sábado, 20 de novembro de 2010

Harry Potter e o Cálice de Fogo



Pôster do filme

Imagem: http://img.movieberry.com/static/photos/767/poster.jpg

O diretor Mike Newell imprimiu novo fôlego a série Harry Potter no cinema. Assim como nos livros, a partir da quarta parte da saga, é impossível classificar a história do menino sobreviveu como infantil. O novo filme apresenta novos desafios e experiências, mas alguns velhos erros permanecem como uma maldição que nos fazem questionar a validade dos filmes como produtos culturais.

Alfonso Cuarón, o diretor do terceiro filme, não foi o único que conseguiu transportar um pouco da verve de J. K. Rowling presente nos livros para o cinema. Mike Newell, diretor de Harry Potter e o Cálice de Fogo, também conseguiu essa proeza. O quarto filme de Harry Potter não só é capaz de mostrar como é o dia-a-dia em Hogwarts como também aproveita muito bem alguns personagens secundários que não tiveram chance no passado (finalmente, os Gêmeos Weasley possuem mais do que uma ou duas falas).

O Cálice de Fogo deixa a infância e inocência definitivamente para trás, carrega ainda mais os tons acinzentados do excelente terceiro longa-metragem – tornando o que anteriormente era suspense, em puro terror – e revela o que, de fato, é ser um bruxo ruim.

A trama mostra Harry Potter de volta ao cotidiano de sua fabulosa escola de magias, Hogwarts, para, desta vez, participar de um torneio contra outras escolas mágicas. Porém, o maior perigo que espreita Potter não são as dificílimas provas do torneio, mas o iminente retorno de seu mais terrível inimigo: Lord Voldemort.

O filme é muito feliz no sentido de criar sensações na platéia. Alguns sustos são garantidos, a ansiedade anterior a cada prova do torneio toma conta da tela, os conflitos amorosos entre os personagens adolescentes nos fazem rir e a cena de Voldemort é sinônima de medo.




Capa do livro no qual o filme é inspirado

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsC9lqkOQe_g_T28iH7m2vtmRWEasSRjxu2M1v2KnKMEUzp1K4uDLKw8zTfuq0dikL-xLFFvC0reb1SjbtliSrTgR7FZ0axMF6joqmORZYl7LOVGNS6UFukV5rcvAprEoQYPOKW3ZM0ziX/s1600/Harry+Potter+and+the+Goblet+of+Fire+by+J+K+Rowling.jpg

Porém, apesar de tantas qualidades, infelizmente aquela sensação chata de que as coisas estão acontecendo mais rápido do que deveriam, que os atores interpretam em tom apressado como se o diretor fosse aparecer em cena para dizer que o tempo estourou está lá. E isso compromete não apenas as cenas mais interessantes, como nos fazem questionar o produto Harry Potter no cinema como um todo.

Veja bem, não é crítica de fã chato. Sou fã sim, mas não pertenço a leva de fãs arrebatados com o lançamento dos filmes no cinema. Eu já havia lido os três primeiros livros quando anunciaram o interesse da Warner Bros. em levar a série para o cinema. Minha crítica é ao produto como filme.

Não é segredo que uma adaptação necessite aparar arestas. É óbvio que nem todas as passagens do livro podem ter sua vez no cinema. O livro mesmo possui excessos. Se os diretores fizessem algo assim o filme teria mais de 9 horas de duração! Dizer que o “filme cortou mais da metade do livro” é crítica de fã chato.

Minha preocupação é para com o entendimento da trama pelo grande público. Ok. Livros e filmes se completam. Mas é justo com os não-leitores do livro oferecer um filme que deixa várias coisas no ar? É justo pagar por um ingresso para entender apenas a metade do filme, já que para entender a outra metade faz-se necessário possuir um pré-conhecimento dos livros?

Estes filmes da Warner nada mais são que grandes propagandas dos livros? Eles são um ótimo entretenimento, mas quem deseja realmente compreender a trama terá de recorrer aos livros. Não deixa de ser uma grande sacanagem, não é? Além do tom apressado, temos informações em excesso despejadas em poucos segundos e mesmo assim muita coisa fica de fora.

Mais do que fiel a um livro ou divertido, um filme precisa ser um produto que sustente-se por si só. Chegamos a quarta parte da saga e este conflito permanece, não creio mais que possa ser algo resolvido nos futuros longas-metragens. É fato consumado que quem não leu os livros, não compreenderá os filmes em sua totalidade. Então, se você gostou do que viu, parta para a leitura, pois apenas desta maneira, compreenderá a trama por completo.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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