terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O Chamado



O pôster da produção

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMTs9xCxN_gL20L3MH_4y_VWZR0S_cUMvVC6z5qXAgHe4WI-0vYhtipwlff-x31WnEoquGN_2Cup4cVZnGMUMV5xsir7gu2zAZpmJTojyyl_uKpQbF-6INV9XO7HHycZALWM4wPm_vIW-d/s1600/o-chamado-capa.jpg


Quem não gosta de um filminho no fim de semana? Nada como passar na locadora e escolher um filme ao acaso ou ficar indeciso entre tantos títulos quando o que você procurava já havia sido alugado. Então, você encontra um filme bacana. Quando chega em casa, o que vê são cenas estranhas que parecem mais um bizarro pesadelo. Quando o vídeo termina, o telefone toca e uma voz diz “sete dias”. E, por mais sinistro que possa parecer, após a anunciada semana, o inocente telespectador morre. Acho difícil encontrar um VHS deste tipo por aí, mas esta lenda urbana, uma fita amaldiçoada que mata a quem a assiste é a premissa de O Chamado (The Ring), de Gore Verbinski.

Este filme fez um grande sucesso em 2002. Ele narra a história da jornalista Rachel Keller (Naomi Watts) que, após a misteriosa morte da sobrinha – que suspeitam estar envolvida com a sinistra fita – , resolve investigar a história atrás de uma boa matéria. Ela acaba assistindo o VHS e o telefone toca para sua tristeza. Então, ela parte numa busca desesperada pela verdade por trás das imagens da fita e do responsável pelas mortes. As coisas se complicam ainda mais quando seu filho também assiste a fita por acidente.

O Chamado é um filme espetacular. Daqueles que precisamos assistir até a última cena para entendermos tudo. À princípio, ele possui uma “cara” de filmes de terror adolescente devido a morte da garota no início do filme, porém, a imagem se desfaz rapidamente para nos permitir enxergar seu verdadeiro teor: um suspense interessantíssimo muito bem construído que, entre outras coisas, conta a triste história de uma garota.

Quando o desconhecido bate a nossa porta o que podemos fazer? Não há adolescentes perturbados mentalmente com facas na mão ou assassinos seriais atrás de mais um pedaço de carne, mas sim uma força sobrenatural implacável que mata sem motivo aparente. Não há violência gratuita, muito menos sangue jorrando. Aliás, cada gota de sangue tem sua razão. É muito interessante o recurso que é utilizado: toda vez que os protagonistas estão perto da verdade, o sangue começa a escorrer de seus narizes, prenunciando a morte que está por vir.



A assustadora Samara

Imagem: http://media.adorocinema.com/media/film/images/1182/1244856302_chamado07.jpg

O trabalho bem feito com esta idéia da morte que está chegando e ninguém sabe como evitar é o grande suporte do filme. Todos sabemos que morreremos um dia. É nossa única certeza, mas não há datas ou horas marcadas. Mas e se soubéssemos do tal dia? Não faríamos de tudo para evitá-la? A busca desesperada de Rachel por uma solução para sua desgraça aliada ao seu arrependimento por ter visto a fita não seria nada sem um bom suporte técnico.

Aí entram os excelentes trabalhados de som e fotografia. A trilha sonora é boa, principalmente, por empregar um som específico para o áudio da fita. Quer dizer, mesmo sem ver, sabemos que a fita está sendo rodada e mais alguém está a um passo de receber mais um telefonema. E as cores todas voltadas para o cinza imprimem mais teor mórbido ao filme.

É óbvio que há sempre as perguntinhas do tipo “mas se eu assistir a fita num local onde não há telefone?” ou “morreremos em sete dias?” (há uma cena no filme que mostra ao espectador o conteúdo do VHS maldito). Mas trata-se apenas de um filme e nos deixando levar pelo clima, podemos curtir um entretenimento de primeira.

Eu só não entendo como uma mulher linda como Rachel e um cara como Noah (Martin Henderson), que não posso dizer que é feio, teriam um filho como Aidan (David Dorfman) que de tão assustador, em alguns momentos, torna-se mais sinistro que a misteriosa Samara Morgan.

O que muita gente não sabe é que o sucesso de O Chamado nos EUA não foi uma surpresa, pois trata-se de uma refilmagem de um filme japonês do diretor Hideo Nakata, chamado Ringu, que também fez grande sucesso. Ringu teve uma seqüência simultânea, no Japão, chamada Rasen, que foi um fiasco, e outra mais adiante que ignorava os acontecimentos de Rasen, intitulada Ringu 2. O fracasso se repetiu. O problema de ambas as seqüências é que elas ofereciam explicações pseudo-científicas para os fenômenos sobrenaturais que envolviam a fita. Ou seja, as tais explicações se perdiam tentando explicar justamente a graça do filme original que era o inexplicável.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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