terça-feira, 23 de novembro de 2010

Peixe Grande



Um dos cartazes da produão

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpundtBI0SSnLJFQrLk6USyZXjnO2fnD3OscWjcpQRnqf4P9IlJKuF7Py1QRcDY3KAxhXYLw9GuBE5E4YO75rkFAi33PujBXG80ZgZC-5sIGC4PMqZIr8LkCelU8NcyWhQHU2AU-RT72E/s1600/bigfish_02.jpg



A verdade e a mentira são como o bem e o mal: não existem desconectados um do outro. Quem nunca participou daquela brincadeira “telefone sem fio” em que os participantes contam uns aos outros a mesma história, mas ao seu término o conto final possui diferenças significativas com o inicial? Na realidade, o mesmo acontece quando uma anedota é passada adiante. Cada um possui uma maneira de contar uma história para torná-la mais interessante.

Até mesmo jornalisticamente falando é assim. Por mais objetivo que o repórter seja, ele faz escolhas quando produz seu texto. Dá voz a determinadas fontes, escreve sobre o ocorrido de uma maneira particular e, obviamente, sua opinião pessoal está embutido no texto. Mesmo que isso não seja perceptível.

As histórias maravilhosas de Peixe Grande não são notas jornalísticas, mas fatos que aconteceram durante a vida de Ed Bloom (Albert Finney e Ewan McGregor). Ele possui uma maneira toda especial de narrar suas sagas para seu filho Will Bloom (Billy Crudup). Porém, o jovem fica frustrado com as narrativas do seu pai por considerá-las todas inverdades. Quando Will descobre que o pai está com problemas de saúde, ele decide descobrir quem realmente foi Ed Bloom e as histórias reais por trás das sagas fantásticas que ele tanto ouvira quando criança.

Peixe Grande é um filme maravilhoso por tratar de um assunto atemporal e essencialmente humano: a vida e o poder de nossa imaginação. A vida, por si só, pode ser triste e vazia aos olhos de um pessimista ou cético que a encara friamente em busca de um sentido para ela. Porém, para alguém com imaginação e que saiba aproveitá-la ela é a mais fantástica das aventuras. E isso será perceptível quando esse alguém narrar suas crônicas. Ele engrandecerá os fatos e suas narrativas serão tão instigantes que permanecerão vívidas na mente de seus ouvintes por muito tempo.



O gigante é um dos personagens principais das narrativas do protagonista

Imagem: http://gnout.files.wordpress.com/2009/07/big-fish.jpg

Ed Bloom é esse alguém. Ele não conta mentiras, apenas enaltece os pontos mais relevantes de suas memórias para tornar suas narrativas mais atraentes. E isso fascina como toda grande história que escutamos. É como mitologia, lendas ou contos de fadas.

Não estou afirmando que os deuses gregos caminharam sobre a Terra ou que a Branca de Neve realmente existiu. Acontece que eles podem ter sido inspirados em pessoas reais. Uma mulher muito bonita pode ter levado um poeta a criar uma canção sobre uma deusa da beleza. De seres humanos como quaisquer outros, com o tempo, tornaram-se lendas a medida em que a narrativa foi sendo passada oralmente de geração em geração.

Agora, una toda essa magia que o filme possui com uma bela trilha sonora, uma fotografia cuidadosa e atuações precisas – com destaque para Ewan Mcgregor que representa o típico herói de narrativas fantásticas: inocente, esperto, corajoso e aventureiro. Não há como ser um filme ruim. A película faz jus ao seu slogan... “um filme tão maravilhoso quanto a própria vida”.


Texto originalmente publicado no site
Raciocínio Rápido.

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