terça-feira, 9 de novembro de 2010

A Identidade Bourne



Cartaz do filme

Imagem: http://www.omelete.com.br/imagens/cinema/news/posters/identidade_bourne.jpg


Estavam em falta bons filmes de espionagem em Hollywood. Os espiões, personagens sempre tão charmosos na literatura que dependem mais do cérebro do que dos músculos em suas tramas, vivem no cinema aventuras cada vez mais físicas e cheias de ação desenfreada cujas resoluções são facilmente alcançadas por meio de socos e pontapés. Quando Jason Bourne aparece na tela em A Identidade Bourne podemos acreditar que ainda exista esperança para o gênero.

Baseado no romance homônimo de Robert Ludlum o filme narra a história de um agente secreto que não sabe quem é ou se lembra de sua última missão. Sua memória mais antiga é a primeira cena do filme, ou seja, tanto personagem quanto espectadores ficam desnorteados. O filme começa com Jason sendo resgatado por um grupo de pescadores quando boiava no mar desacordado e baleado. Em busca de respostas, segue sua única pista: o número de uma conta de banco que estava armazenada em uma pequena lanterna implantada cirurgicamente em sua cintura(!).

E descobre que é uma máquina de combate que não sabe como saber fazer o que faz. Apenas o faz. Quando abordado por policiais, Bourne sabe se defender como ninguém. Quando entra em um local, ele procura as saídas mais próximas. E ainda sabe falar diversos idiomas. É como se seu cérebro trabalhasse contra sua vontade. Por rápidos flashes descobrirá que falhou em uma missão. Mas que missão era essa? Quem são seus chefes que não admitem falhas e agora querem eliminá-lo? Bourne precisa viver para encontrar as respostas.

Diferente de 007, mais preocupado em ser cool e disparar “Bond, James Bond” para lá e para cá (o que não faz muito sentido para um agente secreto ficar dizendo seu verdadeiro nome para qualquer um), ou Missão Impossível, cujas revelações surpreendentes se resumem aquelas ridículas máscaras de borracha que escondem a verdadeira identidade do agente, A Identidade Bourne, mostra um mundo de espionagem mais próximo do real.




Bourne em ação

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG5orJm5VkipnjxR7pLhPsabsuYYix61RBo_wGmlPjrTLEdkOQnFaKnlGnsQfqwJq6JKZEPWxid87mIp-olpttguWwGWCDnk1VyMtTijfTWuwyMIn1QBOo_JWGZTiWRt0qTJ5a3qrVsegX/s400/jason-bourne-picture.jpg


Bourne não confia em ninguém. Ao invés de máscaras, possui inúmeras identidades. Como espião, ele apenas se torna invisível para não ser encontrado evitando as rotas mais previsíveis enquanto segue em sua jornada pela Europa. E o perigo, de fato, o espreita a todo momento.

Muito do que Jason Bourne é na tela deve-se a interpretação competente de Matt Damon que não é um declarado ator de filmes de ação. Ele é mais dramático. E isso é fundamental para um personagem que se expressa mais por um olhar do que através de palavras. E Franka Potente (Corra, Lola Corra) não interpreta uma “Bourne girl”, mas uma civil sem rumos na vida que é pega no meio do fogo cruzado.

Somando este elenco ao diretor Doug Liman (que sempre filma as cenas de seus filmes), temos um filme hollywoodiano diferente da maioria de Hollywood. Não há explosões grandiosas. Não há ação sem necessidade e a câmera se mexe tanto quanto o protagonista se move pela Europa.

É um filme mais intimista que se foca bem mais nos fortes personagens que apresenta do que nos grandiosos feitos que Bourne ou seus rivais podem executar.

Em 2004, chegou aos cinemas a seqüência intitulada A Supremacia Bourne que parece manter o nível da produção original. A obra de Ludlum é composta por três volumes, fica a torcida para filmarem também O Ultimato de Bourne.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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