segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sin City



Você pode odiar Sin City, mas jamais negar que visualmente o filme é extremamente arrojado

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho_6PsMgEcMsvuwm1wqG3vve8FV56go-g7r4IaxHm9HHjqHLMm-z_lhqriKx2wO0OhG8dVjQt-FNrAsujIzZDdnsIfzRgwiMZIo-hkT2BoIfrR-Hox2qF5dCloDTGHURCyhJPEZXfHhkOU/s1600/sin_city.jpg


A humanidade não é a raça mais decente que poderia caminhar sobre a Terra. O ser humano pode ser bom, humilde e altruísta, mas da mesma forma pode ser ruim, egoísta e extremamente ambicioso a ponto de matar um semelhante para atingir seu intento. Há quem diga que somos um câncer para o planeta. Outros que afirmem que naturalmente somos malignos. A crueldade do coração humano está exposta para quem quiser ver, mas retratar na ficção esse lado sombrio de todos nós não é tão simples quanto possa parecer.

Sin City, a história em quadrinhos assinada pelo renomado Frank Miller, é um sucesso entre seus leitores por sair-se tão bem nesse sentido. As histórias narradas em Basin City (Sin é apenas um apelido, mas muito bem dado) são cruas, sujas, frias e têm como protagonistas os piores tipos de nossa sociedade: de policiais absurdamente corruptos a prostitutas assassinas passando por canibais, pedófilos e por aí vai.

Sin City – A Cidade do Pecado, filme do diretor Robert Rodriguez e co-dirigido por Frank Miller (com a participação especial na direção de Quentin Tarantino), é cópia em carbono da sua versão em papel. Os personagens são os mesmos e as tramas também. O que por um lado estraga as surpresas de quem já leu as revistas, por outro garante uma fidelidade nunca antes vista em uma adaptação dos quadrinhos para as telonas.

A reprodução visual do que está no papel para o celulóide também é fantástica. O filme é em preto e branco com algumas cores que pontuam elementos importantes para a narrativa. Em meio a monocromia, existem olhos azuis, carros vermelhos ou assassinos amarelos. Tudo a serviço de uma fotografia noir muito particular que retrata de forma única o que há de pior no ser humano.



A fidelidade para a história em quadrinhos é evidente

Imagem: http://jairoaugusto.zip.net/images/sincity2.jpg


Não há como mostrar esse lado negro da humanidade sem muito sangue, violência e cenas sensuais gratuitas. Esse tempero é a força que divide aqueles que gostam do filme daqueles que ficam horrorizados. Mas não há como sair imune a seus efeitos. Você pode odiar Sin City, mas jamais negar que visualmente o filme é extremamente arrojado.

Por outro lado, se você embarca na violência para extrair o máximo que pode dali não terá poucas chances para “se divertir”. Três narrativas se entrelaçam para desvendar o que ocorre na cidade. Em uma delas Hartigan (Bruce Willis), talvez o último policial honesto de Basin City tenta salvar uma garota de 11 anos das mãos de um pedófilo. Em outra, as prostitutas e mafiosos vivem uma guerra particular pelo controle de um pedaço da cidade. Em outro momento, Marv (Michey Rourke), um ex-presidiário, perde a amada após sua primeira e única noite de amor e fará de tudo para encontrar o responsável e ai de quando encontrá-lo.

Particularmente, meu personagem preferido é o incompreendido Marv, porém considero o assassino interpretado por Elija Wood como o mais sinistro e melhor personagem do longa. Mas a melhor história é a de Hartigan por ser mais densa e possuir reviravoltas fantásticas.

Não espere sorrisos, céu azul (mesmo porque o filme é em preto e branco) ou finais felizes. Sin City oferece o que o ser humano pode fazer de mais terrível. Porém, diante de tantos escândalos políticos e fatalidades acontecendo no país e no mundo, não há como não se indagar se os pecadores da ficção são capazes de competir com os da realidade.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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