quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Heróis X Vilões



Estatueta de Superman versus Darkseid

Imagem: http://www.starstore.com/acatalog/superman-darkseid-statue.jpg



O maniqueísmo (a eterna luta do bem contra o mal) é uma temática corriqueira em obras de fantasia. Em algumas obras, os mocinhos são bem distintos dos bandidos. Fica claríssimo para quem devemos torcer a favor ou contra. O que deixa a ficção muito simplista perto da realidade.

Oras, se a ficção é um reflexo ou metáfora para a realidade, ela não deveria ser assim. Nada contra obras infantis que adotem essa filosofia para passar alguma lição de moral. Mas para um público mais atento, isso soa sem graça.

Se recorrermos ao Dicionário Michaelis, uma das definições para herói é a seguinte: "Homem que se distingue por coragem extraordinária na guerra ou diante de outro qualquer perigo". E, para vilão, no mesmo dicionário temos: "Pessoa vil, desprezível, que comete ações más ou baixas". Sendo assim, parece simples, não é? O herói é alguém que só faz coisas boas e o vilão coisas ruins.

MAS, será que o herói nunca erra? Será que em toda sua vida o chamado vilão nunca fez nada que prestasse? Tenho mais dificuldade em acreditar nesse tipo de ponto de vista do que crer que um homem possa voar ou ser mais forte do que uma locomotiva.

Particularmente, não acredito em heróis ou vilões, mas em pessoas. Inclusive como personagens de sagas de fantasia. Ninguém é mal simplesmente porque um dia acorda e diz para si mesmo "nunca mais farei o bem na minha vida". Devem existir motivações por trás de tais personagens que definam seu estilo, jeito de ser e sua propenção (ou índole) para ações mais nobres ou desprezíveis.

Na criação de A Aprendiza de Elementar, tive isso sempre em mente. Então, temos a protagonista que é dona de um arsenal de defeitos (ou pontos a melhorar, como preferem alguns profissionais da área de Recursos Humanos) como qualquer um de nós. Mas que também possui diversas virtudes (algumas que até ela mesma desconhece!). Acredito que isso não a torne passível de ser rotulada heroína ou vilã.

No contexto do livro, o que existem são pessoas com virtudes e defeitos que fazem escolhas. Tais escolhas podem levar a caminhos belos ou lugares sombrios. A princípio, somos todos iguais, porém coisas ruins acontecem para todos ao longo de nossas vidas.

Tais eventos podem derrubar uma pessoa, podem fazê-la virar-se contra tudo e todos. Podem levar esse alguém a causar sofrimento para aqueles ao seu redor, mas, principalmente, para ele mesmo! Isso o torna vilão?

Porém, existem também aqueles que apesar dos infortúnios não se deixam abater. Persistem onde outros recuaram; possuem uma fibra que os faz seguir adiante apesar de diversos contratempos que teriam derrubado pessoas com menos garra e força de vontade. Tais pessoas tornam-se heróis por isso? Exemplos a se admirar talvez. Mas heróis?

Já li certa vez (não lembro onde) que o vilão é aquele personagem que acredita estar acima do bem e do mal. E, para ele, seus objetivos (quaisquer que sejam eles) não são merecedores de punição, pois ele acredita que ele é obviamente merecedor do tesouro que tão desesperadamente ele busca.

Nas histórias em quadrinhos americanas (Superman, Homem-Aranha, etc.) geralmente o herói não é somente aquele que faz o bem e salva vidas, mas aquele cara que inspira os outros a se tornarem pessoas melhores. Nesse herói sim dá até vontade de acreditar, mas sabemos que na real existem heróis e vilões mesclados dentro de cada um de nós. Afinal,
a realidade não é preta e branca. Ela possui tons acinzentados.

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