quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Constantine



Pôster do filme

Imagem: http://worldsofimagination.com/404px-Constantine_Poster.jpg

“Deus e o Diabo fizeram uma aposta pela sua alma”. É desta forma que Jonh Constantine (Keanu Reeves) resume o mundo surreal em que vive. Onde as duas forças supremas, o Paraíso e o Inferno, buscam por almas instigando o livre-arbítrio humano a cometerem o bem ou o mal e, desta forma, decidirem seu destino e o resultado desse jogo divino.

Baseado nas histórias em quadrinhos Hellblazer, o filme narra a saga de Jonh Constantine, um homem que literalmente foi ao inferno e voltou, quando tentou se suicidar na infância. Ao descobrir como era o inferno, o protagonista percebeu que o lugar era o último que ele desejaria permanecer durante toda a eternidade (o suicídio é um pecado gravíssimo para um católico por isso ele foi parar em meio ao enxofre). Para conquistar sua redenção, o homem tornou-se um ocultista que caça demônios para enviá-los de volta de onde vieram.

Na trama do filme, Constantine conhece Angela Dodson (Rachel Weisz), uma policial (e católica fervorosa) que está investigando o suposto suicídio da irmã gêmea. A dupla logo descobrirá que algo estranho e grandioso está para acontecer em nosso plano de existência que poderá colocar todo o equilíbrio entre o bem e o mal em xeque.

Particularmente, não esperava nada de um filme sobre um personagem que aparecia nas histórias que li apenas como coadjuvante (ele é um dos mentores de Tim Hunter na mini-série Livros da Magia, de Neil Gaiman).

Mas pelo pouco que conheço sobre o personagem, reconheço seu estilo de anti-herói clássico e isso está muito bem retratado no filme. O que é muito curioso, pois o comportamento “que se dane o mundo inteiro” de Contantine cai como uma luva para Keanu Reeves e sua limitação como ator. Convenhamos, Reeves pode ser carismático e fazer caras e bocas, mas está longe, muito longe de ser um bom ator. Então, transportar esse sentimento de “eu não sou um bom ator. E daí? Que se dane” para o personagem garante ao protagonista um charme inesperado.

E isso tudo apesar das inúmeras alterações feitas sobre a obra original. O Constantine das HQs é londrino e loiro e o do filme americano e moreno. E até o nome da obra Hellblazer foi deixado de lado para evitar confusões com o filme Hellraiser.



Keanu em mais um papel que não exige tanta "expressividade"

Imagem: http://blocosete.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/03/constantine.jpg


O filme possui outra curiosidade: está na lista dos filmes bons que possuem um trailer medíocre. A prévia do filme é totalmente sem graça e dá a impressão de que o filme é uma saraivada de efeitos visuais e especiais e nada muito além disso.

Na verdade, os efeitos são usados com parcimônia e muita competência pelos produtores. As cenas no inferno são interessantes mesmo com cenários gerados integralmente por computador (bem diferente de Spawn).

A trama é bem amarrada e seu desfecho possui passagens memoráveis. A cena de Constantine mostrando o “dedo médio” para o senhor do inferno é impagável. Já vale o ingresso. Fora a fotografia muito bem empregada lembra bastante a fumaça do cigarro do ocultista.

Respondendo ao meu “temor”, sim, Constantine se sustenta. O protagonista sozinho garante bons momentos. Ele sabe que Deus existe, mas não acredita nele. Ele tem câncer, mas fuma como um condenado. Paradoxal ao extremo.

Mas um personagem bom não faz uma boa trama sozinho. A película é interessante pelos personagens coadjuvantes também. Destaques mais que merecidos para Tilda Swinton como Gabriel e Peter Stormare como o Satã.

E como todo bom filme com uma “veia religiosa”, conceitos interessantes são explanados, mas não engane-se apesar dos elogios, Constantine não é perfeito. E está distante de ser um dos melhores filmes dentro da temática que aborda. Mas é um bom filme e seus realizadores terão problemas, caso decidam fazer uma seqüência, de produzir um novo capítulo que supere o original.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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