quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Holy Avenger

Para completar a Trilogia da Resenha (iniciada com o post A brincadeira de resenhar e prosseguido no texto sobre Warlands), vou apresentar agora uma resenha que enaltece os pontos fortes de uma ótima obra em quadrinhos. Confira!



Imagem: http://mundodorpg.files.wordpress.com/2010/09/capa-holy-avenger-volume-ii.jpg?w=500&h=370


Quadrinhos é um assunto muito gostoso de abordar. E falar sobre bons quadrinhos é melhor ainda. Não só bons desenhos, mas também e, principalmente, bons roteiros.

Então, aqui vai uma dica para quem quer ler algo diferente. Esta HQ é fantástica e 100% nacional. Estou falando de Holy Avenger, com arte de Érica Awano e roteiro de Marcelo Cassaro.

Esta revista surgiu em 1999 e estendeu-se por 40 edições que cativaram um público fiel. Antes que pensem que a revista foi cancelada, eu explico: ela encerrou-se no número 40. Por que? Porque boas histórias, geralmente, possuem um final. Esse detalhe poderia passar um dia pela cabeça dos americanos.

Holy Avenger possui dois ingredientes que a tornam ainda mais interessante: a revista une elementos RPGistas e mangáticos. Seus desenhos (e esta questão de a história possuir começo, meio e fim) são inspirados nos quadrinhos japoneses e a trama possui um ritmo de RPG. Os personagens principais enfrentam obstáculos que lhe são impostos e evoluem no decorrer da trama a medida que ganham experiência.

E o velho e inocente maniqueísmo de algumas histórias é posto de lado. Logicamente, existem heróis e vilões, mas, não temos os bons contra os maus. O mocinho, por exemplo, é um ladrão. Uma das heroínas possui um passado pra lá de obscuro. A mocinha é uma druida super inocente que vai tornando-se maléfica ao longo da aventura. E assim por diante.

A aventura acontece num mundo fantástico chamado Arton, que, na verdade, não é um mundo, mas um grande continente. E seus habitantes não interessam-se muito no que existem além de suas costas. Eles entendem como mundo esse lugar atemporal.

Esse mundo foi criado pelos poderes de 20 deuses que vivem num Panteão. A trama gira em torno da busca pelos rubis da virtude, que são esferas criadas por estes 20 deuses para dar poder a um paladino chamado Paladino. "O" Paladino de Arton. Um ser extremamente poderoso que era indestrutível e caminhava sobre esse mundo derrotando o mal. Porém, o sujeito desapareceu sem deixar rastros.



Imagem: http://www.universohq.com/quadrinhos/2003/imagens/holy_avenger_vol5.jpg

Só que existe uma pessoa que sabe onde ele está. Uma moça chamada Lisandra, uma druida que não conhece outros humanos e é atormentada por sonhos que a instigam na busca por estas jóias pra trazer o Paladino de volta a vida.

Ela busca a ajuda de Sandro Galtran, um ladrão mequetrefe que deseja se tornar um grande ladrão como seu pai. Junto com Sandro e Lisandra, outros dois personagens compõem o quarteto de protagonistas. São eles: o troglodita anão Tork, pai adotivo de Lisandra, e Niele, uma maga elfa maluca com um passado sinistro.

Outros persongens se juntarão aos quatro ou passarão pelas páginas da revista. Devo acrescentar: um mais cativante que o outro. Todos os personagens possuem histórias interessantes, suas personalidades são complexas e sempre queremos saber mais sobre eles. Tanto que alguns ganharam edições especiais que revelam suas origens.

Acho que uma crítica que posso fazer a revista é justamente o título. Acho que deva ser mania do Marcelo Cassaro, pois ao final de Holy Avenger, ele escreveu uma mini-série em 4 edições chamada Dungeon Crawlers com ilustrações de Daniel HDR e manteve essa característica de dar um nome em Inglês para a revista.

Nem todos os seus leitores dominam uma segunda língua. E mesmo quem domina esbarra na confusão que alguns jornaleiros fazem. Vá pedir uma edição de Dungeon Crawlers para o "tio" da banca de revistas mais próxima. Ele certamente responderá: "o que?". E você fica naquele suspense não sabendo se ele não te entendeu porque sua pronúncia foi incorreta ou porque ele não entende Inglês mesmo.

Fora isso, a HQ vale muito a pena. É divertida e engraçada. Tem suspense, drama, romance e até um erotismo leve. Enfim, elementos que poderiam permear muitas histórias. E tem algo mais: é totalmente feita no Brasil.

Não sei se quando li a história só eu tive esta impressão, mas o fato de saber que todo aquele material foi produzido por estas bandas, sinto que aqueles acontecimentos, aqueles personagens estão mais próximos de mim. Talvez pelo costume de ler histórias onde os personagens vivam aventuras nas "Nova Yorks" da vida.

Holy Avenger ganhou também um livro chamado A Arte de Holy Avenger com as artes da revista (publicadas ou não) com informações de todos os artistas envolvidos na produção da publicação. Um CD também foi produzido com dubladores profissionais interpretando os personagens principais. Chama-se Ouvindo Holy Avenger. É muito legal ouvir aquele personagem que você imaginou os trejeitos e cacoetes durante 40 edições. Aliás, é muito mais divertido ouvir o CD após terminar a história, pois muitas piadas se referem ao final da aventura ou algum acontecimento específico da história. Esses CDs com personagens de quadrinhos é bastante comum no Japão (olha outra influência do mangá por aqui).

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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