Quando assisti ao trailer, eu esperava algo parecido com Sinais, mas A Vila guarda mais surpresas. As situações pelas quais os personagens passam são completamente diferentes. É como o personagem Lucius Hunt (Joaquim Phoenix) diz “sinto que há segredos por todos os cantos deste lugar”. Mais segredos do que ele poderia imaginar.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

Um comentário:

TARSIS TINDARSAM disse...

Adoro os filmes de Shyamalan, acompanhadas sempre pela trilha de James Newton Howard. Esse diretor me inspirou muito a escrever. Apesar de usar fantasmas, superheróis, ets, monstros, é o drama, que ele escrever, a base de todas as histórias. Meu conto O ENIGMA DA PEDRA, que sairá pela editora Novo Século, no livro HISTÓRIAS DE MONSTROS E DIABRURAS, tem muito de SINAIS. Se quiser, olhe o blog: http://tindarsam.blogspot.com. Sucesso Rapaz! Blog mt bonito!