terça-feira, 16 de novembro de 2010

Procura-se Amy



Um dos cartazes da produção

Imagem: http://www.buscafilme.com.br/wp-content/uploads/2010/09/procura-se-amy.jpg


Holden MacNeil (Ben Affleck) é um desenhista em ascensão que apaixona-se pela bela Alyssa Jones (Joey Lauren Adams), a roteirista de uma história em quadrinhos pouco conhecida. Holden está disposto a tudo para conquistá-la, entretanto, esse romance pode ser bem mais difícil do que ele imagina, pois ela é lésbica. A partir de uma inusitada história de amor, este filme de Kevin Smith discorre sobre o amor, amizade, preconceito, padrões e o sexo em toda sua extensão.

Procura-se Amy não é uma história de amor simplesmente, é uma história sobre relacionamentos humanos. Em diversos sentidos. A situação inusitada em que os personagens principais se encontram é o estopim para discussões interessantíssimas sobre o que consideramos amor e sexo e os padrões da sociedade que, de tão difundidos, nos fazem preconceituosos sem percebermos.

Os diálogos inspirados de Kevin Smith são precisos para nos provocar e nos fazer refletir sobre o que é normal ou convencional. Aliás, termos bem discutíveis. O que fazemos de nossas vidas é apenas conseqüência do que disseram que era certo para nós durante a infância, ou seja, valores estabelecidos pela sociedade ou decisões que tomamos sem a influência de ninguém? A resposta parece ser óbvia, mas não tão simples de ser respondida.

A discussão do filme é tão provocante porque ataca justamente os jovens que, na década de 90, achavam-se entendidos de sexo ou pessoas descoladas que toleravam qualquer coisa cujo preconceito estava longe de ser um de seus defeitos. Na película, o personagem principal é um destes jovens que não entendem como duas mulheres podem fazer sexo ou que considera o sexo algo estritamente físico.



O diretor nerd Kevin Smith

Imagem: http://pautalivrenews.com.br/wp-content/2009/04/2009/09/67135.jpg


Bem distante da imagem que essa juventude possa querer ostentar, na realidade, ela é preconceituosa até sem querer, ainda precisa abrir muito mais a sua mente e compreender que sexo e amor são coisas bem distintas embora estejam interligadas.

Fora a discussão sobre a temática principal do filme que renderia páginas e mais páginas, o filme traz como pano de fundo um pouco sobre o mundo das histórias em quadrinhos. E alguns diálogos são engraçadíssimos como o que abre o filme sobre o trabalho de uma arte-finalista (o profissional que passa nanquim sobre a arte do desenhista dando mais profundidade e forma ao desenho a lápis) que um fã teima em não acreditar que aquele artista ganhe para “passar tinta por cima do desenho”. Todo arte-finalista deve escutar isso.

Outras conversas divertidas são travadas sobre a sexualidade de determinados personagens das HQs ou de mensagens subliminares escondidas em alguns ícones da cultura pop (você nunca deve ter imaginado Star Wars da forma como é apresentada no filme). Mas isso tudo é recheio, a temática principal nunca deixa de ser o debate sobre o verdadeiro sentido do amor. O que é mais importante? Quem ou como amamos?

Antes que esqueça, não há nenhuma personagem chamada Amy na trama. “Procura-se Amy” é uma metáfora criada por Silent Bob (interpretado pelo próprio Kevin Smith) que resolve falar e dar uma pequena aula sobre as escolhas erradas que podemos tomar quando amamos. Se a metáfora fosse explicada aqui, todo o filme perderia sua magia.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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