segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Dungeon Crawlers

Eu já disse que gosto de histórias em quadrinhos. Por isso, outra influência para produção do livro são os roteiros do Marcelo Cassaro, um roteirista brasileiro autor de Holy Avenger e Dungeon Crawlers.



Capa da primeira edição da mini-série

Imagem: http://images.quebarato.com.br/T440x/dungeon+crawlers+serie+completa+__199C4A_1.jpg



De volta ao mundo místico de Arton, Marcelo Cassaro nos apresenta uma nova aventura, com novos personagens, por meio de uma nova editora, na mini-série em 4 edições Dungeon Crawlers, da Mythos Editora.

O leitor que nunca visitou Arton – local onde Sandro, Lisandra e companhia viveram suas aventuras durantes as 40 edições de Holy Avenger, da Editora Talismã – não terá problemas quando ler Dungeon Crawlers, já que o início da história traz uma (re)apresentação deste mundo. Não trata-se de uma seqüência. É uma nova história que se passa no mesmo local. Arton é um lugar criado por 20 deuses que representam os aspectos mais fundamentais da existência. Dentro deste grupo de deuses há várias rivalidades. A história desta aventura centra-se na dualidade representada pelas deusas Allihanna, a mãe da natureza, e Tanna-Toh, mãe do conhecimento. Enquanto os seguidores da deusa da natureza vivem de forma selvagem e combatem os inimigos do equilíbrio natural, os fiéis a deusa da palavra não podem deixar um conhecimento morrer e tem a obrigação de levar a palavra escrita aos povos bárbaros, mesmo que valendo-se da força.

Neste contexto, Aurora, uma clériga de Tanna-Toh, parte numa jornada até a esquecida cidade élfica de Lenórienn, que foi dizimada por hobglobins, em busca de suas relíquias culturais, acompanhada por sua amiga Brigandine. Diante dos perigos, Aurora é obrigada a aceitar a companhia e proteção de um elfo ranger, um fiel de Allihanna, Fren, que fez uma promessa de acabar com os hobgoblins que cruzem seu caminho. Desta maneira, uma improvável aliança é formada.

Cassaro sabe muito bem trabalhar essa dualidade, colocando em ação uma humana que pensa e faz planos demais antes de atacar e um elfo que não pensa antes de sair na porrada. O que rende momentos críticos de embate entre os dois e cenas muito engraçadas. Destaco a passagem em que Fren irrita Aurora fazendo-lhe perguntas íntimas. Acontece que um clérigo de Tanna-Toh faz um juramento que a impede de negar qualquer tipo de conhecimento ou mentir. Portanto, a pessoa sob este juramento deve dizer sempre a verdade, mesmo que não queira.

Devido ao curto espaço que possui em relação a Holy Avenger (Dungeon tem apenas 4 edições enquanto que Holy possui 40, sem mencionar os especiais e os epílogos), Cassaro desenvolve bem os protagonistas, mas sem aprofundá-los. Nunca sabemos direito porque Brigandine faz tanta questão de proteger Aurora (só porque elas são amigas?) já que tem tanto medo de lutar ou porque Fren decide ir a um lugar que traz tantas lembranças desagradáveis para um elfo.




Outra capa da mini (não tão caprichada quanto a primeira)

Imagem: http://images.quebarato.com.br/T440x/dungeon+crawlers+serie+completa+__199C4A_4.jpg

A arte é de Daniel HDR, que possui um traço mais puxado para os comics americanos do que para os mangás, distanciando-se da arte de Erica Awano, ilustradora de Holy Avenger, que faz algumas participações especiais desenhando passagens de flashbacks e momentos românticos. Embora a arte de Erica seja inferior em detalhes a de HDR, o clima que ela cria com seus desenhos é bem superior. Como Dungeon é colorida (diferente de Holy), sua arte só tem a ganhar. E é bom rever alguns velhos personagens conhecidos dos visitantes já apresentados a Arton.

A narrativa flui bem e conseguimos ler tudo de uma vez. Acho que o defeito seja justamente o título da obra. Cassaro parece possuir a mania de dar nomes em inglês aos seus trabalhos. Isso sem falar que Dungeon Crawlers é de uma pronúncia terrível. Por mais que você saiba falar inglês, isso não bastará se o tio da banca de jornal não te compreender. O jeito é arregaçar as mangás e encontrar o título sozinho.

A edição que eu li foi a encadernada que reúne as 4 edições originais. Embora, apresente o material integral, esta edição não traz todas as capas. Elas são reproduzidas em miniatura na quarta capa e, o mais triste é que, de quatro capas, a piorzinha foi escolhida para ilustrar esta edição especial.

Dungeon Crawlers vale a leitura tanto para quem conhece como para quem nunca foi a Arton. E, apostando numa fórmula que já deu certo: a narrativa une elementos de RPG e quadrinhos, mais especificamente o mangá. E é muito bom acompanhar a evolução de um promissor roteirista brasileiro que é o Marcelo Cassaro.

A história termina com um grande gancho para uma seqüência já confirmada por Cassaro em entrevista concedida a revista Wizard Brasil # 10. A nova aventura deve ser publicada também pela Mythos.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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