quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Kill Bill: Volume 2



Elle Drive está armada e é muito perigosa

Imagem: http://www.goodgreencars.com/wp-content/uploads/2008/09/_elle-driver-_014_.jpg

A espera foi longa, mas foi muito bem recompensada. Kill Bill Vol. 2 chegou aos cinemas brasileiros na última semana para terminar de narrar a sangrenta saga da Noiva (Uma Thurman). No fim de sua jornada, a Mamba Negra enfrenta os mais terríveis profissionais do Esquadrão de Assassinos das Víboras Mortais, além do famigerado Bill.

É bom lembrar que não existem dois filmes de Kill Bill, mas um filme dividido ao meio por questões comerciais (o valor arrecadado nas bilheterias, provavelmente, seria menor se os espectadores tivessem de encarar um filme com mais de 4 horas de duração).

Não há como se diferenciar do que outros sites dizem sobre a película: “um dos melhores filmes do ano, senão o melhor” ou “o ano poderia acabar por aqui”. Kill Bill não só mescla elementos divertidos dos mais variados gêneros do cinema como traz personagens fortíssimos com filosofias particulares muito bem definidas (o forte de Tarantino) que sustentam uma história de amor bem bolada contada de uma forma não linear que a deixa ainda mais interessante.

A linha narrativa é um ponto forte do filme. Se ele fosse contado linearmente, ou seja, começo, meio e fim, como convencionou-se, muito do impacto causado por determinadas revelações seria perdido já que saberíamos de antemão o que acontecera anteriormente. Indo e voltando no tempo as informações são nos reveladas a conta-gotas e nos momentos precisos. Antes, não eram necessárias serem conhecidas.

Enquanto na primeira parte do filme, Bill (David Carradine) era alguém poderoso e intocável, uma sombra sinistra cuja presença só era perceptível pela voz rouca do ator, nesta segunda parte, o personagem ganha mais profundidade e traços mais humanos. Sua importância para aparecer até mesmo no título do filme se faz presente e entendemos as motivações do personagem e percebemos como ele não é tão e somente um monstro cruel como a narração em off da Noiva possa nos fazer pensar no primeiro volume. Tive a oportunidade de ler o release do filme e o ator David Carradine defende com unhas e dentes seu personagem quando perguntado sobre Bill ser o vilão do filme: “Não existem mocinhos nos filmes de Quentin Tarantino. Todos são vilões.”



Um dos pôsteres da produção

Imagem: http://www.omelete.com.br/imagens/cinema/artigos/kill_bill2/poster.jpg

Muitas resenhas consideram o volume 1 uma atração mais masculina enquanto a segunda parte mais feminina. A verdade é que muitos garotos gostam mais da adrenalina, músculos, chutes e socos da primeira parte do que a profundidade, sensibilidade e romantismo do volume 2.

Eu, particularmente, gostei mais do volume 2 por um simples motivo: as coisas, realmente, acontecem apenas no volume 2. Os primeiros capítulos da saga da Mamba Negra narram apenas lutas e o embate com os personagens mais “coadjuvantes” das Víboras Mortais. Já o volume 2 traz o próprio Bill como protagonista, revela as motivações por traz da ação dos personagens e mostra o confronto da Noiva com sua mais terrível adversária: Elle Drive (Darryl Hannah). Uma luta que se resume a uma palavra: Jackass! (rs) Acontece que as duas loiras protagonizam uma cena de luta bizarra e absurda, sem nobreza alguma se comparada à luta com O-Ren Ishii (Lucy Liu), com direito a dar descargas uma na outra, quebrar vasos e tábuas na cabeça da rival e um final pra lá de nojento.

Não posso deixar de destacar a importância da trilha sonora que é vital nos filmes de Tarantino. Voltando ao release, descobri que o diretor preza tanto a música em suas películas, pois antes do videocassete, a única forma de reviver as emoções de um filme era por meio de suas trilhas sonoras e tentar remontar as cenas mentalmente (o diretor é desta época). Experimente ouvir a trilha sonora em CD. Não há como não lembrar de determinadas passagens da produção.

Seja por personagens cativantes, uma história bem amarrada ou uma protagonista – ao mesmo tempo – bela, cruel e merecedora de um destino tão terrível quanto o das vítimas de sua lâmina, Kill Bill é um filme para ser assistido várias vezes e tirar proveito desta divertida aula de cinema oferecida por Quentin Tarantino.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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