sábado, 2 de outubro de 2010

Aprendiza: a polêmica do nome

A Aprendiza de Elementar nem foi lançada, mas já gerou uma polêmica deveras interessante com relação ao seu título. O correto não seria A "Aprendiz" de Elementar? A palavra "aprendiza" existe na Língua Portuguesa? Qual a sua opinião?

Acredito que tudo comece pela estranheza que a palavra nos cause. Esse fato de "aprendiza" soar estranho aos nossos ouvidos foi até mesmo o mote de um dos comentários no meu outro blog, o Khêder Henrique - Tire seus sonhos da gaveta. Muito pertinente por sinal. O estopim para a criação deste post.

Quando me perguntam qual o título da minha obra e eu respondo, as pessoas agem como se não tivessem escutado direito, confirmam se o título é mesmo "aprendiza" e há até mesmo aqueles que tentam fazer uma correção ("A aprendiz de elementar?") ou me perguntam se essa palavra de fato existe.

O grande barato de tudo isso é que se você sair pesquisando em dicionários ou até mesmo em alguns sites conceituados encontrará divergências curiosas. Em alguns dicionários, o verbete "aprendiza" nem mesmo existe!

Certa vez, até li que "aprendiza" é uma forma incorreta de empregar o feminino de "aprendiz" e que isso se deve a uma confusão entre o português utilizado no Brasil e o difundido em Portugal (que aceita essa forma feminina e diferenciada).

Já o site Ciberdúvidas da Língua Portuguesa esclace os momentos em que aprendiza pode ou não ser utilizado. Confira:

"A palavra aprendiz tem forma feminina (aprendiza) em algumas das suas acepções, nomeadamente:
- «que aprende arte ou ofício»
- «principiante, novato»
- «que tem pouca habilidade, poucos conhecimentos, pouca habilidade»
No entanto, existem significados mais específicos em que a palavra apenas se emprega na forma masculina:
- «primeiro grau da Maçonaria»
- «aluno jovem da escola de marinharia»
- «rapaz órfão e pobre integrado num grupo militar organizado»"

Mas, sem dúvida, o texto que mais me impressionou a respeito dessa temática sobre as formas femininas de determinados substantivos foi o do Prof. Hélio Consolaro que você pode conferir clicando aqui. Ele foi publicado no site Fala Bonito - A Construção de um imaginário Linguístico. O autor não aborda o termo "aprendiza". Ele discorre sobre as palavras "presidenta" e "hóspeda" (essa eu desconhecia!) e a relutântica que as pessoas tem de empregá-las. Inclusive, algumas mulheres!

Ele trata do machismo presente até mesmo na língua. O que não deixa de ser um fato, uma vez que em uma sala cheia de pessoas (mesmo que estejam presentes mais mulheres) , essas serão tratadas por "prezados senhores". Se há um grupo com 10 meninas e apenas um menino, este não aceitará que o grupo seja tratado por "elas". Muito interessante!

Mas concordo que exista esse machismo. O que eu considero ultrapassado. Todos sabem da importância das mulheres na sociedade e de sua força cada vez mais presente no mercado de trabalho, na política, na televisão, etc. No prédio em que trabalho, por exemplo, o contingente feminino representa 75% do número de funcionários! Acho que minha esposa não vai gostar de saber disso, mas, enfim...

Retomando o ponto de partida deste post, optei por "A Aprendiza de Elementar" em detrimento de "A Aprendiz de Elementar" simplesmente porque a protagonista é uma mulher. Além de enaltecer a força feminina presente na obra (o que de forma nenhuma quer dizer que seja um livro somente para mulheres. É um livro para todos!), o termo desperta a curiosidade por causar realmente um impacto ao ser escutado pela primeira vez. Assim como "presidenta".

Mas, para não restar mais dúvidas, eis a definição do verbete "aprendiz" no Dicionário Michaelis bem como a descrição da forma feminina desta palavra:

"aprendiz
a.pren.diz
sm (fr ant apprentiz, mod apprenti) 1 O que aprende arte ou ofício. 2 Novato, noviço, principiante. 3 Pessoa pouco hábil ou pouco inteligente. 4 Primeiro grau da maçonaria. fem: aprendiza."

PS: Se "aprendiza" já desperta a atenção, imagina a palavra "elementar" que eu explico sucintamente na Sinopse Oficial? Mas isso é assunto para um post futuro...rs

5 comentários:

Eduardo disse...

Vc se considera um feminista Khêder? Por isso uma protagonista mulher?


Até mais

carolchiovatto disse...

Eu gostei do esclarecimento. Eu mesma não utilizava a palavra dessa forma (bom, pelo menos não é uma palavra q usei no meu livro, assim não pago mico). hehehe

Achei um barato pq vc não prega nossa língua machista (e o português é uma língua machista), mesmo q para isso tenha q passar por impasses como a reação das pessoas. Mas isso é bom, desperta curiosidade^^

Li esse post, vamos ver se leio os outros.

Khêder Henrique disse...

Eduardo, eu nunca pensei em mim como um femininsta. Sou contra discriminações de qualquer tipo. É inaceitável que qualquer pessoa seja excluída de um debate, cargo de trabalho ou o que quer que seja devido a sua raça, credo, orientação sexual ou por ser mulher. Se acreditar que a mulher deve ter os mesmo direitos e privilégios que os homens é ser femininsta, então, eu sou.

Khêder Henrique disse...

Carol, é exatamente como você disse: desperta a curiosidade. E isso é o grande barato.

Particularmente, não acho que é pagar mico ou ficar em um impasse diante da reação das pessoas utilizar uma palavra pouco empregada.

Eu adoro essa reação das pessoas. Provocá-las é meu passatempo preferido e acredito que seja o de todo comunicador. Afinal, nosso trabalho está sujeito às manifestações alheias de qualquer tipo.

Carla disse...

Enigmático esse título. Fiquei curiosa.